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Consumo interno é aposta para superar crise
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
O desempenho das empresas
brasileiras não ficará comprometido com a crise financeira
nos EUA porque o consumo interno compensará eventuais
perdas. É o que afirmam executivos consultados pela Folha.
Segundo eles, é a primeira
vez que suas companhias enfrentarão os efeitos de uma
turbulência externa contando
com o respaldo dos consumidores brasileiros.
Na petroquímica, as exportações deverão sofrer queda de
cerca de 15%. Essa é a previsão
de José Ricardo Roriz Coelho,
presidente da Nova Petroquímica, que deverá exportar 700
mil toneladas a menos neste
ano. "Felizmente, não negociamos tanto com os EUA", diz.
Segundo ele, essa perda será
compensada com o crescimento das vendas no próprio país.
Em 2008, a previsão de safra
agrícola de 135 milhões de toneladas exigirá mais embalagens feitas com materiais processados pelas petroquímicas.
A expansão da indústria automotiva, que utiliza 50 kg de
polipropileno e polietileno na
fabricação de cada automóvel,
e da construção civil, que utiliza conexões e tubos termoplásticos em suas obras, também
será relevante. Além disso, a
desaceleração nos EUA forçará
o preço do barril de petróleo
para baixo dos US$ 80, reduzindo os custos de produção
das petroquímicas no Brasil.
Humberto Barbato, dono da
companhia Santa Terezinha,
que exporta isoladores de cerâmica para redes elétricas, está
construindo uma nova fábrica
que permitirá cortar custos e
deixar o preço das mercadorias
mais competitivo.
Fator câmbio
Setores dependentes da importação de componentes também estão despreocupados
com a alta do dólar.
Fernando Fischer, presidente da Tectoy, aposta que o dólar
não deverá passar de R$ 1,90.
"Só acima disso tomaremos
medidas, porque o impacto no
preço seria inevitável." Mesmo
que o dólar dispare nesse período, a Tectoy já pagou pelas importações dos próximos quatro
meses. Segundo Fischer, a empresa não reviu suas metas de
investimento. "O mercado interno está muito aquecido."
Hélio Rotenberg, presidente
da Positivo Informática, outra
importadora de componentes
eletrônicos, também está confiante. Ele quer repetir a liderança na venda de computadores e notebooks, que, em 2008,
deverá bater um novo recorde,
com 13,5 milhões de unidades,
33,4% a mais que em 2007.
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