São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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PREÇOS

Dólar faz Ambev, que tem 69% do mercado com as marcas Skol, Brahma e Antarctica, reajustar a tabela em 10%

Cerveja já custa mais caro desde ontem

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois da Kaiser e da Cintra, chegou a vez da AmBev, dona das marcas Skol, Brahma e Antarctica, subir o preço da cerveja a menos de dois meses do início do verão. O aumento será de 10% para todas as marcas e começou a ser praticado ontem pela companhia para a venda ao varejo. Ninguém da empresa, com 69% de participação de mercado, se pronunciou sobre o assunto.
A Cintra já prepara um novo reajuste para novembro. Em setembro, a elevação foi de 6%. "Estamos estudando uma outra correção. No total, o aumento deve variar de 10% a 12%", diz André Andrade, superintendente da companhia.
O consumidor ainda pode encontrar a bebida da Ambev pelos valores antigos em locais onde há estoque de mercadorias compradas com base na tabela de preços anterior ao aumento. Mas isso não deve durar muito: bares e restaurantes têm estoque para entre 10 e 15 dias. Os supermercados, entre 20 e 30 dias.
Com a escalada do dólar desde o início de maio -nos últimos seis meses a moeda americana sofreu valorização de 56%-o custo de produção das companhias disparou. Na cerveja em lata, por exemplo, 60% de seu custo é atrelado ao dólar. No caso da cerveja em garrafa, a taxa varia de 40% a 50%, informam Cintra e Ambev.
Isso porque a cevada, o alumínio e o vidro, usado na produção, são cotados em moeda estrangeira. Quando a cotação dispara, a empresa paga mais pelo insumo.
A decisão de aumento de 10% coloca ponto final numa das negociações para reajustes mais difíceis desde a subida do dólar. Redes varejistas e fabricantes já tinham definido a remarcação de preço de alguns itens na área de alimentos, higiene e limpeza. Mas no caso das cervejas, as conversas estavam enroladas -duraram quase dois meses.
Os supermercados não aceitavam o aumento e as empresas diziam que a elevação era inevitável. Ou faltaria produto nas lojas. A Ambev afirmava que o último aumento havia sido em outubro do ano passado (12% de elevação) e, portanto, a pressão sobre os custos era elevada.
Os supermercados, por sua vez, batiam na tecla de que a demanda estava reprimida e novos aumentos só afastariam clientes das lojas. "Se o mercado se retrair mesmo e não vendermos, paciência. Vai se fazer o quê?", diz Andrade.

Cerveja "sem bafo"
Além de aumentar os preços, a Ambev ainda lançou nesta semana uma cerveja com preço mais amargo. É a Skol Beats, com design semelhante ao das bebidas classificadas como "Ice" (aquelas vendidas com mistura de uísque e energéticos). O lançamento da Ambev tem preço sugerido de R$ 1,39 a R$ 1,59.
A companhia diz que a cerveja não deixa hálito nos consumidores. Apenas um "odor discreto".


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