São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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País encara turbulência em situação melhor

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil sobreviveu a várias crises externas nos últimos 15 anos, mas nunca com uma situação tão confortável, segundo economistas.
Com reservas de US$ 185 bilhões, o país tem dinheiro suficiente para cobrir toda a dívida externa pública, de US$ 61,8 bilhões, e quase zerar os US$ 196 bilhões se contar o setor privado. As reservas funcionam como um colchão contra eventuais perdas de divisas. Além disso, hoje o crescimento depende mais do consumo interno do que do setor externo.
Mesmo na hipótese de o dólar disparar -como em 1999, após a desvalorização do real, e em 2002, antes da eleição-, a situação fiscal do Brasil até melhoraria. "Se o real hoje se desvaloriza, a relação dívida/PIB cai. É benéfico. Claro que ninguém vai ficar torcendo para o câmbio se desvalorizar, que pressiona a inflação", diz Sergio Werlang, diretor do BC à época da crise de 1999, quando a dívida pública passava de 53% do PIB -hoje, está em 43%.
No passado, as crises internacionais jogavam países emergentes, como o Brasil, na recessão e ainda os condenavam a adotar medidas mais recessivas, como o aumento explosivo de juros. "O governo era obrigado a elevar o superávit primário. Tinha sempre aqueles pacotes de aumento de impostos e corte de despesas. O BC era quase que obrigado a subir os juros. Aqueles aumentos de taxas para 40% de 1998 estão na história", diz Gustavo Loyola, presidente do BC à época da crise mexicana.
O mundo também mudou com o crescimento acima de 10% ao ano da China, que conseguiu reverter uma relação de dependência entre países ricos e pobres, que perdurava desde o colonialismo. Os chineses despejaram seus produtos no mundo, derrubando o preço dos manufaturados. Por outro lado, o consumo chinês de matérias-primas elevou sem precedentes os preços das commodities. A mudança trouxe um novo equilíbrio entre os países.
"O balanço das empresas americanas é muito mais saudável hoje do que em 2001 [após a bolha da internet e os atentados do 11 de Setembro]. Da receita das empresas do S&P [índice da Bolsa de NY, que mede 500 empresas], 40% vêm do exterior. Teoricamente, tem de sofrer muito menos", disse Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC, que também enfrentou a crise em 2002.
(TONI SCIARRETTA)


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