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Investimento direto atinge US$ 45 bi em 2008
Ingressos crescem 30%, batem recorde e superam projeção do BC; operação da CSN infla resultado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ingresso de investimentos
estrangeiros diretos para o Brasil superou as expectativas do
governo e chegou a US$ 45 bilhões no ano passado, segundo
dados do Banco Central. Trata-se do maior valor já apurado
pela série estatística do BC, que
começa em 1947, e representa
um crescimento de 30% em relação ao recorde anterior, alcançado em 2007.
Relatório divulgado na semana passada pela Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre
Comércio e Desenvolvimento)
estimava o fluxo de 2008 em
US$ 41,7 bilhões. A projeção do
BC era de US$ 40 bilhões.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, as estimativas foram superadas devido ao resultado acima do esperado em dezembro, quando o país recebeu
US$ 8,1 bilhões em investimentos. Esse valor, porém, foi inflado em US$ 3 bilhões por uma
operação feita pela CSN, que fechou a venda de parte de uma
de suas subsidiárias do setor de
mineração para um consórcio
de empresas asiáticas.
Essa negociação envolveu
troca de ações, ou seja, a CSN
recebeu um pagamento pela
venda -contabilizada como investimento estrangeiro-, mas,
em troca, também adquiriu
participação acionária nesse
mesmo grupo de companhias
estrangeiras -e, para isso, enviou os recursos para fora.
Por outro lado, Lopes ressalta que, mesmo sem considerar
essa operação, o fluxo de investimentos para o Brasil no ano
passado seria recorde. Para o
funcionário do BC, isso é um sinal de que o país tem condições
de atravessar a atual crise com
um pouco mais de tranquilidade. "Esse tipo de investidor tem
uma perspectiva de longo prazo e vislumbra uma situação
melhor para o futuro", diz.
Apesar da importância desse
resultado para o equilíbrio das
contas externas, os números
mostram que hoje em dia o peso que os investimentos estrangeiros têm sobre o comportamento da economia é menor do
que foi num passado recente.
Em 2008, os investimentos
estrangeiros recebidos pelo
Brasil corresponderam a 2,84%
do PIB, enquanto em 2001 a
proporção era de 4,06%. Para
Zeina Latif, economista-chefe
do banco ING, isso mostra que
a economia brasileira ainda é
muito fechada. "A dinâmica do
nível de atividade ainda depende muito do mercado interno."
Segundo ela, esse pequeno
grau de abertura impediu que o
país crescesse mais nos últimos
anos, quando o cenário mundial era mais favorável, mas
também pode ajudar o país a
enfrentar a atual crise com um
pouco mais de fôlego.
Para Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, uma das dúvidas
em relação às contas externas
neste ano está no fluxo de investimentos estrangeiros no
mercado financeiro e na capacidade de empresas brasileiras
em voltar a captar empréstimos no exterior. "Ainda não há
sinal de normalização disso."
Neste mês, segundo dados
parciais, o setor privado conseguiu refinanciar apenas 53%
das parcelas da dívida externa
que venceram no período. Em
dezembro, foram 47%.
Em compensação, o fato de
empresas brasileiras estarem
sendo obrigadas a quitar seus
compromissos no mercado internacional, em vez de refinanciá-los, ajuda a reduzir a dívida
externa total do país. Entre setembro e dezembro, esse endividamento caiu de US$ 211 bilhões para US$ 200 bilhões.
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