São Paulo, sábado, 26 de dezembro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

PIB do 3º tri é subavaliado, diz analista

A divulgação, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no último dia 10, de que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro subiu somente 1,3% no terceiro trimestre deste ano, abaixo das expectativas do governo, que eram de uma alta de cerca de 2%, azedou os humores no mercado financeiro.
Desde então, a pesquisa semanal Focus, realizada pelo Banco Central com profissionais das instituições financeiras, tem registrado pessimismo nas expectativas para o crescimento do país neste ano.
De uma elevação de 0,21%, a estimativa média passou a uma retração de 0,26% no levantamento imediatamente seguinte ao anúncio dos dados do trimestre passado. Na última semana, a projeção melhorou um pouco, apontando uma queda de 0,23% da atividade em 2009.
Em relação a 2010, as previsões variaram de um avanço de 5% para um de 5,03% e depois voltaram a 5%.
Para os economistas, entretanto, essa avaliação negativa está equivocada.
"Os números do terceiro trimestre vieram piores do que se esperava porque os estoques das empresas ainda se encontravam bastante altos nesse período", explica Bráulio Borges, da LCA Consultores. "Porém, excluindo esse dado, o PIB teria registrado um aumento de aproximadamente 2,3%."
Como no quarto trimestre o efeito dos estoques foi quase eliminado, a economia deve dar um salto maior.
"E a demanda já está subindo a um ritmo de 10% ao ano. Portanto, a economia cresce a uma velocidade maior do que a que o mercado enxerga no momento", acrescenta Borges.

"A demanda já sobe a um ritmo de 10% ao ano. Excluindo o dado de estoques, o PIB do 3º trimestre teria avançado 2,3%. Portanto, a economia cresce a uma velocidade maior do que a que o mercado enxerga no momento"
BRÁULIO BORGES
economista da LCA Consultores

Setor de alimentos insiste em desoneração

O governo federal já avisou que, como a economia brasileira dá sinais firmes de recuperação, não pretende realizar novas desonerações tributárias em 2010. Mesmo assim, um dos únicos setores que não tiveram seu pedido de redução de impostos atendido neste ano pretende insistir na demanda.
A indústria de alimentos quer que sejam zerados o PIS e a Cofins incidentes sobre os itens da cesta básica e as carnes como forma de diminuir o peso de tais produtos no orçamento familiar, liberando uma parte dessa renda para o consumo.
Segundo estudo realizado pela FGV (Fundação Getulio Vargas) para a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), os lares com rendimentos de até R$ 1.000 gastam 19,6% desses recursos com alimentação.
"O presidente Lula já reconheceu que as desonerações concedidas resultaram em alta do investimento e do emprego. Diminuir a tributação da cesta básica traria os mesmos resultados positivos", defende Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
De acordo com o levantamento, se adotada, ao final de 36 meses a medida ajudaria a elevar o PIB nacional em cerca de 1,7%.

3-D PARA A BAIXA RENDA

"É como oferecer óculos 3-D", compara Tarcísio Godoy, presidente da Brasilprev. "Com noções de finanças, a pessoa passa a enxergar oportunidades que não via antes."
A população de menor renda ainda tem participação pequena no ramo de previdência. "É preciso investir em educação financeira", diz Godoy, que foi coordenador-geral da dívida pública e secretário-adjunto de política fiscal e hoje é responsável pela gestão de R$ 27 bilhões de ativos da Brasilprev. Esse montante é 32% superior ao de 2008.
De janeiro a outubro, a arrecadação total cresceu 53,5% ante o mesmo período de 2008, ainda concentrada na alta renda (com investimentos de aproximadamente R$ 5.000).
"O tíquete médio ainda é alto porque o número de clientes cresceu apenas cerca de 6%", diz Godoy.
Ligada ao Banco do Brasil, a empresa bateu vários recordes neste ano. Foi líder em captação líquida, em retenção de clientes e abocanhou 27,5% do mercado de PGBLs.
"Este foi o pior ano... dos anos futuros", brinca Godoy, que espera resultados ainda mais promissores. Segundo a Brasilprev, em 2022, toda a indústria de previdência privada terá R$ 1 trilhão em ativos e a empresa espera ter perto de 30% do total.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e DENYSE GODOY


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