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Lula já admite que virou refém de PIB de 5%
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que
precisa entregar um crescimento de 5% do PIB
(Produto Interno Bruto)
em 2007 para não perder a
partir de 2008 o capital
político conquistado na
reeleição.
Em conversas reservadas, Lula admite que ele
próprio criou e caiu numa
armadilha ao se comprometer com o crescimento
de 5% anual quando discursou no dia em que se
reelegeu, 29 de outubro.
Refém da promessa, Lula pressiona fortemente a
equipe econômica a elaborar medidas que estimulem a economia.
Ele quer garantir agora
condições para que 2007
tenha expansão econômica significativa, mesmo
correndo o risco de não repetir o mesmo desempenho no resto do segundo
mandato. Ou seja, vale até
uma "bolha".
Para Lula, assumir uma
agenda "conservadora" de
imediato poderia lhe custar caro politicamente.
Uma reforma da Previdência e um ajuste fiscal
duro demorariam a resultar em crescimento econômico de 5% e o fariam
perder capital político no
início do segundo mandato, pois ele não assumiu
essas propostas nitidamente na eleição.
O presidente cobrou
"ousadia" da equipe econômica porque diz que
sempre houve a mesma receita nas conversas com a
maioria dos economistas:
corte de gastos e reforma
da Previdência.
Ele diz reservadamente
estar disposto a abraçar
essa agenda, ainda que
parcialmente, mas reluta
em fazê-lo semanas depois
de terminada a eleição.
Primeiro, Lula deseja
que 2007 seja como 2004,
quando o PIB cresceu
4,9% na comparação com
o ano anterior.
O presidente está assustado com a previsão de
baixo crescimento neste
ano. Ele chegou a falar publicamente em uma taxa
entre 4% e 5% para 2006.
O governo teme que o
ano termine com um PIB
crescendo por volta dos
3%, talvez menos.
Ao anunciar um corte de
gastos de R$ 500 milhões
na sexta, o Ministério do
Planejamento reduziu sua
previsão de crescimento
do PIB para 2006 de 3,7%
para 3,2%.
Se em 2007 for repetido
um desempenho econômico parecido, Lula acredita que seu discurso de
que o país está pronto para
crescer desabará politicamente.
E ele correrá o risco de
enfraquecimento precoce
-terá ainda três anos de
governo pela frente.
"Gordura política"
Nas palavras de um auxiliar, Lula quer acumular
uma "gordura política", dizendo que o seu esforço
resultou numa boa taxa do
PIB em 2007 e que, portanto, a taxa é possível.
Então, poderia se dispor
a movimentos impopulares na economia.
Obviamente, o presidente não pensa em expansão dos gastos públicos no ritmo de 2006.
Também continuará a
priorizar a baixa inflação.
Lula acha que agora precisa é "destravar" os investimentos em infra-estrutura no país.
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