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País encara turbulência em situação melhor
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil sobreviveu a várias
crises externas nos últimos 15
anos, mas nunca com uma situação tão confortável, segundo economistas.
Com reservas de US$ 185 bilhões, o país tem dinheiro suficiente para cobrir toda a dívida
externa pública, de US$ 61,8 bilhões, e quase zerar os US$ 196
bilhões se contar o setor privado. As reservas funcionam como um colchão contra eventuais perdas de divisas. Além
disso, hoje o crescimento depende mais do consumo interno do que do setor externo.
Mesmo na hipótese de o dólar disparar -como em 1999,
após a desvalorização do real, e
em 2002, antes da eleição-, a
situação fiscal do Brasil até melhoraria. "Se o real hoje se desvaloriza, a relação dívida/PIB
cai. É benéfico. Claro que ninguém vai ficar torcendo para o
câmbio se desvalorizar, que
pressiona a inflação", diz Sergio
Werlang, diretor do BC à época
da crise de 1999, quando a dívida pública passava de 53% do
PIB -hoje, está em 43%.
No passado, as crises internacionais jogavam países
emergentes, como o Brasil, na
recessão e ainda os condenavam a adotar medidas mais recessivas, como o aumento explosivo de juros. "O governo era
obrigado a elevar o superávit
primário. Tinha sempre aqueles pacotes de aumento de impostos e corte de despesas. O
BC era quase que obrigado a subir os juros. Aqueles aumentos
de taxas para 40% de 1998 estão na história", diz Gustavo
Loyola, presidente do BC à época da crise mexicana.
O mundo também mudou
com o crescimento acima de
10% ao ano da China, que conseguiu reverter uma relação de
dependência entre países ricos
e pobres, que perdurava desde
o colonialismo. Os chineses
despejaram seus produtos no
mundo, derrubando o preço
dos manufaturados. Por outro
lado, o consumo chinês de matérias-primas elevou sem precedentes os preços das commodities. A mudança trouxe um
novo equilíbrio entre os países.
"O balanço das empresas
americanas é muito mais saudável hoje do que em 2001
[após a bolha da internet e os
atentados do 11 de Setembro].
Da receita das empresas do
S&P [índice da Bolsa de NY,
que mede 500 empresas], 40%
vêm do exterior. Teoricamente,
tem de sofrer muito menos",
disse Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC, que também enfrentou a crise em 2002.
(TONI SCIARRETTA)
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