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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Bancos brasileiros são os menos alavancados do mundo
Apesar de os ativos brasileiros estarem entre os mais atingidos pela crise, o sistema bancário do país é o menos alavancado do mundo. A análise é de
Octavio de Barros, diretor de
pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, a partir de dados sobre crédito, ativos e patrimônio líquido de bancos nacionais e internacionais.
Enquanto bancos indianos e
chineses possuem crédito alavancado em 9,5 e 8,8 vezes os
seus patrimônios, o Brasil está
em último na lista de emergentes feita por Barros, com alavancagem de crédito de 5 vezes
o patrimônio. Entre os países
ricos, a alavancagem do crédito
é ainda maior. Os bancos da
Alemanha, por exemplo, possuem crédito alavancado em 20
vezes os seus patrimônios.
Para Barros, a baixa alavancagem das instituições financeiras brasileiras se explica pela convivência com as altas taxas de inflação nas últimas décadas. "A principal mancha na
história econômica do Brasil, a
inflação, gerou um comportamento conservador ao extremo
no sistema bancário, que por
muitos anos viu parte relevante
de seus lucros sendo originados
de atividades não creditícias."
Mesmo após a estabilização
dos preços, que fez com que o
crédito acompanhasse o crescimento do PIB, os bancos preservaram o caráter conservador do sistema, diz Barros.
O Brasil encerrou o ano passado com índice de Basiléia de
17,6% -superior à exigência do
Banco Central de 11% e dos 8%
determinado pelo acordo internacional.
"Nesse quesito, o sistema
bancário brasileiro supera o
dos demais Brics e de outros
países relevantes como México, Chile e Hungria", compara
Octavio de Barros. O índice de
Basiléia de China, Índia e Rússia é de 4,9%, 8,4% e 16%, respectivamente.
Com cerca de 11% dos passivos em moeda estrangeira, o
Brasil dispõe de uma proporção
menor do que a média de 34%
de uma lista de 140 países feita
pelo Banco Mundial. A presença de bancos estrangeiros no
país também é menor que a
média -20% ante 45%.
Para Barros, esse conjunto de
critérios prova que "o sistema
bancário brasileiro está muito
bem posicionado, é sólido e
possui baixa alavancagem".
NO VERMELHO
As empresas brasileiras de
capital aberto sentem diretamente a força da crise global. De todas as companhias
listadas no índice Ibovespa,
que reúne as 66 ações mais
negociadas, apenas quatro
estão no positivo neste ano:
a Telesp (21%), a Nossa Caixa (18,4%), a Cia de Transmissão Paulista (12,9%) e a
Natura (7,7%). A lanterninha foi a construtora Rossi,
com uma queda de 83,1%.
Logo depois, vem a Gol e a
Aracruz, com perdas de
82,5% e 82,3%. O levantamento é da Economática.
CONSCIÊNCIA
O prêmio Folha Top of
Mind, principal prêmio de
"brand awareness" (consciência de marca) do Brasil,
anuncia, na terça-feira, as
marcas mais lembradas pelo
consumidor brasileiro neste
ano. A cerimônia será realizada a partir das 19h30, no
HSBC Brasil, em São Paulo.
O evento, que será apresentado por Marília Gabriela,
reunirá presidentes e diretores das maiores companhias e agências de publicidade do país. A metodologia
de pesquisa e estatística é
aplicada pelo Datafolha.
CRISE NA MESA
A crise já bateu às portas dos restaurantes da tradicional rua Amauri, no bairro Itaim, em SP. Casas como Dressing, Ecco e Parigi sentiram uma queda no movimento de
10% a 15% desde que o mercado entrou em turbulência.
"Os clientes só falam da crise", diz Hélio Andrade, do Parigi. Além do movimento menor, a crise também trouxe custos maiores aos restaurantes com produtos importados. Denise Schirch, gerente do Forneria, diz que está negociando um volume maior e uma entrega fracionada para conseguir preços melhores com os fornecedores.
BALANÇO
NA TAÇA
Para Ciro Lilla, dono da
importadora Mistral, o
que mais preocupa nesta
crise não é o patamar do
dólar. O que realmente
atrapalha é a oscilação. A
expectativa de Lilla é que
o sobe-e-desce acabe logo
e que o dólar estacione
em cerca de R$ 2. "Nós já
vendemos vinho com o
dólar em R$ 3,70", diz. De
acordo com o empresário,
o patamar em que a moeda estava, em R$ 1,60, é
que era "unanimemente
considerado baixo demais". A importadora não
cancelou a visita de produtores estrangeiros ao
Brasil. Na última semana,
a Mistral recebeu a italiana Emanuela Stucchi Prinetti, da vinícola Badia a
Coltibuono, que veio pela
primeira vez ao país para
um jantar com harmonização de seus vinhos.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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