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PÓS-CRISE
Com maior estabilidade econômica, vendas crescem 22% em relação a 2002
Comércio argentino comemora Natal
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
Com vendas alavancadas pela
maior estabilidade econômica e
política no país, o comércio argentino comemora seu melhor
Natal nos últimos três anos.
Balanço feito pela Coordenadoria Argentina da Média Empresa
(Came, na sigla em espanhol)
aponta incremento médio no volume de vendas de 22% em relação a 2002. Em algumas regiões
do país, como o Nordeste e o Oeste, o aumento foi maior: 35%.
Os argentinos, no entanto,
aprenderam com a crise econômica o imperativo de "esticar" o
dinheiro. Deixaram de lado produtos de marcas de primeira linha
para comprar marcas menos conhecidas e optaram por presentes
mais baratos, na faixa entre 8 e 22
pesos (aproximadamente os mesmos valores em reais). Antes da
crise, o preço médio dos presentes
variava de 5 a 25 pesos.
"Cada vez vamos diminuindo
mais o nível dos presentes porque
não se pode presentear a todos
com o que a gente quer. Os presentes passaram a ser mais lembrancinhas, mas todos vão ter a
sua", disse Mirta Fernández, em
compras em Buenos Aires.
"As pessoas estão mais seletivas,
escolhem, procuram e se orientam por marcas mais acessíveis",
disse Julio Sobrino, da Associação
Coordenadora de Usuários, Consumidores e Contribuintes.
Segundo a Came, os campeões
de venda neste Natal são as bijuterias (alta de 36%), os brinquedos
infantis (35%), as peças de vestuário feminino e os calçados de
praia, como sandálias, além dos
produtos alimentícios típicos das
festas (16%). Segundo a Came,
70% das vendas foram à vista. Na
avaliação da Câmara Argentina
de Comércio, o aumento nas vendas foi reforçado pelas compras
parceladas no cartão de crédito.
"O consumidor argentino tem
privilegiado a mesa de Natal e só
depois vai atrás dos presentes para a família, destinando um pequeno valor para cada um", disse
Vicente Lourenzo, secretário-geral da instituição. "Mas, mesmo
comprando por menos, as pessoas estão comprando mais. Não
voltamos a recuperar os níveis
dos anos 90 em termos de consumo, mas vai ser um ótimo Natal, o
melhor dos últimos três anos."
"O Natal de 2001 foi um desastre, praticamente não se presenteou. Em 2002, as pessoas ainda
estavam desconfiadas, já que não
havia passado o período eleitoral.
Neste ano, a política econômica
estável impulsionou o aumento
no consumo", disse Lourenzo.
O prognóstico otimista não parte apenas da Came. A expectativa
da Câmara Argentina de Shopping Centers é de um aumento de
30% no volume de vendas em relação ao obtido no ano passado.
No dia 23, vários shopping centers em Buenos Aires fizeram
"happy hours" até as 4 horas da
manhã -com direito a apresentação de grupos musicais- à espera de mais consumidores com
compras de última hora.
"Em 2002, faturamos 100,6 milhões de pesos. Esperamos chegar
neste ano a 130 milhões", disse
Augusto Rodríguez Larreta, assessor de um grupo de shoppings.
Números do governo mostram
que a economia argentina vem
sofrendo uma recuperação significativa. A expectativa oficial é fechar o ano com um crescimento
econômico de 7,3%. Apenas no
terceiro trimestre deste ano, o
país cresceu 9,8% em relação ao
mesmo período no ano passado.
No entanto é o próprio presidente Néstor Kirchner quem diz
que, "por mais que nos dêem forças os bons números da economia, ainda estamos no inferno".
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