|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RECEITA ORTODOXA
Analistas elevam previsão para reajustes de preços em 2005
Mercado vê inflação maior, apesar de aumento dos juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com o aumento dos juros promovido pelo Banco Central na semana passada, analistas
de mercado continuam elevando
suas projeções para a inflação.
Segundo pesquisa semanal feita
pelo próprio BC entre cem especialistas, a expectativa é que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) tenha alta de
5,89% no próximo ano.
No levantamento anterior, a
projeção estava em 5,81%, acima
dos 5,1% fixados pelo BC como
meta para o ano que vem. O pessimismo do mercado em relação ao
cumprimento das metas de inflação é um dos motivos apontados
pelo Banco Central, desde o mês
passado, para a alta dos juros básicos da economia, atualmente
em 16,75% ao ano.
Segundo a projeção média dos
analistas consultados pelo BC, a
taxa Selic deve encerrar 2004 em
17% ao ano. Há quem diga, porém, que os juros possam chegar
até a 18% em dezembro. No mês
passado, o BC havia informado
que estava dando início a um
"processo de ajuste moderado da
taxa". Ainda não há sinais de que
esse processo possa ter chegado
ao fim com o aumento decidido
na semana passada.
Se a expectativa de inflação se
mantém em alta, as projeções relativas ao crescimento da economia já começam a recuar. Pela
pesquisa, a estimativa do mercado é que o PIB (Produto Interno
Bruto) registre expansão de 3,5%
em 2005 -o último levantamento apontava para 3,6%.
Para este ano, as perspectivas
são mais otimistas. A projeção de
crescimento passou de 4,53% para 4,56%, enquanto a estimativa
de inflação ficou praticamente estável, ao passar de 7,16% para
7,18% -a meta do governo é de
5,5%, admitindo-se um desvio de
até 2,5 pontos percentuais.
"A elevação nas previsões de inflação para o próximo ano reflete
a preocupação do mercado com o
movimento de alta do petróleo no
exterior. Os combustíveis devem
acabar por sofrer novo reajuste
internamente, o que é negativo
para a inflação", afirma o economista-chefe da Gap Asset Management, Alexandre Maia.
Economistas e analistas financeiros afirmam que aguardam a
divulgação da ata da reunião do
Copom para refazer suas previsões. Na quinta-feira, será divulgada a ata, que trará justificativas
para a última elevação da Selic.
Para Rodrigo Boulos, economista do banco Santos, a divulgação na próxima segunda-feira da
pesquisa semanal do BC -o boletim Focus- poderá deixar mais
claro o alcance da atual política de
elevação de juros do BC.
"Se no próximo Focus as projeções para o IPCA seguirem em alta, o mercado poderá reagir negativamente. Um movimento desses poderá reforçar o atual aperto
promovido pelo BC", diz Boulos.
(NEY HAYASHI DA CRUZ E FABRICIO VIEIRA)
Texto Anterior: Luís Nassif: As mágicas simplificadoras Próximo Texto: Maria da Conceição ataca diretoria do BC Índice
|