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Emergentes querem reduzir as tarifas de importação em 20%
Proposta inclui ao menos 19 países, incluindo o Brasil; meta
é estimular o comércio hemisférico via concessões tarifárias
No chamado eixo Sul-Sul, cortes devem atingir 70% da pauta de exportação dentro do grupo; anúncio poderá ser feito dia 2, em Genebra
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O Brasil e pelo menos outros
18 países emergentes concordaram em propor um acordo
para reduzir em 20% as tarifas
de importação entre si, novo sinal de que os chamados "plurilaterais" ganham o espaço da
Rodada Doha de liberalização
do comércio mundial, travada.
Pelo texto negociado, o corte
no chamado eixo Sul-Sul deve
atingir 70% da pauta de exportação dentro do grupo.
Os números foram decididos
em negociações encerradas ontem no âmbito do Sistema Geral de Preferências Comerciais
(GSTP, na sigla em inglês), mecanismo do braço de comércio
e desenvolvimento da ONU
(Unctad) para estimular o comércio hemisférico por meio
de concessões tarifárias.
Serão agora submetidos aos
respectivos ministros para que
a base do acordo seja anunciada
no próximo dia 2, em Genebra,
às margens da reunião ministerial da Organização Mundial do
Comércio.
Não é certo ainda que todos
os participantes da negociação
-Brasil e seus três parceiros de
Mercosul (Argentina, Uruguai
e Paraguai), Argélia, Chile, Coreia do Norte, Coreia do Sul,
Cuba, Egito, Índia, Indonésia,
Irã, Malásia, México, Marrocos, Nigéria, Paquistão, Sri
Lanka, Vietnã e Zimbábue-
vão aderir ao tratado, pois vários deles beneficiam-se de outros acordos bilaterais e plurilaterais com parceiros maiores.
Chile e México são prováveis
defecções. Mas, até ontem, o
único participante das conversas que havia dito que ficaria de
fora era a Tailândia, cujo quadro político instável -com rivalidades entre o Parlamento e
o Executivo exacerbadas para
as ruas em 2008- entrava a
aprovação de projetos.
"Foi muito satisfatório, até
porque esse não é o fim do processo", disse o embaixador do
Brasil na OMC, Roberto Azevedo, definindo o acordo como
"sem precedentes".
"Todas as negociações anteriores foram na base de oferta e
demanda. As ambições eram
muito reduzidas, cada país fazia sua proposta, e terminava
com uma coisa muito modesta.
Esta é a primeira vez que temos
uma negociação de consenso
horizontal, em que você prevê
todo o universo tarifário e apenas estabelece o número de exceções permitidas", afirmou.
Inferior ao proposto
Segundo Azevedo, após o
anúncio do acordo, cada país
terá até maio para apresentar
uma lista de exceções -que pode chegar a até 30% dos produtos em sua pauta.
A expectativa é colocar em
prática os cortes até setembro
de 2010. "Depois de dois anos,
teremos uma revisão para
aprofundar os cortes e ampliar
a cobertura", afirmou.
O presidente das negociações, o embaixador argentino
Alberto Dumont, não quantificou o impacto do acordo para o
Mercosul, mas disse que os
mais beneficiados devem ser
mesmo os produtos industriais, que dominam a balança
comercial entre esses 21 países.
"Dependerá ainda das exceções."
O corte de 20% é, no entanto,
inferior ao que os países do
Mercosul tinham proposto.
Inicialmente, o bloco aventou
uma redução de 40% e depois
propôs formalmente 30%. Os
20% seriam o meio-termo para
o corte mais modesto que pediam outros países.
Ficou decidido ainda que Irã
e Argélia, fora do GSTP, devem
ter "condições especiais" -não
foram divulgados detalhes.
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