DA SUCURSAL DO RIO

A BR Distribuidora informou ontem, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que não perdoará a dívida da Varig, cujo valor é de R$ 140 milhões. A empresa também não descarta pedir a falência da companhia aérea se o fluxo de pagamentos não estiver normalizado.
Segundo a BR, todas as garantias a que tem direito serão cobradas e não será permitido à Varig sequer um dia de atraso nos pagamentos do querosene de aviação consumido pela companhia. É justamente o combustível o maior custo individual das empresas de aviação comercial.
Pelos cálculos da BR, cada dia de consumo de combustível dos aviões da Varig equivale a R$ 5,6 milhões. Segundo a BR, esse valor terá de ser pago "religiosamente" sem atrasos. Não está descartada a possibilidade de deixar de abastecer a Varig se os pagamentos não forem feitos em dia.
A BR já vem obrigando a Varig a pagar à vista todo o combustível que coloca em suas aeronaves. Os pagamentos são no esquema "pediu, pagou", segundo a assessoria da distribuidora, maior fornecedora da Varig.
Pelas regras do setor, a Varig não pode pedir concordata, por ser uma concessionária de serviço público, com autorização para operar dada pelo governo. Restam apenas dois caminhos às empresas aéreas em dificuldades: ou a falência ou uma intervenção do governo, que passaria a cuidar da gestão da empresa.
A Varig deve R$ 140 milhões à BR, sendo a distribuidora uma das maiores credoras da companhia. Desse total, R$ 3 milhões, segundo a BR, já deixaram de ser pagos. O valor é referente a uma parcela do débito renegociado vencida na semana passada e que já deixou de ser paga.
A posição da BR de endurecer com a Varig é uma reação à atitude do conselho curador da Fundação Ruben Berta, controladora da empresa aérea, que rejeitou acordo com os credores para o perdão temporário de R$ 117 milhões em dívidas.
A BR participa do comitê de credores que negociava com o Conselho de Administração, que renunciou na sexta-feira por discordar da postura dos curadores.

Sem alternativa
Líder no setor de combustível para aviação, a BR é a principal fornecedora da Varig e de suas coligadas, a Nordeste e a Rio Sul.
Se for obrigada a deixar de abastecer seus aviões com o querosene da BR, resta uma alternativa à Varig: comprar o produto da Shell. É que apenas as duas distribuidoras atendem ao setor.


Texto Anterior: Fundação diz ter sido pressionada por acordo
Próximo Texto: Palocci discute setor hoje com Sergio Amaral
Índice