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Após subir em outubro, juros voltam a cair
Números do BC para este mês indicam taxa de 43,4% ao ano para o consumidor, o menor percentual da série histórica
A alta de outubro foi "um ponto fora da curva", e a tendência atual é de baixa, segundo o BC; "spread" menor ajudou na queda
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros bancários voltaram
a subir em outubro, principalmente para as pessoas físicas,
cujas taxas vinham caindo desde o final do ano passado.
Dados parciais do Banco
Central apontam, no entanto,
que o custo do crédito já voltou
a recuar no início deste mês e
deve chegar ao Natal no menor
patamar da história.
A taxa média cobrada nos
empréstimos ao consumidor
subiu para 44,2% ao ano no final do mês passado, de acordo
com a pesquisa mensal realizada pelo BC com as instituições
financeiras. Os números preliminares para este mês mostram um recuo para 43,4% ao
ano. Se confirmado, será o menor percentual da série histórica oficial, iniciada em 1994.
A alta em outubro se concentrou nas linhas de crédito pessoal, para veículos e no consignado. No cheque especial, porém, a taxa caiu para 160% ao
ano, menor valor em 16 meses.
Os dois principais componentes da taxa de juros são o
custo de captação dos bancos e
o "spread" bancário -parcela
que embute custos, risco de
inadimplência e o lucro dos
bancos, entre outros fatores.
A alta em outubro foi puxada
pelo aumento no custo de captação. Com a expectativa de aumento na Selic em 2010, por
conta do reaquecimento da
economia, o mercado financeiro está pagando taxas maiores
aos clientes. No começo deste
mês, essas taxas pararam de subir. Houve ainda uma redução
do "spread", puxada principalmente pela queda na inadimplência dos consumidores pelo
quarto mês seguido.
De acordo com o BC, a alta de
outubro foi "um ponto fora da
curva", e a tendência ainda é de
queda nas taxas. A avaliação
oficial é que a inadimplência,
que ainda se encontra em níveis elevados, vai continuar
caindo, o que reduzirá o
"spread" nos próximos meses.
Os empréstimos que estão
em inadimplência -aqueles
vencidos há mais de 90 dias-
representam hoje 8,1% das
operações de crédito para pessoa física. Apesar da queda recente -o indicador chegou ao
percentual recorde de 8,6% no
meio deste ano-, o número
ainda está distante dos 6,9% registrados no início de 2008.
"A tendência [dos juros] tem
sido e deverá continuar sendo
de queda. Deveremos ter, de fato, crédito disponível em condições melhores ainda para este Natal", disse o presidente do
BC, Henrique Meirelles.
Para as empresas, o movimento foi semelhante: a taxa
média de juros subiu para
26,5% ao ano em outubro, mas
já recuou para 26,1% neste mês.
Já a inadimplência se estabilizou em 4%, depois de subir por
dez meses seguidos.
O crédito também manteve a
trajetória de recuperação, e o
estoque de empréstimos chegou ao valor recorde de R$ 1,37
trilhão em outubro, ou 45,9%
do PIB. A alta continua concentrada no crédito para o consumidor, mas o financiamento
para empresas começa a apresentar recuperação.
Dados preliminares deste
mês apontam aumento de 1,5%
no estoque para os dois segmentos. Já a liberação de novos
empréstimos caiu 0,5% no primeiro caso, mas cresceu 7,7%
para as pessoas jurídicas.
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