|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ENERGIA
Empresas adotam o gás natural boliviano em busca de economia, poder estratégico e cuidado ambiental
Indústrias paulistas se rendem ao gás
CÁTIA LASSALVIA
da Reportagem Local
Empresas paulistas de diversos
setores estão se rendendo ao gás
natural. O combustível não é novidade, mas o gasoduto Bolívia-Brasil demorou mais de 50 anos
para sair do projeto e chegar finalmente ao Estado de São Paulo,
abastecendo o maior pólo industrial do país.
"Optei pelo gás pois ele gera
uma economia de 30% no custo
energético", conta José Luiz Batistella, diretor-superintendente da
cerâmica Batistella, de Limeira,
que usa o gás natural no lugar do
GLP (gás liquefeito de petróleo).
A Batistella foi a primeira empresa brasileira a receber, em novembro, o produto do gasoduto
boliviano.
O gás natural é usado para gerar
calor nas indústrias. Ele é injetado
nas caldeiras e fornos, substituindo principalmente o óleo combustível e o GLP. Em relação ao
óleo combustível, possui uma
qualidade superior, com preços
próximos, segundo seus usuários.
Diante do GLP, o gás ganha em
custo e se equipara na qualidade.
Decisão estratégica
Para a maior fábrica de Coca-Cola do mundo, situada em Jundiaí, a decisão de usar o gás foi estratégica. "Com ele, ficaremos independentes de qualquer problema com petróleo. Basta abrir a
torneira do gás e garantir que nossa produção será constante", diz
Santino Orsi, diretor industrial da
Panamco Brasil, dona da fábrica
de Jundiaí e a maior produtora de
Coca-Cola do país.
Para a Copersucar -que possui
a Companhia União dos Refinadores de Açúcar e Café-, situada
em Limeira, o projeto de conversão dos equipamentos ao gás natural vai abranger as seis caldeiras
existentes.
"O custo acabará ficando menor, pois o gás exige uma estrutura industrial muito mais simples
do que a usada pelo óleo combustível, que é, além de tudo, corrosivo", afirma Marcelo Monteiro,
gerente industrial da Copersucar.
Combustível moderno
O gás natural também é chamado de "gás verde", por ser um
combustível limpo e sem prejuízo
ao meio ambiente.
Essas qualidades do produto fazem a Companhia Siderúrgica
Belgo-Mineira, de Piracicaba,
aguardar com ansiedade a ligação
da fábrica à tubulação do ramal
que chega até a cidade.
"Para as indústrias, acho que o
gás é um caminho sem volta", diz
Paulo Roberto Cardozo, gerente
de laminação da empresa em Piracicaba. "O gás é muito limpo e
representará um avanço da empresa em relação ao meio ambiente e aos próprios custos de
manutenção dos equipamentos",
diz Cardozo.
Alegria atrasada
A chegada do gás boliviano ao
Estado de São Paulo já estava prevista nos anos 40. Infinitas negociações entre governos e a falta de
um sistema de distribuição definido contribuíram para tamanho
atraso no projeto, fazendo com
que as indústrias buscassem outras alternativas ao combustível.
O gás natural que vem da Bolívia entra no Brasil pelas mãos da
Petrobras, chegando ao Mato
Grosso do Sul e, depois, atravessando o Estado de São Paulo.
No Estado, a partir dos vários
"city-gates" (portas de entrada), o
gás passa a ser distribuído pela
concessionária paulista -a Comgás, que negocia com cada região
o prolongamento de um ramal.
O otimismo em relação à chegada do gás boliviano não atinge só
os seus usuários. As empresas que
cuidam das instalações mecânicas
industriais também estão prevendo crescimento nos negócios.
"Por enquanto, estamos fazendo
a conversão da Ajinomoto, mas
prevemos um trabalho intenso a
partir do segundo semestre,
quando os ramais do gasoduto forem avançando", diz José Carlos
Leonardi, supervisor da Avaf, empresa sediada em Campinas, que
ajuda as indústrias a converter
seus equipamentos para o uso do
gás natural.
"O fornecimento de gás para o
Estado de São Paulo tende a crescer muito nos próximos dois
anos", diz Leonardi.
Texto Anterior: Coca-Cola é pivô na troca de acusações Próximo Texto: Produto poderá gerar 12% da energia total Índice
|