São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Crédito está se normalizando, diz Febraban

O presidente da Febraban e do Santander, Fábio Barbosa, considerou os números do crédito divulgados ontem pelo Banco Central a maior demonstração de que o sistema financeiro não tinha paralisado a liberação dos empréstimos. Os dados do BC apontam um crescimento do crédito de 2,9% em outubro em relação a setembro, e de 34,6% nos últimos 12 meses, o que fez com que a relação crédito/PIB atingisse o recorde de 40,2%.
"Esses números mostram que o sistema continuou concedendo crédito", afirmou.
De acordo com Barbosa, o que aconteceu foi que houve, nos últimos meses, um aumento muito grande da procura por crédito bancário depois de terem secado tanto as linhas de financiamento externas como as possibilidades de levantar recursos no mercado de capitais. Os bancos, segundo Barbosa, tiveram que se acomodar a essa nova realidade, mas não contingenciaram o crédito.
"Como as empresas correram para os bancos, criou-se a sensação de paralisia do crédito, mas não houve contingenciamento", diz Barbosa.
O presidente da Febraban não arrisca dizer que a situação do crédito tenha se normalizado. Ele reconhece, por exemplo, que para alguns setores houve mais oferta de crédito, e para outros menos, mas a situação, a seu ver, tende a se normalizar, principalmente depois das medidas do BC de liberalização do compulsório.
"O mercado está pouco a pouco retornando à sua normalidade", diz.
Barbosa comentou ainda o aumento do custo do crédito também registrado pelos números de ontem do Banco Central. Entre setembro e outubro, o custo médio subiu 3,3 pontos percentuais para as empresas, e 1,7 para as pessoas físicas.
Segundo Barbosa, essa alta dos juros é reflexo principalmente do aperto de liquidez que atinge não apenas o Brasil como o mercado internacional. Ele também atribui parte dessa alta dos juros ao aumento do custo de captação dos bancos.
A tendência, no entanto, de acordo com Barbosa, é que a situação se normalize com as medidas que vêm sendo tomadas pelo Banco Central de abrir linhas para o financiamento do comércio exterior e de flexibilização do compulsório.
Sobre os gigantescos pacotes de socorro do governo americano para tentar conter os efeitos da crise, Barbosa faz duas observações. A primeira é que esses pacotes mostram que não existe ainda um diagnóstico claro do que precisa ser feito para conter a crise, tanto que o governo tem atirado em várias direções: seja na compra de crédito podre, seja na capitalização dos bancos, seja no estímulo à economia.
A outra observação é que, apesar da redução do nível de atividade ser inevitável, o tamanho da ajuda é tão grande que, em algum momento, a economia reagirá. "Se não reagir com isso, não sei o que pode fazer com que a economia reaja."

CLIQUE DUPLO
André Monteiro e Bruno Medeiros lançaram há duas semanas o site Compra3, um sistema de compras coletivas pela rede. A empresa negocia descontos em produtos vendidos em sites como Submarino e Americanas.com para grandes volumes negociados. Os consumidores compram individualmente, mas no fim de cada mês podem ter o valor do desconto dos produtos depositado em sua conta corrente. O desconto é calculado pela soma das vendas de um produto dos parceiros no Compra3. "Nós buscamos associar os benefícios das compras coletivas em um processo individual de compra", diz Monteiro. Com o sistema, eles esperam faturar R$ 18 milhões até o fim do ano e gerar uma economia de R$ 2 milhões aos clientes.

Ambiente preocupa mais que economia no Brasil, diz estudo

O medo que os brasileiros sentem por conta de instabilidades econômicas é menor do que outras preocupações, como as mudanças climáticas, apesar da crise global. A conclusão é do estudo "Climate Monitor", do programa ambiental do HSBC, com base em 12 mil pesquisas feitas em 12 países no segundo semestre deste ano.
A violência cotidiana e a pobreza no mundo são outros temas que vêm à cabeça de brasileiros antes das preocupações com turbulências na economia global, segundo o estudo.
Já nos Estados Unidos, as crises econômicas lideram a lista de preocupações. O terrorismo é outro tema que assusta os americanos.
Na China e no Canadá o medo da economia também é o maior de todos. No Reino Unido, a preocupação com a economia só perde para o receio das violências do dia-a-dia. E, na França, onde as preocupações com as crises econômicas e com as mudanças climáticas também são altas, o maior receio, segundo os entrevistados, é a pobreza no mundo.
A pesquisa, que mede o engajamento das pessoas para a defesa do ambiente, mostra que mundialmente se acredita que o papel principal na luta contra o problema deve ser do governo, mais do que dos cidadãos, das empresas e das ONGs.
A preocupação com as alterações climáticas aumentou entre os países desenvolvidos. Já o otimismo caiu no último ano.

QUÊ
A Funcef (Fundação dos Economiários Federais), terceiro maior fundo de pensão brasileiro, investirá R$ 35 milhões no lançamento do shopping Quê. Localizado no bairro Águas Claras, em Brasília, o shopping será inaugurado em 2009. A atual carteira imobiliária da Funcef soma R$ 2 bilhões, com investimentos em 15 shoppings no Brasil.

TIJOLO
Governo federal, Fiesp e outras entidades empresariais vão assinar um acordo para reduzir entraves e assegurar a oferta de empregos no setor da construção civil. O acordo será feito durante o evento Construbusiness, em 1º de dezembro, na Fiesp, em São Paulo. O objetivo é alinhar metas estabelecidas na PDP (Política de Desenvolvimento Produtivo).

PRÊMIO
A ANJ (Associação Nacional de Jornais) anuncia hoje, durante almoço no restaurante Figueira Rubaiyat, em São Paulo, o vencedor nacional do Prêmio ANJ de Criação Publicitária. O objetivo da premiação é valorizar o uso dos jornais como veículos publicitários. A agência vencedora receberá passagens e inscrição para o Festival de Cannes de 2009. Concorreram 931 anúncios veiculados de 1º de março a 30 de setembro deste ano.

ARMADILHA
O consultor Julio Sergio Cardozo apresenta hoje o seminário "Fusões & Aquisições em tempos de crise - Armadilhas por trás das oportunidades", em SP. Serão abordados temas como estratégias de negociação e ganhos e perdas no processo.

CHECK-UP
A procura pelo serviço de check-up executivo do laboratório Fleury cresceu 45% em outubro na comparação com o mesmo mês de 2007. O Fleury atribui a demanda maior ao incentivo das empresas à qualidade de vida dos executivos.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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