|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INDÚSTRIA
Empresa pretende usar MP
GM estuda afastar 850 funcionários
ROGER MARZOCHI
da Folha Vale
A General Motors quer afastar
850 funcionários, e reduzir seus salários em 20%, dos 8.794 empregados da unidade de São José dos
Campos (97 km de São Paulo) por
cinco meses por causa da crise econômica e da queda nas vendas.
A montadora vai usar a medida
provisória que criou a demissão
temporária, na qual o trabalhador
fica afastado por um período recebendo salário menor.
Serão afetados os trabalhadores
das linhas do Corsa e da picape S-10, que têm 4.200 pessoas.
De setembro a novembro de 98, a
montadora demitiu 2.091 funcionários. Em São José, o número total de demitidos na indústria metalúrgica já ultrapassa os 4.000.
A proposta foi apresentada ontem pela manhã aos diretores do
Sindicato dos Metalúrgicos de São
José dos Campos, que são contra a
medida provisória do governo.
Após assembléia realizada às
15h30, na saída do primeiro turno,
cerca de 600 trabalhadores votaram contra a proposta. Como contraproposta, o sindicato sugeriu o
regime de licença remunerada.
"Vamos resistir e, se for preciso,
vamos fechar a Dutra, fechar o
centro da cidade e parar a fábrica.
Não vamos aceitar demissões",
disse o diretor do sindicato Luiz
Carlos Prates. Após a votação, os
trabalhadores da montagem, que
fabrica o Corsa, fizeram uma paralisação até as 17h em protesto.
Segundo o gerente da assessoria
trabalhista e relações sindicais da
GM, Antonio Cursino de Alcântara, a empresa abriu negociação
com o sindicato para evitar que
mais demissões agravem o quadro.
"Nós temos consciência da crise
social e não queremos agravar a situação. A empresa espera uma
proposta do sindicato", disse.
Alcântara disse que, ao aplicar a
medida provisória, o trabalhador
não vai precisar ter gastos de locomoção e, portanto, a redução salarial de 20% não o prejudicaria.
O metalúrgico Rogério Chagas,
24, disse que o clima dentro da fábrica é tenso. "Ninguém sabe
quem pode ser afastado. Há ainda
o medo de depois de cinco meses
ser demitido ao invés de voltar."
Chagas, que trabalha há quatro
anos no setor de estamparia, disse
que vai ter problemas caso seja incluído entre os 850.
"Tenho contas para pagar e conto com o que recebo. Se eu for afastado, terei problemas", disse.
Segundo Prates, o ritmo de produção do Corsa é de 30 carros por
hora, sendo que o normal é de 38.
No dia 14 deste mês, o ritmo era de
25 por hora. Já a produção da S-10
está em 7 por hora. O normal é 12.
Philips
A unidade da Philips em São José
colocou anteontem 205 dos 260
funcionários da unidade que produz monitores para computadores
em férias coletivas por 20 dias.
Nos últimos três meses a empresa demitiu 655 funcionários, reduzindo o seu quadro de 2.500 para
1.845. Segundo a empresa, a decisão foi tomada em decorrência da
instabilidade cambial.
Texto Anterior: BC descarta centralização Próximo Texto: Ford mantém demissões e ameaça com novo aumento Índice
|