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São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2003

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FRAUDES DO CAPITAL

Seis empresas entram com processo nas Ilhas Cayman

Seguradoras pedem controle de companhias da Parmalat

DA REDAÇÃO

Seis companhias de seguro de vida que emprestaram dinheiro a duas subsidiárias da Parmalat sediadas nas Ilhas Cayman pediram a um juiz que as ajudasse a recuperar seu dinheiro depois que o grupo italiano de laticínios deixou de pagar os empréstimos e pediu concordata nesta semana.
Elas querem tomar o controle de duas unidades da Parmalat com sede no paraíso fiscal, a Food Holdings e a Dairy Holdings, que deixaram de pagar empréstimos cujo vencimento foi no começo do mês, disseram os advogados das seguradoras em nota.
O comunicado, divulgado por um escritório de Nova York, diz que os empréstimos eram garantidos pela Parmalat. O montante não foi informado, mas a nota acrescenta que as seguradoras querem ganhar o controle dos dois "veículos para fins especiais" criados pela Parmalat.
As seguradoras envolvidas são: Jefferson-Pilot, Monumental, New York Life Insurance and Annuity, Principal, Transamerica Occidental e Transamerica.
O comunicado afirma que a petição não pretende punir a Parmalat ou impedi-la de salvar seus negócios, mas, simplesmente, garantir que as seguradoras recebam seu dinheiro de volta.
"Os detentores das notas informaram a Enrico Bondi [que assumiu a presidência da Parmalat] e a seus assessores que o desejo deles é trabalhar com a empresa para maximizar a recuperação de dinheiro, em benefício dos credores", segundo o comunicado.
A petição, apresentada na quarta-feira e anunciada na Itália ontem, foi divulgada no momento em que a polícia removia grande volume de documentos da casa do fundador da Parmalat, Calisto Tanzi, que, com outros 20 executivos da empresa, está sob investigação por possível fraude e outras acusações relacionadas à suposta falsificação de documentos.
Tanzi não foi visto na Itália nos últimos dias e não apresentou defesa pública desde que surgiram revelações sobre os prejuízos e o quase colapso da empresa.
Mas Tanzi informou aos investigadores que está disposto a depor. As TVs informaram que Tanzi ligou da Espanha para os investigadores e alegou que não está foragido e que precisava de um tempo para descansar.
Desde que o escândalo surgiu, tornam-se mais fortes os indícios de que existe um imenso buraco no balanço da empresa. Recentes reportagens na Itália dizem que um total de US$ 12 bilhões pode ter sido subtraído das contas da Parmalat, depois de até 15 anos de falsificação de contabilidade.
A empresa pediu concordata formalmente na quarta, e o Ministério da Indústria apontou Enrico Bondi, indicado para a presidência da Parmalat depois que Tanzi foi deposto no começo do mês, para desenvolver um plano de reestruturação.
O caso, apelidado de "Enron da Europa", abalou as lideranças empresariais italianas, que, por anos, apontaram a Parmalat como orgulhoso símbolo das empresas sob comando familiar do norte da Itália, que ajudam a propelir a economia do país.
A Parmalat disse na semana passada que não tinha depósitos de US$ 4,9 bilhões nas Ilhas Cayman, ao contrário do que afirmava seu balanço de setembro. Desde então, a estimativa de dinheiro desaparecido das contas da empresa não pára de crescer.
O diário milanês "Il Sole-24 Ore" disse que um ex-executivo financeiro da Parmalat, Fausto Tonna, revelara aos investigadores que houvera falsificação sistemática na contabilidade por 15 anos e que ele obedecera às ordens de seus superiores.
A empresa, que fatura US$ 9,2 bilhões ao ano, tem 36 mil funcionários em 29 países.


Com a Associated Press

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