São Paulo, quinta-feira, 26 de novembro de 2009

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Citi nega ter oferecido fatia do grupo ao país

Ao contrário do que afirma o ministro Lobão, presidente do banco no Brasil diz que nunca houve negociação

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia após o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) ter afirmado que o Citigroup procurou o governo brasileiro para vender parte de seu capital, o presidente do banco no Brasil, Gustavo Marin, veio a público negar a informação.
Segundo Marin, não houve negociação nesse sentido com o governo nem com empresas estatais. "É política do Citi não comentar rumores de mercado. Contudo, tendo em vista a repercussão, o banco comunica que não houve e não há planos ou discussões referentes a esse assunto", disse, em nota.
Lobão disse a investidores em Nova York que ouviu a história do próprio presidente Lula e que as conversas envolveram o Banco Central e o Ministério da Fazenda. Afirmou que o Brasil foi procurado no começo deste ano por representantes do banco, mas que o governo preferiu não investir no Citi.
Em meio à crise, investidores e acionistas do Citigroup procuraram os fundos soberanos de diversos países para levantar recursos. O Brasil teria sido um dos países sondados, segundo fontes do mercado, mas ainda não tinha seu fundo institucionalizado. No capital do Citi entraram os fundos soberanos de Abu Dhabi, de Kuait e de Cingapura. O banco liderou a renegociação da dívida brasileira nos anos 90 e foi o maior credor individual do país até 1987.
Anteontem, Lobão afirmara, em Nova York, que, "no epicentro da crise econômica nos Estados Unidos, o Brasil quase comprou um terço do Citibank". "O Brasil teve essa possibilidade, mas achou que teria de sair da crise primeiro... Foi uma boa oportunidade perdida, mas qualquer governo prudente teria tido cautela, mesmo", disse o ministro.

Meirelles
Contrariando as declarações de Lobão, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, também disse ontem desconhecer a oferta que teria sido feita ao Brasil para compra de uma parte do Citibank. "Eu não tenho essa informação", disse. Diante da argumentação de que a afirmação tinha sido feita pela ministro Lobão na véspera, Meirelles respondeu: "Eu sei. Na próxima oportunidade vou perguntar a ele para entrar em mais detalhes porque não sei [sobre a oferta]". Na véspera, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, também afirmou desconhecer o assunto.
Meirelles participou da posse da nova diretoria do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças) no Distrito Federal, onde discursou sobre a crise mundial. Parte da palestra teve que ser feita no escuro e sem microfone por causa de um apagão repentino no local.
Segundo o presidente do BC, o Brasil não viveu uma crise bancária no final de 2008 e início deste ano porque "nenhum banco quebrou". Ele justificou que a maneira clássica de configurar uma crise bancária é quando uma instituição quebra e várias vão no mesmo caminho na sequência. "Houve um estresse severo de liquidez. O próprio sistema financeiro se organizou e o Brasil não enfrentou as consequências de uma crise bancária clássica".
Meirelles destacou ainda que a perspectiva de forte crescimento da economia brasileira não é uma ameaça à inflação em 2010.
"O Brasil cresceu quase 8% no segundo trimestre e está com crescimento previsto forte no 3º trimestre. Esse é crescimento de saída da crise. O que os analistas olham com atenção é o crescimento previsto para 2010, que não é esse. É algo na faixa de 5%", disse.


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