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Mercado lembra,
com relatório,
"fiscais do Sarney"
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A menção feita na última ata
do Copom à importância do
apoio da sociedade no combate
à inflação causou um mal-estar
generalizado no mercado financeiro ontem.
A interpretação dessa atitude
bastante incomum é que o
Banco Central começa a admitir que a política monetária não
está surtindo o efeito desejado.
Essa foi a opinião quase unânime de economistas e diretores de bancos ouvidos pela Folha que preferiram manter seu
nome em sigilo por considerarem o assunto preocupante.
O economista-chefe de um
banco afirma que, quando leu
o trecho da ata que mencionava "o empenho da sociedade",
se lembrou imediatamente da
gestão de José Sarney (1985-1990) que, durante a vigência
do Plano Cruzado, conclamou
os brasileiros a atuar como fiscais do governo denunciando
remarcações de preços.
Além de ter sido considerada
nada técnica, a medida soou
populista e pode, segundo analistas, prejudicar ainda mais a
credibilidade do BC.
Também preocupou o mercado o fato de, pela segunda vez
consecutiva, a ata do Copom
tenha mencionado resultados
de coletas de preços.
Isso indica que o BC está
comprando os serviços de coleta de alguma instituição. O problema disso, para especialistas,
é que se trata de um sinal de
que o BC estaria tomando decisões com base na inflação corrente e não na expectativa futura de movimento dos preços,
como manda o receituário do
regime de metas.
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