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Exportador traz mais dólar e segura real
Empresas elevam entrada de dólares no final de ano, o que pressiona cotação da moeda americana
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Principais críticos do real sobrevalorizado, os exportadores
brasileiros estão trazendo mais
dólares para o país neste fim de
ano, o que está compensando,
em parte, a redução na entrada
de dinheiro no mercado financeiro por causa do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) implantado em outubro.
Esse movimento se deve,
principalmente, à necessidade
de recursos para despesas de
fim de ano e à alta na cotação do
dólar nas últimas semanas.
Segundo dados do Banco
Central, nos últimos dois meses, essas empresas trouxeram
praticamente todos os dólares
das exportações brasileiras para o país. Isso representa uma
mudança em relação ao movimento registrado até setembro,
quando parte desse dinheiro
estava sendo deixado lá fora.
Há três anos, o BC começou a
flexibilizar as regras cambiais
de forma a permitir que parte
dos dólares das exportações ficasse depositada em bancos no
exterior. O objetivo da medida
era reduzir a entrada de moeda
estrangeira no país, fator que
vinha pressionando a cotação
do dólar para baixo e afetando
as vendas externas do Brasil.
Em 2008, ano em que a entrada de capital externo bateu
recorde, essa obrigação foi totalmente eliminada.
Antes, o dinheiro das exportações tinha um prazo para voltar ao país, obedecendo a uma
regra criada há mais de 50 anos,
quando o problema era a falta
de moeda estrangeira no país,
não o excesso.
Na época, mesmo uma empresa que precisava pagar um
compromisso lá fora era obrigada a fazer uma operação para
converter o dinheiro para reais
e depois enviá-lo novamente
para o exterior.
Neste ano, o fluxo dos dólares das exportações para o país
tem acompanhado, principalmente, a cotação da moeda norte-americana. No começo do
ano, a falta de recursos para o
setor e a alta do dólar levou essas empresas a trazerem para o
país US$ 3,6 bilhões além do
valor efetivamente exportado.
Parte dessa diferença se deve
aos contratos de adiantamento
de exportações, um instrumento utilizado para financiar essas
empresas.
Nos quatro meses seguintes,
com a normalização do crédito
ao exportador e a queda na cotação da moeda, que ameaçou
voltar ao patamar de R$ 1,60,
cerca de US$ 12 bilhões em exportações físicas ficaram no exterior.
Os números do BC mostram
que, nos últimos dois anos, US$
18 bilhões em exportações não
foram trazidos para o país. Somente neste ano, foram R$ 7,3
bilhões. Isso representa pouco
mais de 5% das vendas brasileiras nesse período.
Esse valor ganha importância, no entanto, quando comparado ao saldo de dólares que entraram no país neste ano, de
US$ 26 bilhões, o que representa um alívio na pressão que esse
fluxo vem exercendo sobre a taxa de câmbio.
Para o gerente da Fair Corretora, Mario Batisttel, essa entrada de recursos tem sido
compensada pelo aumento das
importações e pela atuação dos
bancos na compra de moeda.
"Apesar dos exportadores estarem trazendo mais dinheiro,
o volume que os importadores
estão mandando para fora é
maior. Sem isso, a moeda estaria um pouco mais cara, haveria
um pouco mais de procura por
dólar", afirmou.
Para o economista João Medeiros, da corretora de câmbio
Pioneer, mesmo com um câmbio mais atrativo, os exportadores devem continuar mantendo
um volume mínimo de recursos lá fora. Segundo ele, esse
volume de recursos está concentrado junto aos grandes exportadores, que têm alto volume de despesas no exterior e
não vão inundar o mercado
com esses dólares de uma hora
para outra.
"Nos dias em que o dólar sobe por aqui, os exportadores
aproveitam para vender o câmbio e ganhar um pouco mais de
reais. Mas essas grandes empresas têm a sua programação
financeira, e ninguém vai vender dólar por impulso."
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