São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2006

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Presidente convoca Mangabeira Unger para auxiliar na elaboração de plano

Sergio Lima - 27.ago.02/Folha Imagem
Mangabeira Unger, que defende travas no crédito ao consumidor


JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem ouvido Roberto Mangabeira Unger na montagem de seu novo plano econômico. A Folha apurou que ele foi incumbido, ao lado de outros economistas, de tentar resolver uma complicada equação: baixar os juros e ampliar o crédito sem estímulo à demanda interna e, portanto, mantendo o controle da inflação. E tudo de forma a não desequilibrar as contas públicas.
Os juros básicos brasileiros são os mais altos do mundo. Em tese, com o dinheiro mais caro, as pessoas tendem a poupar mais e a comprar menos. Sem aumento no consumo, os produtores não remarcam os preços e a inflação não sobe. Mas a economia fica asfixiada.
Mangabeira -professor titular de direito em uma das universidades mais conceituadas do mundo, Harvard (EUA)- acredita ser possível driblar essa lógica. Ele defende que o governo crie travas ao crédito na ponta. O raciocínio é que, com o empréstimo à pessoa física dificultado, sobra mais dinheiro para as instituições financeiras emprestarem às empresas.
Dentro da equipe petista, entretanto, a idéia não é vista com bons olhos, segundo a Folha apurou. Implicaria diminuição na oferta de recursos por meio de bancos oficiais.
Além disso, a expansão do crédito ao consumidor, ocorrida em boa medida pelo desconto em folha, é tratada como uma das maiores conquistas do primeiro mandato. Lula, assim, estaria com pouca disposição de bancar o custo político.
Para Mangabeira, outro ponto é indispensável: a necessidade de diminuir encargos sobre a mão-de-obra. A hipótese entusiasmou Lula, apesar da dificuldade de tirá-la do papel.
A desoneração completa depende da composição que o governo conseguirá no Congresso para garantir reformas nas leis tributárias e trabalhistas.
Outro obstáculo é que a desoneração significa menos arrecadação para o governo. Isso resultaria em um desequilíbrio das contas públicas? Para que não acontecesse, explicou ele aos interlocutores do Planalto, seria preciso reduzir os dispêndios do Estado.


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