São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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Existe dúvida sobre "crise latina" nos EUA

DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Lawrence Summers, o ex-secretário norte-americano do Tesouro, foi didático como professor de Harvard ao explicar ontem a diferença entre as crises dos anos 90 nos mercados emergentes (Brasil inclusive) e a crise americana de 2007/08.
"Nos países emergentes, aconteceu uma crise de desconfiança externa. Nos EUA, a crise está sendo provocada pelo estouro de uma bolha interna."
Todo esse didatismo não bastou para dissipar as dúvidas sobre a irônica hipótese de os Estados Unidos acabarem sofrendo uma crise semelhante à dos emergentes.
Dúvida, de resto, diretamente manifestada por um dos assistentes do debate de ontem sobre o panorama econômico para este ano.
Há possibilidade de a crise levar a uma desconfiança externa que faça derreter o dólar, como derreteu, por exemplo, o real em 1999?
"O perigo existe", admitiu Summers. Mas acrescentou que uma adequada dosagem de estímulo fiscal (gastos do governo) resolverá o problema. Não deixa de ser irônico que, nas crises na América Latina, os governos eram duramente criticados pelos americanos, Summers inclusive, exatamente pelo suposto (ou real) excesso de gastos governamentais.
Já John Thain, executivo-chefe da Merrill Lynch, descarta a hipótese, por dois motivos: primeiro, porque "as instituições financeiras foram muito agressivas em assumir suas perdas e em buscar recapitalização". Depois, porque está havendo grande interesse em investir nos EUA, inclusive de parte dos chamados fundos soberanos (governamentais) de outros países.
"É um grande voto de confiança nos Estados Unidos", acredita Thain. (CR)


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