São Paulo, Quarta-feira, 27 de Janeiro de 1999
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INDÚSTRIA
Empresa pretende usar MP
GM estuda afastar 850 funcionários

ROGER MARZOCHI
da Folha Vale

A General Motors quer afastar 850 funcionários, e reduzir seus salários em 20%, dos 8.794 empregados da unidade de São José dos Campos (97 km de São Paulo) por cinco meses por causa da crise econômica e da queda nas vendas.
A montadora vai usar a medida provisória que criou a demissão temporária, na qual o trabalhador fica afastado por um período recebendo salário menor.
Serão afetados os trabalhadores das linhas do Corsa e da picape S-10, que têm 4.200 pessoas.
De setembro a novembro de 98, a montadora demitiu 2.091 funcionários. Em São José, o número total de demitidos na indústria metalúrgica já ultrapassa os 4.000.
A proposta foi apresentada ontem pela manhã aos diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que são contra a medida provisória do governo.
Após assembléia realizada às 15h30, na saída do primeiro turno, cerca de 600 trabalhadores votaram contra a proposta. Como contraproposta, o sindicato sugeriu o regime de licença remunerada.
"Vamos resistir e, se for preciso, vamos fechar a Dutra, fechar o centro da cidade e parar a fábrica. Não vamos aceitar demissões", disse o diretor do sindicato Luiz Carlos Prates. Após a votação, os trabalhadores da montagem, que fabrica o Corsa, fizeram uma paralisação até as 17h em protesto.
Segundo o gerente da assessoria trabalhista e relações sindicais da GM, Antonio Cursino de Alcântara, a empresa abriu negociação com o sindicato para evitar que mais demissões agravem o quadro.
"Nós temos consciência da crise social e não queremos agravar a situação. A empresa espera uma proposta do sindicato", disse.
Alcântara disse que, ao aplicar a medida provisória, o trabalhador não vai precisar ter gastos de locomoção e, portanto, a redução salarial de 20% não o prejudicaria.
O metalúrgico Rogério Chagas, 24, disse que o clima dentro da fábrica é tenso. "Ninguém sabe quem pode ser afastado. Há ainda o medo de depois de cinco meses ser demitido ao invés de voltar."
Chagas, que trabalha há quatro anos no setor de estamparia, disse que vai ter problemas caso seja incluído entre os 850.
"Tenho contas para pagar e conto com o que recebo. Se eu for afastado, terei problemas", disse.
Segundo Prates, o ritmo de produção do Corsa é de 30 carros por hora, sendo que o normal é de 38. No dia 14 deste mês, o ritmo era de 25 por hora. Já a produção da S-10 está em 7 por hora. O normal é 12.

Philips
A unidade da Philips em São José colocou anteontem 205 dos 260 funcionários da unidade que produz monitores para computadores em férias coletivas por 20 dias.
Nos últimos três meses a empresa demitiu 655 funcionários, reduzindo o seu quadro de 2.500 para 1.845. Segundo a empresa, a decisão foi tomada em decorrência da instabilidade cambial.


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