São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 2002

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Fundação diz ter sido pressionada por acordo

DA SUCURSAL DO RIO

O Conselho Curador da FRB (Fundação Ruben Berta) declarou ontem, em nota divulgada, que o acordo com os credores foi elaborado pelo Conselho de Administração "inesperadamente", "à revelia" dos acionistas e que sofreu pressões para aceitá-lo.
"A Fundação Ruben Berta e a Varig foram submetidas a violentas pressões políticas e econômicas nos últimos meses. Por isso, decidiram dar um basta na intervenção branca a qual foram submetidas", diz a nota.
Segundo a FRB, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pressionou a entidade a assinar o acordo.
De acordo com a fundação, se tivesse aceito o acordo, a dívida de US$ 118 milhões -ou US$ 117 milhões, segundo os ex-integrantes do Conselho de Administração- seria cobrada da Varig poucos dias depois de assinado.
A FRB diz que o débito venceria no dia 30 deste mês. O ex-conselheiro José Roberto Mendonça de Barros contesta. Diz que a data era uma referência no contrato e que poderia ser prorrogada.
O BNDES negou, em nota, que tenha pressionado a FRB. Disse que segue avaliando os relatórios da Varig e que dará seu parecer no dia 30. O banco ainda reafirmou a disposição de acompanhar com atenção e ajudar a empresa.
Ao justificar o fato de ter rejeitado o acordo, a FRB disse que não havia aporte de recursos novos no acerto com os credores e que apenas alguns seriam beneficiados. Os ex-membros do conselho dizem, no entanto, que entrariam US$ 63 milhões em dinheiro.
A FRB afirmou ainda que não havia garantia de que o BNDES iria participar da capitalização da Varig e que não teve acesso aos relatórios sobre a situação da companhia enviados ao banco pela Bain & Co. e pela KPMG.
Sobre o futuro da Varig, houve uma única referência: é "uma empresa viável", diz a nota, que não esclarece quem irá comandá-la ou qual a estratégia para salvá-la.
Ao comentar a saída dos membros do conselho, a FRB afirmou: "Não identificamos nos propósitos dos administradores atuais [os que renunciaram] a disposição de dar continuidade nos negócios do grupo após o dia 30 de novembro, em condições seguras para resguardar o patrimônio dos controladores e para evitar que a maior companhia aérea brasileira corra o risco de sucumbir".
A Folha apurou que podem presidir a Varig George Ermakoff, assessor da presidência da empresa, ou Roberto Giannetti da Fonseca, que preside a Cotia Trading.


Colaborou a Redação


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