São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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Brasil não vira Argentina, diz FMI

DA REDAÇÃO

A vice-diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, afirmou que não faz sentido comparar o Brasil à Argentina. Segundo a economista, a política macroeconômica brasileira é sólida e coerente e não há o risco de o país sofrer uma crise semelhante à do vizinho.
Krueger disse ainda, durante uma conferência na Universidade Georgetown (EUA), na noite de quinta-feira, que não são corretas as análises e especulações que apontam o Brasil como condenado à moratória da dívida externa.
"Com base no superávit primário, nas taxas de juros que o país deverá enfrentar e nas taxas de crescimento, as variáveis da política macroeconômica foram e são coerentes com uma dívida sustentável e decrescente no futuro", afirmou a diretora do Fundo.
"Na Argentina, há uma situação de queda na produção. Está caindo porque as políticas adotadas anteriormente simplesmente não podiam ser sustentadas", afirmou Krueger. "A questão não é se as políticas antigas podem ser mantidas, porque a resposta é não."
A diretora do Fundo confirmou também que são "reais" as possibilidade de um acordo com os argentinos ser assinado nas próximas duas ou três semanas.
"Enviamos a eles o rascunho de uma carta de intenções que consideramos que foi negociada, e, se eles concordarem com ela, estaremos lá", disse a economista. "Ainda há questões importantes, mas elas podem ser solucionadas."
Uma missão argentina, chefiada pelo secretário das Finanças, Guillermo Nielsen, viajará amanhã a Washington na tentativa de dar fins às últimas arestas entre o Fundo e o governo. No meio da semana, o ministro da Economia, Roberto Lavagna, também se unirá aos negociadores.

"Estupidez"
O diretor do Federal Reserve de Nova York, William McDonough, disse ontem que é "estupidez" os investidores internacionais fugirem do Brasil caso o país decida eleger um presidente "comprometido com a justiça social". McDonough pediu que os investidores sejam pacientes com o país nas próximas semanas.
"Há muita choradeira e ranger de dentes, muita estupidez neste país [os EUA] e em outros desenvolvidos, a respeito do que ocorreria se os brasileiros decidirem, democraticamente, ter um presidente que acredita um pouco mais na justiça social", disse.
Para o diretor do Fed, que já havia comparado Luiz Inácio Lula da Silva ao ex-presidente dos EUA Bill Clinton, uma turbulência mais séria no Brasil ecoaria em todo o continente.
"Se os investidores forem estúpidos e disserem "Vamos reduzir nossa exposição ao Brasil", não vai funcionar. Nenhum país pode suportar uma fuga de capitais, incluindo este país", disse McDonough, referindo-se aos EUA.


Com agências internacionais

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