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ANO DO DRAGÃO
Relatório do BC, em geral técnico, abre exceção para pedir o apoio da sociedade no combate aos aumentos
Ata do Copom vira manifesto antiinflação
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de aumentar os juros básicos da economia e anunciar medidas recessivas para tentar conter a inflação, o Banco Central espera agora poder contar com o
apoio da população para evitar
uma disparada dos preços.
A expectativa de uma maior
participação da sociedade foi expressa na ata da última reunião do
Copom (Comitê de Política Monetária do BC).
O documento, que em geral se
restringe a aspectos técnicos referentes à condução da política monetária, abre, pela primeira vez,
exceção para pedir o apoio das
pessoas no combate à inflação.
"O Copom avalia que, além dos
efeitos diretos da política monetária, também são importantes outras ações de política econômica
do governo e a reação da sociedade contra a inflação, para propiciar um recuo mais significativo
da variação dos preços", diz o documento divulgado ontem.
Mais adiante, o texto completa:
"A experiência brasileira evidencia como tem sido importante o
empenho da sociedade para a manutenção da estabilidade de preços como elemento fundamental
de uma estratégia de desenvolvimento".
Na história recente do país, um
dos casos mais famosos da participação da sociedade na luta contra a inflação se deu durante o governo do ex-presidente José Sarney (1985-1990). Na época, o Plano Cruzado determinou o tabelamento de preços, e as pessoas
-chamadas de "fiscais do Sarney"- eram incentivadas a denunciar eventuais remarcações.
Como agir?
A ata da reunião do Copom não
diz, de forma direta, qual seria o
papel da sociedade no combate à
inflação, mas traz implícita a idéia
de que as pessoas devam pesquisar e buscar os menores preços na
hora das compras. O BC dá conselho semelhante às pessoas que
buscam fugir dos juros altos cobrados pelos bancos. A dica é buscar, sempre que possível, aquele
que pratica as taxas mais baixas.
Desde o início do ano, o BC adotou uma série de medidas para
tentar conter a disparada dos preços. A principal preocupação é
que a forte alta da inflação contamine os índices deste ano, criando o que o BC chama de "inércia
inflacionária".
Essa inércia poderia ser explicada pela possibilidade de as pessoas se "acostumarem" a uma inflação elevada e colaborarem para
que ela continue alta. Esse tipo de
comportamento é comum em
épocas de hiperinflação.
"Há riscos de a inflação manter-se em patamares elevados, na medida em que a inflação corrente
mostra sinais de resistência. Devido a mecanismos inerciais de formação de preços na economia
brasileira, a inflação mais alta de
2002 tem se refletido em inflação
ainda elevada neste início de
ano", diz o documento.
Para tentar conter essa inércia, o
BC aumentou os juros em duas
oportunidades. A taxa Selic, que
no início do ano estava em 25% ao
ano, está hoje em 26,5%.
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