São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Preços dos imóveis não param de cair

DO ENVIADO ESPECIAL À CALIFÓRNIA

O estrago causado pelo setor imobiliário ainda está longe do fim na Califórnia. Em setembro, mais de 40% de todas as residências comercializadas na região da baía de São Francisco pertenciam a ex-mutuários que ficaram inadimplentes.
O comportamento do mercado local também é um indicativo de que os preços das residências no resto dos EUA ainda têm espaço para cair ainda mais, o que só piora a dimensão da atual crise.
Nas três principais cidades da Califórnia, Los Angeles, São Francisco e San Diego, os preços das casas caíram 30% em relação à média de 2006. Na média nacional, a queda ainda não chegou a 20%, segundo o índice S&P Case-Shiller, que acompanha duas dezenas de grandes cidades nos EUA. Nas menores, as quedas de preço são significativamente maiores.
"Tem sido um desafio e tanto viver nesse mercado", diz Katina Umpierre, corretora de imóveis há quase uma década na região de São Francisco. Umpierre afirma que o seu próprio imóvel, adquirido em 1998, vale hoje os mesmos US$ 189 mil pagos à época. "Há dois anos, valia quase US$ 500 mil."
A corretora Lloiden Gaza, baseada em Stockton, diz que começa a enxergar alguma luz no fim do túnel desse mercado. Segundo ela, Stockton tem hoje 2.482 imóveis à venda (um recorde) e a maioria de ex-mutuários inadimplentes.
"Mas, com os preços tão baixos, os compradores começam a aparecer", diz.
Segundo ela, só há dois tipos de cliente, os que pagam à vista e os que não têm dinheiro algum e se valem de uma linha federal de crédito que permite uma entrada de só 3% do valor do imóvel.
Outro problema em várias cidades com muitos imóveis retomados é que a maioria dos que perderam suas casas está indo para residências alugadas, criando bairros inteiros só de locatários, o que acaba desvalorizando ainda mais essas regiões.
Entre as medidas de resgate ao setor financeiro, começa a amadurecer a idéia de um plano para salvar mutuários inadimplentes. O candidato republicano John McCain, por exemplo, propôs linha de crédito de US$ 300 bilhões para eles, mas está em estudo algo mais modesto, de US$ 40 bilhões.
O grande problema não resolvido até agora é quem resgatar, pois a linha vai acabar ajudando não apenas pessoas que perderam seus empregos e que estavam financiando imóveis compatíveis com seus orçamentos, mas principalmente pessoas que não tinham a menor condição de comprar os imóveis que adquiriram. Nessa categoria está cerca de 1,5 milhão de norte-americanos.
Em muitos casos, a estratégia das imobiliárias é colocar os preços dos imóveis no mercado em níveis muito baixos, verdadeiras pechinchas, para atrair muitos compradores e, com isso, colocá-los em competição para subir os valores. (FCZ)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Colapso na Bolsa ameaça renda de aposentados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.