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Governo deve abrir mão de R$ 1,2 bi de IPI em 2010
DA SUCURSAL DO RIO
O governo gastará, pelo menos, mais R$ 1,2 bilhão em 2010
somente em desonerações de
IPI, prorrogadas para veículos,
linha branca e construção civil.
O cálculo, obtido pela Folha
junto à Receita Federal, não inclui o benefício ampliado para
o setor de móveis, pois não havia ainda sido oficializado.
Apesar de não pleitear a
prorrogação, o setor automotivo viu com bons olhos a renovação e já prevê vendas maiores para 2010, quando a produção deve chegar a 3,2 milhão de
unidades, segundo estimativa
da Anfavea. Neste ano, devem
ser fabricados um recorde de
3,1 milhão de veículos.
O setor foi pego de surpresa
com o anúncio, em novembro,
da prorrogação da medida.
Segundo Jackson Schneider,
presidente da entidade, as
montadoras não contavam
com uma nova ampliação de
sua vigência. O executivo disse
que a desoneração evitou mais
demissões no setor, que "cumpriu seu compromisso" de repassar todo o benefício aos
consumidores.
O ramo foi o que mais recebeu incentivo: R$ 3,3 bilhões
-60% do total. Um dos motivos é que ele contribui com a
maior parcela de IPI entre todos os setores.
Para Lourival Quiçula, presidente da Eletros (Associação
Nacional de Fabricantes de
Produtos Eletroeletrônicos), a
indústria automobilística tem
uma conexão muito grande
com a sua rede de revendedores, todos exclusivos. As concessionárias, diz, oferecem crédito dos bancos das montadoras e praticam uma política comercial muito afinada com os
fabricantes.
Isso facilita, diz ele, o repasse
do benefício fiscal para os preços. No caso da linha branca,
segundo Quiçula, não há exclusividade na revenda, e cada varejista pratica seus preços.
"Mas, se não houve um repasse integral, isso ocorreu no
varejo. A indústria reduziu
seus preços na mesma proporção do IPI. Isso eu asseguro",
disse Quiçula.
Para Claudio Conz, presidente da Associação Nacional
dos Comerciantes de Material
de Construção, o setor tem cadeia mais extensa e complexa,
o que dificulta os repasses.
O executivo diz ainda que o
segmento foi o único cuja redução do IPI não incidiu sobre os
produtos em estoque -cujas
notas fiscais foram devolvidas
e faturadas novamente com os
preços menores, sem o tributo,
no caso de eletrodomésticos de
linha branca e veículos.
Sem essa possibilidade, diz,
os preços no varejo da construção caíram bem mais lentamente e apenas quando os novos produtos saíram das fábricas e ingressaram, aos poucos,
no comércio.
Pelos dados da Receita, as
desonerações de IPI para o setor de construção somaram R$
952 milhões neste ano. Foi o
segundo setor mais favorecido
pelo governo. Já o de linha
branca, deixou de recolher R$
380 milhões ao Fisco.
O de máquinas e equipamentos, cuja produção só voltou a
crescer mais recentemente,
contou com uma desoneração
de R$ 345 milhões.
Pelos dados do IBGE, a produção de bens de capital repercutiu positivamente o estímulo
e cresceu 14,1% de julho a outubro deste ano.
(PS)
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