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Brasil terá poder de veto em linha de crédito do FMI
Mecanismo foi reformado para poder injetar mais dinheiro em países em crise
Será a 1ª vez na história do FMI que decisões de crédito não ficam nas mãos apenas de países ricos, segundo o ministro Guido Mantega
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil e os demais membros do Bric (grupo dos emergentes Brasil, Rússia, Índia e
China) terão poder de veto na
nova estrutura criada dentro
do FMI (Fundo Monetário Internacional) para ajudar países
em dificuldade.
O governo brasileiro decidiu
aderir ao NAB ("novos acordos
para empréstimo", na sigla em
inglês). O órgão, criado em
1998, foi reformado para reforçar a capacidade financeira do
Fundo durante a crise.
Com o empréstimo de mais
US$ 4 bilhões ao FMI, o governo brasileiro terá uma participação equivalente a US$ 14 bilhões. O dinheiro virá das reservas internacionais e será
aplicado em papéis do FMI.
A cota dos quatro países do
Bric nessa estrutura será de
15% do total, percentual suficiente para vetar qualquer decisão de uso desse dinheiro,
desde que eles votem unidos.
Os recursos não ficam imediatamente disponíveis para o
Fundo. Para ter acesso ao dinheiro, o FMI terá de fazer um
pedido aos países-membros.
Os outros 85% ficarão nas
mãos dos demais países, principalmente EUA, Japão e União
Europeia, os únicos que também terão direito de veto.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, essa é a
primeira vez na história do
FMI que as decisões não ficarão apenas nas mãos dos países
desenvolvidos.
Ele destacou também o fato
de o NAB ter, neste momento,
recursos superiores àqueles
que o Fundo pode utilizar hoje
sem a aprovação dos Brics.
"Criamos um "Fundo Monetário do B", que tem mais recursos
que o FMI. É uma linha de crédito especial, mais poderosa
que o FMI", afirmou.
Temporário
De acordo com Paulo Nogueira Batista Jr., representante do Brasil e de mais oito países da América Latina no FMI,
a tendência é que esses países
votem juntos. "Nenhuma decisão importante será tomada
sem que esses quatro blocos se
entendam. Se a gente não tivesse o poder de veto, poderíamos
ser desconsiderados."
O acordo que criou o novo
NAB será temporário. Vai vigorar até novembro de 2012. Até
lá, estará concluído outro processo, a reforma das cotas do
FMI, o que poderá dar mais poder ao Brasil dentro do Fundo,
uma antiga reivindicação do
governo brasileiro.
Segundo a Fazenda, se o resultado da reforma for satisfatório, o Brasil poderá manter
uma participação no NAB ou
converter a sua contribuição
em um aumento de cota no
FMI. Caso contrário, poderá
encerrar a sua participação e tirar esse dinheiro do Fundo.
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