São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2000


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COMÉRCIO EXTERIOR

Futuro titular da Camex confia que balança comercial trará US$ 5 bi neste ano e o dobro em 2001

Governo quer US$ 10 bi de superávit

Patrícia Santos/Folha Imagem
O economista Roberto Giannetti da Fonseca, da Silex Trading, que assumirá a Camex, órgão federal que coordena o comércio exterior



Se não conseguirmos a meta de US$ 10 bilhões de superávit comercial, os bancos não vão mais querer financiar nosso déficit em conta corrente e teremos que conter as importações reduzindo o crescimento, e voltamos à estaca zero. Esse é o desafio

FERNANDO CANZIAN
Secretário de Redação

O economista Roberto Giannetti da Fonseca, 50, diz que o Brasil alcançará um superávit em sua balança comercial de US$ 10 bilhões no final do ano que vem, e de US$ 5 bilhões já este ano.
Mas afirma que a meta do governo de exportar US$ 100 bilhões até 2002 não pode ser transformada em um ""fetiche, em um mito". Mesmo porque acha que ela não seja factível.
A meta de superávit é mais importante do que os US$ 100 bilhões em exportações, raciocina o economista. "Se não conseguirmos a meta de US$ 10 bilhões de superávit, os bancos não vão mais querer financiar nosso déficit em conta corrente", adverte.
Giannetti assumirá nos próximos dias a secretaria executiva da Camex (Câmara de Comércio Exterior), subordinada ao ministro Alcides Tápias (Desenvolvimento). Entra no cargo afinado com o novo chefe e com o lado mais poderoso do governo, a Fazenda de Pedro Malan:
""Tápias está fortalecido. Não apenas politicamente. Está fortalecido porque está no caminho certo. Vamos conduzir uma política que combine desenvolvimento com estabilidade", diz.
O economista espera que a força de Tápias também dê músculos à Camex, hoje um órgão de coordenação de políticas de comércio exterior dos vários ministérios.
Na última sexta-feira foi enfático ao defender publicamente que o controle sobre tarifas aduaneiras fique sob seu guarda-chuva.
Giannetti, que hoje preside a Silex Trading, quer também um aumento na verba do Proex (Programa de Financiamento às Exportações), hoje de R$ 1,6 bilhão ao ano, segundo ele ""um valor absolutamente insuficiente".
Sua atuação é peça-chave na continuidade do Plano Real. Sem superávits na balança comercial, com as exportações avançando mais do que as importações, o Brasil não pode crescer e o real permanecerá em xeque, ameaçado por novas desvalorizações.
Até aqui, sua estratégia não inclui nenhuma restrição às importações ou ao processo de desnacionalização das empresas brasileiras. Ao contrário. Diz que vai ""lutar contra a incompreensão" e contra os ""neonacionalistas".
Leia a seguir entrevista à Folha:



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