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Nova medida pode dar R$ 6,2 bi ao BNDES
LEANDRA PERES
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de o presidente Lula
ameaçar os grandes bancos que
não queriam repassar recursos
para instituições de menor porte, o BC (Banco Central) amenizou a punição que havia imposto um mês atrás. Ontem,
editou novas regras que, na
prática, permitem aos bancos
emprestar ao BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), considerado um tomador de melhor
qualidade, em vez de direcionar
o dinheiro apenas para as instituições financeiras menores e
com maior risco.
Em mais uma alteração feita
nas regras do compulsório, a
décima desde o início da crise, o
BC permitiu que as instituições
financeiras transfiram recursos para o BNDES no mercado
interbancário e possam abater
essas operações do valor que
têm que repassar obrigatoriamente à autoridade monetária,
o chamado recolhimento compulsório.
A estimativa é que isso venha
a aumentar em até R$ 6,2 bilhões o que o banco estatal tem
para financiar empresas com
dificuldades de obter recursos
de curto prazo para capital de
giro. A medida atende à promessa feita pelo ministro da
Fazenda, Guido Mantega, de
aumentar o orçamento do
BNDES em aproximadamente
R$ 10 bilhões. O restante do dinheiro virá da Caixa Econômica Federal.
Punição
Da mesma forma que resolve
o problema de caixa do BNDES,
a medida ameniza a punição
aplicada pelo governo no fim de
outubro, pois permite aos bancos repassar dinheiro para uma
instituição de maior porte e risco considerado muito menor.
Para o BC, a permissão para
que os empréstimos interbancários feitos ao BNDES também sejam abatidos do compulsório não reduzirá a oferta
de recursos para bancos pequenos e médios. As operações que
poderiam ser feitas com essas
instituições já teriam sido fechadas e há parcelas do compulsório que podem ser liberadas, mas ainda estão depositadas no BC. Dessa forma, a participação do BNDES é vista como
uma forma de fazer com que as
empresas tenham acesso a financiamentos.
Troca de chumbo
O BC também limitou a dedução do valor que os bancos
têm que recolher aos empréstimos feitos entre instituições financeiras, o chamado DI, que
tenham vencimento superior a
três meses e prazo máximo de
um ano e meio.
O objetivo, nesse caso, é evitar uma operação triangular
que vinha sendo feita entre os
bancos com dinheiro em caixa
e instituições menores, mas
que não precisavam do dinheiro para repassar em empréstimos.
A liberação dos depósitos
compulsórios ao longo da crise
financeira e o repasse de recursos para os bancos das montadoras de automóveis aumentaram o volume de dinheiro em
caixa. Com isso, os bancos passaram a emprestar entre si a taxas muito baixas. A mostra
mais clara disso é que a taxa do
DI caiu para 13,1% ao ano, abaixo do que era cobrado antes do
acirramento da crise financeira
e da Selic (13,75% ao ano).
Obrigando um aumento no
prazo dessas operações, a autoridade monetária pode fazer
com que as instituições financeiras corram mais risco e cobrem uma taxa mais próxima
da realidade nos empréstimos
interbancários.
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