São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consumo interno é aposta para superar crise

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

O desempenho das empresas brasileiras não ficará comprometido com a crise financeira nos EUA porque o consumo interno compensará eventuais perdas. É o que afirmam executivos consultados pela Folha.
Segundo eles, é a primeira vez que suas companhias enfrentarão os efeitos de uma turbulência externa contando com o respaldo dos consumidores brasileiros.
Na petroquímica, as exportações deverão sofrer queda de cerca de 15%. Essa é a previsão de José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Nova Petroquímica, que deverá exportar 700 mil toneladas a menos neste ano. "Felizmente, não negociamos tanto com os EUA", diz.
Segundo ele, essa perda será compensada com o crescimento das vendas no próprio país. Em 2008, a previsão de safra agrícola de 135 milhões de toneladas exigirá mais embalagens feitas com materiais processados pelas petroquímicas.
A expansão da indústria automotiva, que utiliza 50 kg de polipropileno e polietileno na fabricação de cada automóvel, e da construção civil, que utiliza conexões e tubos termoplásticos em suas obras, também será relevante. Além disso, a desaceleração nos EUA forçará o preço do barril de petróleo para baixo dos US$ 80, reduzindo os custos de produção das petroquímicas no Brasil.
Humberto Barbato, dono da companhia Santa Terezinha, que exporta isoladores de cerâmica para redes elétricas, está construindo uma nova fábrica que permitirá cortar custos e deixar o preço das mercadorias mais competitivo.

Fator câmbio
Setores dependentes da importação de componentes também estão despreocupados com a alta do dólar.
Fernando Fischer, presidente da Tectoy, aposta que o dólar não deverá passar de R$ 1,90. "Só acima disso tomaremos medidas, porque o impacto no preço seria inevitável." Mesmo que o dólar dispare nesse período, a Tectoy já pagou pelas importações dos próximos quatro meses. Segundo Fischer, a empresa não reviu suas metas de investimento. "O mercado interno está muito aquecido."
Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Informática, outra importadora de componentes eletrônicos, também está confiante. Ele quer repetir a liderança na venda de computadores e notebooks, que, em 2008, deverá bater um novo recorde, com 13,5 milhões de unidades, 33,4% a mais que em 2007.


Texto Anterior: País encara turbulência em situação melhor
Próximo Texto: Yoshiaki Nakano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.