São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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Para China, pacotes de socorro ainda são insuficientes

No término da cúpula Ásia-Europa, Wen Jiabao elogia as medidas anunciadas, mas pede maior supervisão dos mercados

Nos EUA, Bush defende que práticas de livre mercado contribuem ao crescimento; pacote de socorro agora deve ajudar seguradoras


RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, disse ontem que os pacotes de resgate dos países desenvolvidos "ainda não são suficientes" para estabilizar o sistema financeiro e defendeu a supervisão das atividades financeiras para "maior segurança" do sistema.
"O desenvolvimento da economia fictícia deve ser equilibrado com a economia real para evitar que os problemas da fictícia afetem a real", disse em entrevista coletiva, no encerramento da 7ª Cúpula Ásia-Europa, realizada entre sexta e ontem na capital chinesa, com líderes de 45 países.
"Estamos contentes que tantos países tenham feito esforços e atingido alguns resultados para estabilizar os mercados, mas vemos que não é suficiente", comentou Wen.
Nas últimas semanas, governos europeus, como o britânico, o alemão e o francês, sem contar os EUA, anunciaram planos de resgate ao setor financeiro. As medidas vão da ampliação das garantias a depósitos bancários até injeção de capital nos bancos em dificuldades e compra de títulos "podres" (de má qualidade).
Wen frisou a importância de uma relação "harmoniosa e equilibrada" entre consumo e poupança, ou acumulação de riqueza, para manter em ordem a estabilidade econômica. E disse que a crise no crédito teve efeito limitado na China.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, presente à coletiva, disse que europeus e asiáticos devem chegar unidos e com consenso à cúpula global sobre a crise financeira em Washington, no próximo dia 15.
Nos EUA, o presidente George W. Bush expressou ontem visão semelhante em seu programa semanal de rádio. Segundo ele, será essencial que os governos consigam chegar a um acordo sobre princípios comuns na reforma de normas, a fim de evitar crises futuras.
Mas defendeu que os países que participarão da cúpula não abandonem o que classificou como "fundamentos do crescimento de longo prazo": a liberdade dos mercados, empresarial e no comércio exterior. A falta de regulamentação nos mercados é apontada como a maior causa da crise atual.

Socorro a seguradoras
O próximo passo da Casa Branca na crise deve ser estender às seguradoras o pacote de ajuda de US$ 700 bilhões (sem contar as desonerações previstas). Ontem, jornais americanos davam a medida como certa, em mais uma alteração desde a aprovação do pacote pelo Congresso, no início do mês.
A exemplo do que já ocorreu com bancos, seguradoras como a MetLife e a Prudential estão interessadas em vender parte de suas ações em troca de uma injeção de recursos, noticiou o "Wall Street Journal".


Com a Redação


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