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Na crise, teles vão investir R$ 19 bilhões
Operadoras móveis terão metas de ampliação da rede 3G e pressionam o governo por linhas especiais para fazer caixa
Plano de investimento é 35,7% maior que o de 2008, mas setor cobra benefícios como a desoneração dada a produtos de informática
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
Os investimentos das operadoras móveis para o próximo
ano deverão somar R$ 19 bilhões, 35,7% acima da quantia
investida em 2008. A cifra pode
chegar a R$ 22 bilhões caso repitam a expansão de 2008, incorporando outros 30 milhões
de novos clientes às suas bases.
As companhias dizem que estão capitalizadas, mas pressionam o governo por linhas especiais de crédito, pelo adiamento
no pagamento de tributos e pela redução de impostos para
criar um "colchão" que assegure os investimentos diante da
crise financeira.
Boa parte dos recursos irá
para melhorias da rede atual e
ampliação da cobertura da telefonia 3G (terceira geração), plataforma que permite o acesso à
internet rápida pelo celular.
Os números da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) indicam um longo caminho pela frente. Os acessos saltaram de 1,26 milhão, em outubro, para 1,34 milhão, em novembro, um crescimento de
6,3%. Segundo as operadoras,
80% desse tráfego se refere ao
uso da banda larga móvel.
Esse mercado ainda engatinha, mas as teles não estão
preocupadas. Pesquisas indicam que as receitas dos serviços 3G chegarão a US$ 9 bilhões nos próximos cinco anos.
Entre eles estão o acesso à internet móvel e a venda de pacotes de TV móvel, vídeos e games, por exemplo. Estima-se
que, até lá, o Brasil terá 215 milhões de linhas celulares sendo
35% em 3G. Hoje elas são 1% de
um total de 152 milhões.
Até os fabricantes de celulares estão de olho nesse público.
A Nokia, por exemplo, não só
ampliou o número de aparelhos 3G à venda no país -já são
15- como turbinou o portal da
internet por onde vende músicas, vídeos e serviços como localização via GPS atrelada a ferramenta de buscas. "O Brasil é
prioridade", diz Gustavo Jaramillo, diretor de produtos e serviços da Nokia. "Apostamos no
crescimento desse mercado."
Redução de impostos
Para acelerar o ritmo de expansão dos negócios, e também
a amortização dos investimentos, as teles pedem benefícios
fiscais. Para elas, a banda larga
móvel é fundamental para o desenvolvimento econômico do
país. "Os estudos mostram que
um brasileiro conectado à internet ganha, em média, 20%
mais que os que não usufruem
do serviço", diz Hugo Janeba,
vice-presidente de marketing e
inovação da Vivo.
As operadoras acreditam que
uma das formas de universalizar o acesso à internet seria a
redução dos impostos cobrados
sobre o modem, equipamento
vendido pelas teles que faz a conexão dos notebooks à sua rede
de internet móvel. "O preço do
equipamento hoje é de cerca de
R$ 400", diz Renato Ciuchini,
diretor de novos negócios da
TIM. "Para pensar em massificação e universalização da banda larga móvel, ele deve custar
R$ 150, no máximo."
Representantes de outras
operadoras concordam que devem ter o mesmo tratamento
concedido aos fabricantes de
informática. Há três anos, eles
conseguiram a redução de PIS e
Cofins que incide sobre computadores. Com a medida, o
país se tornou um dos cinco
maiores consumidores de PCs
e notebooks do mundo, pondo
praticamente fim ao mercado
clandestino.
"Nosso setor é fundamental
para o desenvolvimento do
país", diz Mario Cesar de Araujo, presidente da TIM. "Precisamos conectar esses computadores para promover a universalização da banda larga."
Levantamento da americana
Cisco, maior fabricante de
equipamentos que mantêm os
computadores ligados à internet, indica que a popularização
da internet rápida tende a ocorrer pela rede móvel. De acordo
com a pesquisa, o ritmo de crescimento dos acessos à internet
é duas vezes maior que o da rede fixa (feita pela tecnologia
ADSL, via cabo ou satélite).
Expansão
De acordo com as regras do
leilão das licenças de 3G, ocorrido em dezembro de 2007, as
companhias têm metas de cobertura. Ao arrematarem as
freqüências (de 1,9 GHz e 2,1
GHz, faixas da 3G), elas terão
de levar o celular a 1.800 municípios hoje sem o serviço até
2010. Esse também será o prazo para a oferta de banda larga
móvel 3G nas capitais, no Distrito Federal e em 80% da área
urbana das cidades com mais
de 500 mil habitantes.
Após quatro anos, todos os
municípios com mais de 200
mil habitantes deverão estar
cobertos. Passados cinco anos,
50% dos municípios com população entre 30 mil e 100 mil habitantes e a totalidade das cidades acima dessa faixa populacional. Após oito anos, pelo menos 60% dos municípios com
30 mil habitantes terão a tecnologia. Ao todo, cerca de 3.800
cidades serão atendidas com
serviços de banda larga sem fio.
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