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CONTAS PÚBLICAS
Aumento da carga tributária em 2005 ajudou no aperto fiscal
Governo economiza R$ 6,2 bi
a mais para os juros da dívida
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento da carga tributária
federal ajudou o governo a realizar um ajuste fiscal em 2005 superior à meta fixada para o ano. A
economia para pagar juros da dívida pública somou R$ 52,5 bilhões no ano passado, ficando R$
6,2 bilhões acima do previsto.
Em 2005, o total arrecadado
com impostos e contribuições pelo governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco
Central) representou 25,26% do
PIB (soma das riquezas produzidas no país). Em 2004, o resultado
foi de 23,75%. O aumento vai contra o compromisso do ministro
da Fazenda, Antonio Palocci, de
não elevar a carga tributária.
"Há indícios, sim, de que aumentou a arrecadação em relação
ao PIB. Mas também pode se dizer que houve estabilidade, já que
não houve esforço de elevar alíquotas ou aumentar a base de
contribuintes. Fizemos o possível
para reduzir impostos ao longo
do ano. Esse esforço não se extingue", justificou o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy.
O principal motivo para a elevação na receita em 2005, argumenta o secretário, foi o crescimento
não esperado na arrecadação da
CSLL (Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido) e do IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica). São tributos que incidem sobre o lucro das empresas. "Houve
um elemento inesperado decorrente do aumento da lucratividade das empresas", disse Levy.
O superávit primário (receitas
menos despesas, exceto os juros
da dívida) esperado para 2005 era
de R$ 46,3 bilhões. Isso equivale a
2,38% do PIB, de acordo com os
cálculos oficiais. O resultado, no
entanto, superou a expectativa e
alcançou 2,72%. O Tesouro destaca que, em relação ao PIB, o número ficou abaixo do verificado
em 2004: 2,79%.
"Foi um bom resultado que traz
tranqüilidade para contas públicas. Foi uma boa surpresa. Eu não
diria exagerada, pois ficou marginalmente mais alta. É uma margenzinha que não é muito grande,
mas nos dá segurança", afirmou.
No final de 2005, os ministros
Palocci e Dilma Rousseff (Casa
Civil) viveram um embate público sobre o tamanho do superávit
primário. Enquanto Dilma defendia ampliação dos gastos e o cumprimento da meta de 4,25%
-além do governo central, estatais e Estados e municípios-, Palocci tentava elevar o esforço fiscal
para 5%.
Os dados consolidados do setor
público serão divulgados pelo BC
na próxima semana. O desempenho do governo central indica
que o superávit primário do setor
público, que inclui Estados, municípios e estatais, deve ficar entre
4,8% e 5% do PIB no ano passado
-acima da meta prevista.
Além da arrecadação recorde de
2005, pesou no resultado do ano o
fato de os ministérios não terem
gastado integralmente os recursos liberados pelo Tesouro. Segundo Levy, R$ 5 bilhões autorizados para gastos em dezembro
não foram consumidos. "Houve
um acúmulo de recursos no caixa
dos ministérios", afirmou ele.
No caso dos investimento, por
exemplo, os ministérios gastaram
em 2005 R$ 10 bilhões. O Orçamento previa R$ 21,9 bilhões
-somente do Executivo- para
despesas com obras e programas.
Além dos R$ 10 bilhões efetivamente gastos [R$ 4,1 bilhões de
anos anteriores], outros R$ 5 bilhões foram contratados no ano
passado, mas só devem ser pagos
neste ano ou nos próximos.
Despesa
Ao detalhar o fechamento das
contas de 2005, Levy relatou que
as despesas do Tesouro cresceram
16,5% no ano. Os gastos com benefícios assistenciais e com pagamento de seguro-desemprego e
abono salarial do PIS (conhecido
como 14º salário) tiveram aumentos superiores a 20%. As despesas
do governo com subsídios também cresceram, assim como os
gastos com saúde e educação.
Levy também ressaltou que as
transferências para Estados e municípios aumentaram 24,2% em
relação a 2004. Isso aconteceu
porque houve elevação na arrecadação de impostos que são partilhados entre a União, as prefeituras e os governos estaduais.
Ele também mostrou preocupação com o crescimento do déficit
da Previdência. "Houve uma deterioração significativa", disse.
Em 2004, o rombo previdenciário
era equivalente a 1,81% do PIB.
Em 2005, subiu para 1,94%.
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