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COMUNICAÇÃO
Setor privado diz que proposta do governo é mudança de regra
Idéia de satélite "público" é criticada
HUMBERTO MEDINA
ENVIADO ESPECIAL À FLORIANÓPOLIS
A intenção do governo brasileiro de lançar um satélite geostacionário (parado em relação à Terra)
próprio enfrenta resistência das
operadoras privadas do setor.
A Hispamar (empresa da espanhola Hispasat com a Telemar)
fala em mudança de regras do jogo e avalia que as companhias do
setor podem oferecer os serviços
desejados pelo governo. Os estudos do governo sobre a viabilidade de construir e lançar um satélite próprio devem ficar prontos até
o final do mês.
A Hispamar é uma das empresas que participaram de licitações
feitas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para
posições orbitais brasileiras. A
empresa tem três satélites nessas
posições, que foram lançados entre 2000 e 2004, e já investiu aproximadamente R$ 1 bilhão no país.
"Vejo com preocupação [a idéia
de o governo lançar um satélite
próprio] porque é uma mudança
das regras. O setor privado pode
oferecer os serviços que o governo
quer", disse Pedro Dominguez Bidagor, presidente da Hispamar,
durante evento do setor de telecomunicações.
"Na minha opinião, não faz sentido o governo investir US$ 600
milhões para lançar um satélite",
afirmou.
Por trás da disputa está a utilização dos recursos do Fust (Fundo
de Universalização dos Serviços
de Telecomunicação), que tem
saldo de aproximadamente R$ 3
bilhões e que servirá para financiar a instalação de um serviço semelhante ao acesso a internet em
alta velocidade em escolas e bibliotecas públicas. O fundo é
mantido com 1% da receita operacional bruta das empresas do
setor de telecomunicações.
O governo deverá licitar um novo serviço (SCD -Serviço de Comunicação Digital) para a utilização do Fust. As operadoras de satélite avaliam que as metas contratuais de universalização (instalação de pontos de acesso ao novo
serviço) deverão ser alcançadas
com o uso de transmissão de dados via satélite.
De acordo com Nelson Cabral,
assessor da presidência da Anatel,
o satélite brasileiro poderá ou não
usar um determinada faixa de freqüência (canal de comunicação)
que permita o uso para aplicações
previstas no SCD, mas isso ainda
não foi definido. "Os estudos devem ficar prontos neste mês", disse. A decisão de fazer o satélite ou
não é do presidente da República.
"O satélite nacional será usado
para controle de tráfego aéreo e
previsão meteorológica. Nessas
faixas de freqüência, não concorre com as operadoras privadas",
disse. Segundo ele, haveria concorrência em outras duas aplicações do satélite nacional: comunicação militar (banda X, hoje operada pela Star One, empresa da
Embratel) e a faixa de freqüência
que é usada para TV por assinatura (banda Ku), hoje operada por
empresas privadas e que poderia
ser usada no SCD.
"As empresas investiram nessa
faixa de freqüência, querendo
prestar o serviço. O governo ainda
não decidiu se o seu satélite terá
essa possibilidade", disse Cabral.
O jornalista Humberto Medina viajou a
Florianópolis a convite da Futurecom
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