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Lula inaugura gasoduto ocioso da Petrobras
Termelétricas de Manaus e região não fizeram a conversão para consumo do gás natural, e distribuidora não concluiu rede
Ligação Urucu-Manaus, a ser inaugurada hoje, deve ficar subutilizada até o fim de 2010 devido à falta de adaptação e infraestrutura
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
KATIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA EM MANAUS
O gasoduto Urucu-Manaus,
da Petrobras, a ser inaugurado
hoje pelo presidente Lula, ficará subutilizado pelo menos até
setembro de 2010. A Folha
apurou que as termelétricas
não fizeram a conversão de
seus sistemas de geração a diesel para o gás natural.
Tampouco foi concluída a rede de tubulação da Cigás (Companhia de Gás do Amazonas),
que levará o produto do gasoduto às termelétricas. A Cigás é
uma empresa de capital misto,
controlada pelo Estado do
Amazonas, e tem concessão para distribuir 5,5 milhões de metros cúbicos/dia, por 20 anos.
Com 661 km de extensão, o
gasoduto foi construído para
levar gás natural da região petrolífera de Urucu até Manaus.
O objetivo é substituir o consumo de óleo por gás natural nas
termelétricas que atendem a
cidade e mais sete municípios.
Sete termelétricas de Manaus deveriam estar prontas
para receber o gás: Aparecida e
Mauá (da Eletrobrás); e cinco
usinas privadas (Tambaqui, Jaraqui, Ponta Negra, Manauara
e Cristiano Rocha). Nenhuma
concluiu a conversão de seus
sistemas. Também não estão
preparadas as usinas dos demais municípios atendidos.
Segundo informações de
executivos envolvidos no empreendimento, de início, o gasoduto só abastecerá a refinaria Reman, da própria Petrobras, instalada em Manaus. A
previsão é que as termelétricas
comecem os testes para uso do
gás natural em julho e que só a
partir de setembro de 2010
passem a substituir, efetivamente, o óleo pelo gás natural.
O presidente da Thermes
Participações (acionista das
usinas Tambaqui e Jaraqui),
Athos Rache Filho, disse que
um dos motivos para a demora
na conversão é o descasamento
entre os contratos que as térmicas possuem com a Amazonas Energia (empresa da Eletrobras, que compra a energia
produzida por elas) e com a
distribuidora Cigás.
Segundo o executivo, na
eventualidade de faltar gás, as
usinas seriam punidas pela
Amazonas Energia e não poderiam repassar os custos da punição para a Cigás. Os contratos estão sendo repactuados.
A Folha apurou que o custo
final de construção do gasoduto Urucu-Manaus ficará em
torno de R$ 5 bilhões, um
acréscimo de 108% em relação
ao valor orçado no início do
projeto, em 2006.
O encarecimento repercutirá no custo do gás. A previsão é
que o uso do gás natural pelas
termelétricas não resultará em
redução de preço da energia ao
consumidor final.
A previsão inicial era que o
gasoduto custaria R$ 2,4 bilhões. Em março de 2008, a
previsão já estava em R$ 3,5 bilhões. O último cálculo, de junho deste ano, era de R$ 4,8 bilhões, com previsão de mais
gastos no final da obra. Além
disso, houve atraso de um ano e
oito meses nos trabalhos.
A Cigás atrasou ainda mais
na implantação dos dutos para
levar o gás do gasoduto às termelétricas. Uma das causas
alegadas é que a empreiteira
responsável pela obra contratou uma outra empresa para
importar os tubos da China e
estes foram retidos na alfândega pela Receita. O contrato com
a empreiteira foi anulado.
Gasoduto
O primeiro trecho do gasoduto, de 279 km, foi entregue ao
consórcio da Gasam, formado
por OAS e Etesco. O contrato
foi assinado no valor de R$ 342
milhões, em julho de 2006 e subiu para R$ 583 milhões.
O segundo trecho, de 196 km,
foi entregue ao consórcio Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia. É considerado o trajeto mais complicado da obra.
O contrato, de R$ 666 milhões,
sofreu aditivos de 84,5%.
O terceiro trecho, de 186 km,
entre Anamã e Manaus, foi o
único que não teve aumento de
preço. O contrato com o consórcio Camargo Corrêa e
Skanska Brazil, foi assinado em
2007 a R$ 428 milhões.
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