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Governo cobra do varejo contrapartida para estender IPI
Mantega se reúne com setor para pedir que facilite crédito em troca de prorrogação do imposto menor para fogão e geladeira
Presidente Lula já manifestou seu apoio à prorrogação para que a população possa adquirir mais bens com o 13º salário
JULIANNA SOFIA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo pretende impor
condições ao setor varejista para renovar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)
reduzido para os produtos da linha branca, como geladeiras e
fogões.
O Ministério da Fazenda está
preocupado em baratear o crédito para o consumidor na
aquisição desses produtos e
pressionará os empresários
nesse sentido antes de anunciar uma provável prorrogação
do benefício tributário.
A Folha apurou que o tom
será de cobrança na reunião de
hoje entre o ministro Guido
Mantega (Fazenda) e a presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo, Luiza
Trajano (Magazine Luiza), para discutir o assunto. Outros
dirigentes do setor varejista
devem acompanhar a reunião.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tende a prorrogar a
redução do IPI.
Para o governo, as linhas de
crédito ao consumidor ainda
estão muito caras, demonstrando que o varejo não repassou integralmente à população
os efeitos do desconto do imposto.
Em conversas com interlocutores do governo, o setor varejista vem tentando se justificar, alegando que ainda sofre
com os efeitos do encarecimento do crédito por conta da
crise econômica que eclodiu no
Brasil no final do ano passado e
afetou mais diretamente o custo dos financiamentos.
Segundo assessores de Mantega, no encontro de hoje o ministro não deverá anunciar novidades em relação ao IPI. A
tendência, no entanto, é que o
governo decida até sexta-feira
pela prorrogação do IPI reduzido para a linha branca até o
final do ano.
O presidente disse à Folha
na última quarta-feira que tem
simpatia pela manutenção do
desconto, pois gostaria que a
população tivesse a "sensação
de ganho" ao gastar o 13º salário nas compras de Natal.
Até agora, o desconto no IPI
para a linha branca representou para a Receita Federal uma
perda de arrecadação de R$
264 milhões. Inicialmente, a
medida vigoraria apenas em
maio e junho, mas o governo
acabou estendendo o prazo até
ao menos o final de outubro.
Apelos
Na semana passada, na primeira reunião do Grupo de
Acompanhamento do Crescimento -que foi rebatizado de
Grupo para o Avanço da Competitividade-, Mantega ouviu
apelos de representantes das
entidades do varejo para renovação do IPI reduzido.
De acordo com relatos de
participantes do grupo, ao ministro foram apresentados dados sobre os efeitos da medida
na geração de empregos e no
aumento das vendas. Mantega
reconheceu que a desoneração
gerou efeitos positivos, mas
não sinalizou se haverá ou não
a prorrogação do benefício tributário.
Na reunião, os representantes do setor da construção civil
-que é beneficiado com a redução de IPI para material de
construção- ainda argumentaram que o setor trabalha com
tempo mais longo de maturação de seus projetos.
Assim, a não renovação do
imposto reduzido, alertaram,
poderá punir o programa habitacional Minha Casa, Minha
Vida, um dos principais do governo federal.
O governo já abriu mão da arrecadação de R$ 19,5 bilhões
neste ano por conta de desonerações tributárias com o intuito
de atenuar os efeitos da crise.
Só o setor automotivo foi beneficiado com R$ 4 bilhões em incentivos diretos à produção de
veículos.
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