São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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Nova medida pode dar R$ 6,2 bi ao BNDES

LEANDRA PERES
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de o presidente Lula ameaçar os grandes bancos que não queriam repassar recursos para instituições de menor porte, o BC (Banco Central) amenizou a punição que havia imposto um mês atrás. Ontem, editou novas regras que, na prática, permitem aos bancos emprestar ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), considerado um tomador de melhor qualidade, em vez de direcionar o dinheiro apenas para as instituições financeiras menores e com maior risco.
Em mais uma alteração feita nas regras do compulsório, a décima desde o início da crise, o BC permitiu que as instituições financeiras transfiram recursos para o BNDES no mercado interbancário e possam abater essas operações do valor que têm que repassar obrigatoriamente à autoridade monetária, o chamado recolhimento compulsório.
A estimativa é que isso venha a aumentar em até R$ 6,2 bilhões o que o banco estatal tem para financiar empresas com dificuldades de obter recursos de curto prazo para capital de giro. A medida atende à promessa feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de aumentar o orçamento do BNDES em aproximadamente R$ 10 bilhões. O restante do dinheiro virá da Caixa Econômica Federal.

Punição
Da mesma forma que resolve o problema de caixa do BNDES, a medida ameniza a punição aplicada pelo governo no fim de outubro, pois permite aos bancos repassar dinheiro para uma instituição de maior porte e risco considerado muito menor.
Para o BC, a permissão para que os empréstimos interbancários feitos ao BNDES também sejam abatidos do compulsório não reduzirá a oferta de recursos para bancos pequenos e médios. As operações que poderiam ser feitas com essas instituições já teriam sido fechadas e há parcelas do compulsório que podem ser liberadas, mas ainda estão depositadas no BC. Dessa forma, a participação do BNDES é vista como uma forma de fazer com que as empresas tenham acesso a financiamentos.

Troca de chumbo
O BC também limitou a dedução do valor que os bancos têm que recolher aos empréstimos feitos entre instituições financeiras, o chamado DI, que tenham vencimento superior a três meses e prazo máximo de um ano e meio.
O objetivo, nesse caso, é evitar uma operação triangular que vinha sendo feita entre os bancos com dinheiro em caixa e instituições menores, mas que não precisavam do dinheiro para repassar em empréstimos.
A liberação dos depósitos compulsórios ao longo da crise financeira e o repasse de recursos para os bancos das montadoras de automóveis aumentaram o volume de dinheiro em caixa. Com isso, os bancos passaram a emprestar entre si a taxas muito baixas. A mostra mais clara disso é que a taxa do DI caiu para 13,1% ao ano, abaixo do que era cobrado antes do acirramento da crise financeira e da Selic (13,75% ao ano).
Obrigando um aumento no prazo dessas operações, a autoridade monetária pode fazer com que as instituições financeiras corram mais risco e cobrem uma taxa mais próxima da realidade nos empréstimos interbancários.


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