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Europa quer avançar acordo com Mercosul
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA
A Espanha está tentando armar uma reunião entre seu
presidente de governo, José
Luis Rodríguez Zapatero, o primeiro-ministro português, José Sócrates, e os quatro presidentes dos países do Mercosul
para dar impulso político às estancadas negociações para um
acordo de livre comércio entre
a União Europeia e o Mercosul.
Criaria um mercado de 750
milhões de pessoas, um formidável atrativo.
A reunião se daria paralelamente à Cúpula Ibero-Americana que se realiza a partir de
segunda-feira no balneário do
Estoril, a 30 quilômetros de
Lisboa.
Se não for possível fazer o encontro dos governantes, já está
marcada, de todo modo, uma
reunião entre ministros do Exterior dos mesmos seis países,
sendo que o Brasil estará representado pelo vice-chanceler
Antônio Patriota, já que o titular, Celso Amorim, viaja a Genebra, para uma reunião ministerial da Rodada Doha.
Doha, aliás, é usada como
grande argumento para vender
a ideia de que agora é possível
fechar a negociação entre o
conglomerado europeu de 27
países e o bloco sul-americano.
"O Brasil queria Doha, Doha,
Doha. Agora que Doha está virtualmente descartada, um
acordo entre a União Europeia
e o Mercosul é a grande herança que o presidente Lula poderá deixar", diz Alberto Navarro,
embaixador da Espanha em
Portugal, com a experiência de
quem foi, antes, embaixador da
União Europeia no Brasil e secretário de Estado, na Espanha,
para Assuntos Europeus.
Conhece, portanto, as intimidades de uma negociação que
começou em 1995, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, mas não chegou até agora
a lugar nenhum.
Há um mês, técnicos dos dois
lados reuniram-se em Lisboa
para ver até onde era possível
avançar, mas chegaram à conclusão de que ainda não havia
condições de relançar as negociações propriamente ditas. Limitaram-se a convocar uma
nova reunião de avaliação, ainda sem data marcada, à espera
da definição do novo presidente do Uruguai -a eleição ocorre
no domingo.
"Foi um sinal importante de
que a bola está andando, mas
ainda não se chegou ao ponto
de retomar as negociações", diz
Ricardo Neiva Tavares, embaixador do Brasil junto à UE.
A Espanha, que é a inspiradora das cúpulas ibero-americanas, será também a sede da Cúpula União Europeia/América
Latina-Caribe, em maio. Por isso, quer a retomada das negociações para que cheguem a
maio em estado avançado, talvez conclusivo.
Alberto Navarro diz que é
"um momento mágico, porque
o Brasil já não tem somente interesses defensivos. Tem também um enorme interesse pelo
mercado europeu".
Na verdade, o Brasil sempre
teve "interesses ofensivos":
pretende abrir o mercado agrícola europeu, fortemente protegido, mas a Europa se nega a
fazê-lo.
A fase atual é de consultas
dos governos ao setor privado,
para saber que demandas e que
ofertas podem ser feitas se e
quando a negociação for retomada.
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