São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

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Na crise, teles vão investir R$ 19 bilhões

Operadoras móveis terão metas de ampliação da rede 3G e pressionam o governo por linhas especiais para fazer caixa

Plano de investimento é 35,7% maior que o de 2008, mas setor cobra benefícios como a desoneração dada a produtos de informática

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

Os investimentos das operadoras móveis para o próximo ano deverão somar R$ 19 bilhões, 35,7% acima da quantia investida em 2008. A cifra pode chegar a R$ 22 bilhões caso repitam a expansão de 2008, incorporando outros 30 milhões de novos clientes às suas bases.
As companhias dizem que estão capitalizadas, mas pressionam o governo por linhas especiais de crédito, pelo adiamento no pagamento de tributos e pela redução de impostos para criar um "colchão" que assegure os investimentos diante da crise financeira.
Boa parte dos recursos irá para melhorias da rede atual e ampliação da cobertura da telefonia 3G (terceira geração), plataforma que permite o acesso à internet rápida pelo celular.
Os números da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) indicam um longo caminho pela frente. Os acessos saltaram de 1,26 milhão, em outubro, para 1,34 milhão, em novembro, um crescimento de 6,3%. Segundo as operadoras, 80% desse tráfego se refere ao uso da banda larga móvel.
Esse mercado ainda engatinha, mas as teles não estão preocupadas. Pesquisas indicam que as receitas dos serviços 3G chegarão a US$ 9 bilhões nos próximos cinco anos.
Entre eles estão o acesso à internet móvel e a venda de pacotes de TV móvel, vídeos e games, por exemplo. Estima-se que, até lá, o Brasil terá 215 milhões de linhas celulares sendo 35% em 3G. Hoje elas são 1% de um total de 152 milhões.
Até os fabricantes de celulares estão de olho nesse público. A Nokia, por exemplo, não só ampliou o número de aparelhos 3G à venda no país -já são 15- como turbinou o portal da internet por onde vende músicas, vídeos e serviços como localização via GPS atrelada a ferramenta de buscas. "O Brasil é prioridade", diz Gustavo Jaramillo, diretor de produtos e serviços da Nokia. "Apostamos no crescimento desse mercado."

Redução de impostos
Para acelerar o ritmo de expansão dos negócios, e também a amortização dos investimentos, as teles pedem benefícios fiscais. Para elas, a banda larga móvel é fundamental para o desenvolvimento econômico do país. "Os estudos mostram que um brasileiro conectado à internet ganha, em média, 20% mais que os que não usufruem do serviço", diz Hugo Janeba, vice-presidente de marketing e inovação da Vivo.
As operadoras acreditam que uma das formas de universalizar o acesso à internet seria a redução dos impostos cobrados sobre o modem, equipamento vendido pelas teles que faz a conexão dos notebooks à sua rede de internet móvel. "O preço do equipamento hoje é de cerca de R$ 400", diz Renato Ciuchini, diretor de novos negócios da TIM. "Para pensar em massificação e universalização da banda larga móvel, ele deve custar R$ 150, no máximo."
Representantes de outras operadoras concordam que devem ter o mesmo tratamento concedido aos fabricantes de informática. Há três anos, eles conseguiram a redução de PIS e Cofins que incide sobre computadores. Com a medida, o país se tornou um dos cinco maiores consumidores de PCs e notebooks do mundo, pondo praticamente fim ao mercado clandestino.
"Nosso setor é fundamental para o desenvolvimento do país", diz Mario Cesar de Araujo, presidente da TIM. "Precisamos conectar esses computadores para promover a universalização da banda larga."
Levantamento da americana Cisco, maior fabricante de equipamentos que mantêm os computadores ligados à internet, indica que a popularização da internet rápida tende a ocorrer pela rede móvel. De acordo com a pesquisa, o ritmo de crescimento dos acessos à internet é duas vezes maior que o da rede fixa (feita pela tecnologia ADSL, via cabo ou satélite).

Expansão
De acordo com as regras do leilão das licenças de 3G, ocorrido em dezembro de 2007, as companhias têm metas de cobertura. Ao arrematarem as freqüências (de 1,9 GHz e 2,1 GHz, faixas da 3G), elas terão de levar o celular a 1.800 municípios hoje sem o serviço até 2010. Esse também será o prazo para a oferta de banda larga móvel 3G nas capitais, no Distrito Federal e em 80% da área urbana das cidades com mais de 500 mil habitantes.
Após quatro anos, todos os municípios com mais de 200 mil habitantes deverão estar cobertos. Passados cinco anos, 50% dos municípios com população entre 30 mil e 100 mil habitantes e a totalidade das cidades acima dessa faixa populacional. Após oito anos, pelo menos 60% dos municípios com 30 mil habitantes terão a tecnologia. Ao todo, cerca de 3.800 cidades serão atendidas com serviços de banda larga sem fio.


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