São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Bancos brasileiros são os menos alavancados do mundo

Apesar de os ativos brasileiros estarem entre os mais atingidos pela crise, o sistema bancário do país é o menos alavancado do mundo. A análise é de Octavio de Barros, diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, a partir de dados sobre crédito, ativos e patrimônio líquido de bancos nacionais e internacionais.
Enquanto bancos indianos e chineses possuem crédito alavancado em 9,5 e 8,8 vezes os seus patrimônios, o Brasil está em último na lista de emergentes feita por Barros, com alavancagem de crédito de 5 vezes o patrimônio. Entre os países ricos, a alavancagem do crédito é ainda maior. Os bancos da Alemanha, por exemplo, possuem crédito alavancado em 20 vezes os seus patrimônios.
Para Barros, a baixa alavancagem das instituições financeiras brasileiras se explica pela convivência com as altas taxas de inflação nas últimas décadas. "A principal mancha na história econômica do Brasil, a inflação, gerou um comportamento conservador ao extremo no sistema bancário, que por muitos anos viu parte relevante de seus lucros sendo originados de atividades não creditícias."
Mesmo após a estabilização dos preços, que fez com que o crédito acompanhasse o crescimento do PIB, os bancos preservaram o caráter conservador do sistema, diz Barros.
O Brasil encerrou o ano passado com índice de Basiléia de 17,6% -superior à exigência do Banco Central de 11% e dos 8% determinado pelo acordo internacional.
"Nesse quesito, o sistema bancário brasileiro supera o dos demais Brics e de outros países relevantes como México, Chile e Hungria", compara Octavio de Barros. O índice de Basiléia de China, Índia e Rússia é de 4,9%, 8,4% e 16%, respectivamente.
Com cerca de 11% dos passivos em moeda estrangeira, o Brasil dispõe de uma proporção menor do que a média de 34% de uma lista de 140 países feita pelo Banco Mundial. A presença de bancos estrangeiros no país também é menor que a média -20% ante 45%.
Para Barros, esse conjunto de critérios prova que "o sistema bancário brasileiro está muito bem posicionado, é sólido e possui baixa alavancagem".

NO VERMELHO
As empresas brasileiras de capital aberto sentem diretamente a força da crise global. De todas as companhias listadas no índice Ibovespa, que reúne as 66 ações mais negociadas, apenas quatro estão no positivo neste ano: a Telesp (21%), a Nossa Caixa (18,4%), a Cia de Transmissão Paulista (12,9%) e a Natura (7,7%). A lanterninha foi a construtora Rossi, com uma queda de 83,1%. Logo depois, vem a Gol e a Aracruz, com perdas de 82,5% e 82,3%. O levantamento é da Economática.

CONSCIÊNCIA
O prêmio Folha Top of Mind, principal prêmio de "brand awareness" (consciência de marca) do Brasil, anuncia, na terça-feira, as marcas mais lembradas pelo consumidor brasileiro neste ano. A cerimônia será realizada a partir das 19h30, no HSBC Brasil, em São Paulo. O evento, que será apresentado por Marília Gabriela, reunirá presidentes e diretores das maiores companhias e agências de publicidade do país. A metodologia de pesquisa e estatística é aplicada pelo Datafolha.

CRISE NA MESA

A crise já bateu às portas dos restaurantes da tradicional rua Amauri, no bairro Itaim, em SP. Casas como Dressing, Ecco e Parigi sentiram uma queda no movimento de 10% a 15% desde que o mercado entrou em turbulência. "Os clientes só falam da crise", diz Hélio Andrade, do Parigi. Além do movimento menor, a crise também trouxe custos maiores aos restaurantes com produtos importados. Denise Schirch, gerente do Forneria, diz que está negociando um volume maior e uma entrega fracionada para conseguir preços melhores com os fornecedores.

BALANÇO NA TAÇA

Para Ciro Lilla, dono da importadora Mistral, o que mais preocupa nesta crise não é o patamar do dólar. O que realmente atrapalha é a oscilação. A expectativa de Lilla é que o sobe-e-desce acabe logo e que o dólar estacione em cerca de R$ 2. "Nós já vendemos vinho com o dólar em R$ 3,70", diz. De acordo com o empresário, o patamar em que a moeda estava, em R$ 1,60, é que era "unanimemente considerado baixo demais". A importadora não cancelou a visita de produtores estrangeiros ao Brasil. Na última semana, a Mistral recebeu a italiana Emanuela Stucchi Prinetti, da vinícola Badia a Coltibuono, que veio pela primeira vez ao país para um jantar com harmonização de seus vinhos.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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