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2010 deve criar mais 2 milhões de empregos
Crescimento do mercado interno e investimentos e aumento das obras de infraestrutura devem puxar criação de vagas formais
Próximo ano deve ser dos melhores para o mercado de trabalho nacional, com renda e emprego em alta sustentando expansão
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento do mercado
interno deve fazer com que
2010 seja um dos melhores
anos para o emprego e para a
renda do trabalhador.
A expectativa é que, sem sobressaltos econômicos, 2 milhões de empregos formais sejam criados no próximo ano
-quase o dobro do número
deste ano. A maior parte desse
emprego será ofertada pelo setor de serviços.
Economistas e representantes de associações da indústria
e do comércio estimam para o
ano que vem alta de 2,2% a
5,5% do pessoal ocupado, de
1,8% a 8,82% do rendimento
médio real e de 4,8% a 11,2% da
massa real de salários na comparação com este ano.
Além da demanda interna, o
que deve estimular o emprego e
a renda são os investimentos
decorrentes de um ano eleitoral e as obras planejadas pelos
setores público -como as dos
programas PAC (infraestrutura) e Minha Casa, Minha Vida
(habitação)- e privado.
"O crescimento do emprego
e da renda em 2010 já está contratado. A expansão do crédito,
a redução dos juros e a inflação
baixa vão dar gás ao consumo
doméstico, e as obras públicas
vão se acelerar. Haverá ainda
injeção de recursos para a construção civil. Tudo isso vai ter
reflexo também nos setores de
serviços e comércio e beneficiar a economia como um todo", afirma Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
A estabilidade na inflação é
um dos pontos mais importantes, segundo Fabio Romão,
consultor da LCA, para garantir
o bom desempenho do mercado de trabalho. "Na nossa previsão, serão criados 1,302 milhão de empregos neste ano.
Em 2010, a projeção é de que 2
milhões de novas vagas com
carteira sejam criadas."
Para Clemente Ganz Lúcio,
economista do Dieese, a cadeia
produtiva do setor de construção civil será uma das mais ativas em 2010. "Tudo o que estiver associado à construção civil, como os setores siderúrgico, de louças, mármores e móveis, será beneficiado", diz.
Como esses setores têm impacto em toda a economia, já
que são grandes empregadores
de mão de obra, na sua avaliação, toda a economia ganha. "O
Brasil deve registrar em 2010
um dos maiores crescimento
econômico dos últimos anos."
A previsão dos economistas é
de o PIB crescer 5%. O governo
já fala em até 5,8%, segundo dados divulgados pelo Banco
Central nesta semana.
Um dos sinais de que a ocupação e a renda vão subir é a expansão do uso da capacidade
instalada das fábricas. Em novembro, estava em 82,9% (com
ajuste sazonal), a mais alta desde o final do ano passado, segundo a Sondagem da Indústria de Transformação realizada pelo IBRE/FGV.
"O aumento da capacidade
instalada da indústria sinaliza a
volta dos investimentos, com
reflexo em mais emprego e renda em 2010. Será um dos melhores anos desta década para
emprego e renda", diz Marcio
Pochmann, presidente do Ipea.
Na avaliação de Sérgio Vale,
economista-chefe da MB Associados, mesmo que haja uma
desaceleração da economia por
conta de uma eventual elevação da taxa básica de juros do
país, a Selic, a média de crescimento anual da renda do Brasil
no período de 1995 e 2015 deverá ser da ordem de 6%.
A distribuição de renda, segundo ele, deverá ser mais
equilibrada entre as classes
média, baixa e alta, diferentemente do que ocorreu com fortes ajustes do salário mínimo e
o Bolsa Família, que incrementaram a massa de renda da faixa
mais pobre da população.
"Com a retomada da economia em bases mais sólidas, devemos ter a classe média em
destaque nos próximos anos,
comportamento que começou
a acontecer nos últimos anos.
Pode haver um início de crescimento mais consistente da renda das classes A e B, o que deve
triplicar o crescimento da massa de renda nos próximos
anos", afirma Vale.
Já o ingresso de novos consumidores -principalmente das
classes D e E- no comércio
também impulsiona as vendas
e vai ter impacto na geração de
vagas do país, segundo avalia
Fabio Pina, assessor econômico da Fecomercio SP.
Obstáculos
Alguns dos obstáculos para a
inversão desse cenário, na avaliação de Pochmann, estão no
mercado externo. "Há a expectativa de que a retomada da
economia mundial não se sustente nos países mais avançados, como Estados Unidos e Japão, com impacto no Brasil."
Isso porque as empresas estão cada vez mais internacionalizadas. "Se a situação econômica piorar no mercado internacional, é possível que o fôlego
diminua por aqui, com algum
impacto negativo no emprego e
na renda", afirma
Na avaliação de Pochmann,
dos 2 milhões de empregos
criados no país em 2010, 70%
serão oferecidos pelo setor de
serviços, situação que ocorre
no país desde 2000. "Apesar de
a tendência ser de aumento na
produção, o setor de serviços
vai criar mais empregos."
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