São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

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RECEITA ORTODOXA

Analistas elevam previsão para reajustes de preços em 2005

Mercado vê inflação maior, apesar de aumento dos juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com o aumento dos juros promovido pelo Banco Central na semana passada, analistas de mercado continuam elevando suas projeções para a inflação.
Segundo pesquisa semanal feita pelo próprio BC entre cem especialistas, a expectativa é que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) tenha alta de 5,89% no próximo ano.
No levantamento anterior, a projeção estava em 5,81%, acima dos 5,1% fixados pelo BC como meta para o ano que vem. O pessimismo do mercado em relação ao cumprimento das metas de inflação é um dos motivos apontados pelo Banco Central, desde o mês passado, para a alta dos juros básicos da economia, atualmente em 16,75% ao ano.
Segundo a projeção média dos analistas consultados pelo BC, a taxa Selic deve encerrar 2004 em 17% ao ano. Há quem diga, porém, que os juros possam chegar até a 18% em dezembro. No mês passado, o BC havia informado que estava dando início a um "processo de ajuste moderado da taxa". Ainda não há sinais de que esse processo possa ter chegado ao fim com o aumento decidido na semana passada.
Se a expectativa de inflação se mantém em alta, as projeções relativas ao crescimento da economia já começam a recuar. Pela pesquisa, a estimativa do mercado é que o PIB (Produto Interno Bruto) registre expansão de 3,5% em 2005 -o último levantamento apontava para 3,6%.
Para este ano, as perspectivas são mais otimistas. A projeção de crescimento passou de 4,53% para 4,56%, enquanto a estimativa de inflação ficou praticamente estável, ao passar de 7,16% para 7,18% -a meta do governo é de 5,5%, admitindo-se um desvio de até 2,5 pontos percentuais.
"A elevação nas previsões de inflação para o próximo ano reflete a preocupação do mercado com o movimento de alta do petróleo no exterior. Os combustíveis devem acabar por sofrer novo reajuste internamente, o que é negativo para a inflação", afirma o economista-chefe da Gap Asset Management, Alexandre Maia.
Economistas e analistas financeiros afirmam que aguardam a divulgação da ata da reunião do Copom para refazer suas previsões. Na quinta-feira, será divulgada a ata, que trará justificativas para a última elevação da Selic.
Para Rodrigo Boulos, economista do banco Santos, a divulgação na próxima segunda-feira da pesquisa semanal do BC -o boletim Focus- poderá deixar mais claro o alcance da atual política de elevação de juros do BC.
"Se no próximo Focus as projeções para o IPCA seguirem em alta, o mercado poderá reagir negativamente. Um movimento desses poderá reforçar o atual aperto promovido pelo BC", diz Boulos. (NEY HAYASHI DA CRUZ E FABRICIO VIEIRA)


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