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Após crise, Merrill Lynch levanta US$ 7,5 bi
Após perda com crise financeira, banco dos EUA vende ativos para fundo do governo de Cingapura e General Electric
Instituição já contabilizou perdas de US$ 8 bi com créditos imobiliários, o que levou à demissão de seu presidente-executivo
DA REPORTAGEM LOCAL
O banco de investimentos
dos EUA Merrill Lynch, um dos
mais abalados com perdas decorrentes da crise hipotecária
americana, anunciou que irá
receber aporte de US$ 6,2 bilhões, após negociar a venda de
parte de suas ações para um
fundo de Cingapura e para a administradora de recursos americana Davis Selected Advisers.
Além disso, o Merrill Lynch
vai conseguir outros US$ 1,3 bilhão com a venda de suas operações de intermediação de
empréstimos à General Electric Company.
O Temasek, que é um fundo
de investimento do governo de
Cingapura, vai adquirir US$ 4,4
bilhões em ações do Merrill
Lynch neste momento e tem a
opção de ficar com mais US$
600 milhões até o fim de março. A Davis Selected Advisers
vai ficar com US$ 1,2 bilhão em
ações da instituição.
Segundo o Merrill Lynch, o
investimento do Temasek e da
Davis não irá representar para
nenhum deles participação na
gestão da instituição americana. A expectativa é que a operação seja concluída ainda em janeiro.
"É muito positivo que o Merrill Lynch esteja tomando as
medidas necessárias para tentar equilibrar seu balanço contábil", afirmou Sean Egan, diretor administrativo da consultoria Egan-Jones Ratings.
No mercado agora especula-se que o Merrill Lynch poderia
optar por vender sua participação na agência de notícias e dados financeiros Bloomberg.
A crise que abalou o setor de
crédito imobiliário de alto risco
dos EUA -o "subprime"- levou o Merrill Lynch a amargar
prejuízos de US$ 2,3 bilhões no
terceiro trimestre, sendo a
maior perda trimestral já apurada pelo banco. Em 2006, o
banco teve lucro de US$ 3,1 bilhões no mesmo período. Os títulos e empréstimos vinculados a contratos de crédito "subprime" geraram perdas de
aproximadamente US$ 8 bilhões à instituição no período.
As perdas recordes com a crise levaram à saída do presidente-executivo do banco, Stan
O'Neal, que foi substituído em
novembro por John Thain.
Thain negociou pessoalmente o acordo com o Temasek, segundo o "The New York Times". Ken Charles Feinberg,
administrador de portfólio da
Davis, afirmou que sua empresa entrou em contato com o
Merrill há duas semanas, interrogando-o sobre o interesse de
receber investimento externo.
Negociações
O aporte de recursos negociado pelo Merrill Lynch soma-se a operações feitas nas últimas semanas envolvendo grandes bancos que tiveram perdas
bilionárias com a crise e fundos
da Ásia e do Oriente Médio.
Juntos, Bear Stearns, Citigroup, Morgan Stanley e UBS
receberam cerca de US$ 22 bilhões vindos principalmente de
investidores da China, de Cingapura e de Abu Dhabi.
Em meados de julho, a crise
do setor de hipotecas de alto
risco nos Estados Unidos, desencadeada pela crescente dificuldade de os americanos
honrarem suas dívidas imobiliárias, se aprofundou e passou
a afetar mais seriamente o mercado financeiro.
A desvalorização de títulos
atrelados a essas hipotecas acabou por levar grandes bancos
internacionais a sofrerem prejuízos bilionários. Com isso, tiveram de buscar alternativas
para levantarem recursos e melhorarem seus balanços.
O primeiro a receber injeção
externa de recursos foi o Citigroup, que recebeu US$ 7,5 bilhões de um fundo de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos)
no fim de novembro. A operação garantiu ao fundo uma participação de 4,9% no banco, o
que fez dele o maior acionista
individual do Citigroup. Os
prejuízos do banco provocaram
a queda de seu então presidente, Charles Prince.
Já o suíço UBS foi o que recebeu o maior aporte de recursos,
US$ 11,5 bilhões, o que representou a venda de mais de 10%
de suas ações para um fundo do
governo de Cingapura e um investidor do Oriente Médio.
Marshall Front, presidente
da administradora de recursos
Front Barnett Associates, de
Chicago, afirma que historicamente era o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA)
que fazia os socorros de última
instância. "Agora estão surgindo os fundos soberanos para
ocuparem esse espaço. E isso é
um bom sinal", disse Front à
agência Reuters.
Com agências internacionais
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