São Paulo, quinta-feira, 26 de novembro de 2009

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Após subir em outubro, juros voltam a cair

Números do BC para este mês indicam taxa de 43,4% ao ano para o consumidor, o menor percentual da série histórica

A alta de outubro foi "um ponto fora da curva", e a tendência atual é de baixa, segundo o BC; "spread" menor ajudou na queda

EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros bancários voltaram a subir em outubro, principalmente para as pessoas físicas, cujas taxas vinham caindo desde o final do ano passado.
Dados parciais do Banco Central apontam, no entanto, que o custo do crédito já voltou a recuar no início deste mês e deve chegar ao Natal no menor patamar da história.
A taxa média cobrada nos empréstimos ao consumidor subiu para 44,2% ao ano no final do mês passado, de acordo com a pesquisa mensal realizada pelo BC com as instituições financeiras. Os números preliminares para este mês mostram um recuo para 43,4% ao ano. Se confirmado, será o menor percentual da série histórica oficial, iniciada em 1994.
A alta em outubro se concentrou nas linhas de crédito pessoal, para veículos e no consignado. No cheque especial, porém, a taxa caiu para 160% ao ano, menor valor em 16 meses.
Os dois principais componentes da taxa de juros são o custo de captação dos bancos e o "spread" bancário -parcela que embute custos, risco de inadimplência e o lucro dos bancos, entre outros fatores.
A alta em outubro foi puxada pelo aumento no custo de captação. Com a expectativa de aumento na Selic em 2010, por conta do reaquecimento da economia, o mercado financeiro está pagando taxas maiores aos clientes. No começo deste mês, essas taxas pararam de subir. Houve ainda uma redução do "spread", puxada principalmente pela queda na inadimplência dos consumidores pelo quarto mês seguido.
De acordo com o BC, a alta de outubro foi "um ponto fora da curva", e a tendência ainda é de queda nas taxas. A avaliação oficial é que a inadimplência, que ainda se encontra em níveis elevados, vai continuar caindo, o que reduzirá o "spread" nos próximos meses.
Os empréstimos que estão em inadimplência -aqueles vencidos há mais de 90 dias- representam hoje 8,1% das operações de crédito para pessoa física. Apesar da queda recente -o indicador chegou ao percentual recorde de 8,6% no meio deste ano-, o número ainda está distante dos 6,9% registrados no início de 2008.
"A tendência [dos juros] tem sido e deverá continuar sendo de queda. Deveremos ter, de fato, crédito disponível em condições melhores ainda para este Natal", disse o presidente do BC, Henrique Meirelles.
Para as empresas, o movimento foi semelhante: a taxa média de juros subiu para 26,5% ao ano em outubro, mas já recuou para 26,1% neste mês. Já a inadimplência se estabilizou em 4%, depois de subir por dez meses seguidos.
O crédito também manteve a trajetória de recuperação, e o estoque de empréstimos chegou ao valor recorde de R$ 1,37 trilhão em outubro, ou 45,9% do PIB. A alta continua concentrada no crédito para o consumidor, mas o financiamento para empresas começa a apresentar recuperação.
Dados preliminares deste mês apontam aumento de 1,5% no estoque para os dois segmentos. Já a liberação de novos empréstimos caiu 0,5% no primeiro caso, mas cresceu 7,7% para as pessoas jurídicas.


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