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São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2003

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PÓS-CRISE

Com maior estabilidade econômica, vendas crescem 22% em relação a 2002

Comércio argentino comemora Natal

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

Com vendas alavancadas pela maior estabilidade econômica e política no país, o comércio argentino comemora seu melhor Natal nos últimos três anos.
Balanço feito pela Coordenadoria Argentina da Média Empresa (Came, na sigla em espanhol) aponta incremento médio no volume de vendas de 22% em relação a 2002. Em algumas regiões do país, como o Nordeste e o Oeste, o aumento foi maior: 35%.
Os argentinos, no entanto, aprenderam com a crise econômica o imperativo de "esticar" o dinheiro. Deixaram de lado produtos de marcas de primeira linha para comprar marcas menos conhecidas e optaram por presentes mais baratos, na faixa entre 8 e 22 pesos (aproximadamente os mesmos valores em reais). Antes da crise, o preço médio dos presentes variava de 5 a 25 pesos.
"Cada vez vamos diminuindo mais o nível dos presentes porque não se pode presentear a todos com o que a gente quer. Os presentes passaram a ser mais lembrancinhas, mas todos vão ter a sua", disse Mirta Fernández, em compras em Buenos Aires.
"As pessoas estão mais seletivas, escolhem, procuram e se orientam por marcas mais acessíveis", disse Julio Sobrino, da Associação Coordenadora de Usuários, Consumidores e Contribuintes.
Segundo a Came, os campeões de venda neste Natal são as bijuterias (alta de 36%), os brinquedos infantis (35%), as peças de vestuário feminino e os calçados de praia, como sandálias, além dos produtos alimentícios típicos das festas (16%). Segundo a Came, 70% das vendas foram à vista. Na avaliação da Câmara Argentina de Comércio, o aumento nas vendas foi reforçado pelas compras parceladas no cartão de crédito.
"O consumidor argentino tem privilegiado a mesa de Natal e só depois vai atrás dos presentes para a família, destinando um pequeno valor para cada um", disse Vicente Lourenzo, secretário-geral da instituição. "Mas, mesmo comprando por menos, as pessoas estão comprando mais. Não voltamos a recuperar os níveis dos anos 90 em termos de consumo, mas vai ser um ótimo Natal, o melhor dos últimos três anos."
"O Natal de 2001 foi um desastre, praticamente não se presenteou. Em 2002, as pessoas ainda estavam desconfiadas, já que não havia passado o período eleitoral. Neste ano, a política econômica estável impulsionou o aumento no consumo", disse Lourenzo.
O prognóstico otimista não parte apenas da Came. A expectativa da Câmara Argentina de Shopping Centers é de um aumento de 30% no volume de vendas em relação ao obtido no ano passado.
No dia 23, vários shopping centers em Buenos Aires fizeram "happy hours" até as 4 horas da manhã -com direito a apresentação de grupos musicais- à espera de mais consumidores com compras de última hora.
"Em 2002, faturamos 100,6 milhões de pesos. Esperamos chegar neste ano a 130 milhões", disse Augusto Rodríguez Larreta, assessor de um grupo de shoppings.
Números do governo mostram que a economia argentina vem sofrendo uma recuperação significativa. A expectativa oficial é fechar o ano com um crescimento econômico de 7,3%. Apenas no terceiro trimestre deste ano, o país cresceu 9,8% em relação ao mesmo período no ano passado.
No entanto é o próprio presidente Néstor Kirchner quem diz que, "por mais que nos dêem forças os bons números da economia, ainda estamos no inferno".


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