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Citi nega ter oferecido fatia do grupo ao país
Ao contrário do que afirma o ministro Lobão, presidente do banco no Brasil diz que nunca houve negociação
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após o ministro Edison Lobão (Minas e Energia)
ter afirmado que o Citigroup
procurou o governo brasileiro
para vender parte de seu capital, o presidente do banco no
Brasil, Gustavo Marin, veio a
público negar a informação.
Segundo Marin, não houve
negociação nesse sentido com
o governo nem com empresas
estatais. "É política do Citi não
comentar rumores de mercado.
Contudo, tendo em vista a repercussão, o banco comunica
que não houve e não há planos
ou discussões referentes a esse
assunto", disse, em nota.
Lobão disse a investidores
em Nova York que ouviu a história do próprio presidente Lula e que as conversas envolveram o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Afirmou que
o Brasil foi procurado no começo deste ano por representantes do banco, mas que o governo preferiu não investir no Citi.
Em meio à crise, investidores
e acionistas do Citigroup procuraram os fundos soberanos
de diversos países para levantar
recursos. O Brasil teria sido um
dos países sondados, segundo
fontes do mercado, mas ainda
não tinha seu fundo institucionalizado. No capital do Citi entraram os fundos soberanos de
Abu Dhabi, de Kuait e de Cingapura. O banco liderou a renegociação da dívida brasileira nos
anos 90 e foi o maior credor individual do país até 1987.
Anteontem, Lobão afirmara,
em Nova York, que, "no epicentro da crise econômica nos Estados Unidos, o Brasil quase
comprou um terço do Citibank". "O Brasil teve essa possibilidade, mas achou que teria
de sair da crise primeiro... Foi
uma boa oportunidade perdida,
mas qualquer governo prudente teria tido cautela, mesmo",
disse o ministro.
Meirelles
Contrariando as declarações
de Lobão, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, também disse ontem desconhecer a oferta que teria sido
feita ao Brasil para compra de
uma parte do Citibank. "Eu não
tenho essa informação", disse.
Diante da argumentação de que
a afirmação tinha sido feita pela
ministro Lobão na véspera,
Meirelles respondeu: "Eu sei.
Na próxima oportunidade vou
perguntar a ele para entrar em
mais detalhes porque não sei
[sobre a oferta]". Na véspera, o
ministro da Fazenda, Guido
Mantega, também afirmou
desconhecer o assunto.
Meirelles participou da posse
da nova diretoria do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos
de Finanças) no Distrito Federal, onde discursou sobre a crise mundial. Parte da palestra
teve que ser feita no escuro e
sem microfone por causa de
um apagão repentino no local.
Segundo o presidente do BC,
o Brasil não viveu uma crise
bancária no final de 2008 e início deste ano porque "nenhum
banco quebrou". Ele justificou
que a maneira clássica de configurar uma crise bancária é
quando uma instituição quebra
e várias vão no mesmo caminho na sequência. "Houve um
estresse severo de liquidez. O
próprio sistema financeiro se
organizou e o Brasil não enfrentou as consequências de
uma crise bancária clássica".
Meirelles destacou ainda que
a perspectiva de forte crescimento da economia brasileira
não é uma ameaça à inflação
em 2010.
"O Brasil cresceu quase 8%
no segundo trimestre e está
com crescimento previsto forte
no 3º trimestre. Esse é crescimento de saída da crise. O que
os analistas olham com atenção
é o crescimento previsto para
2010, que não é esse. É algo na
faixa de 5%", disse.
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