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São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 2003

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ORIGEM

C-Bond também se recupera

Risco Brasil retorna ao patamar pré-eleitoral

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

O risco-país e o C-Bond, principal título da dívida pública brasileira transacionado no exterior, voltaram ao mesmo nível de junho do ano passado, quando começou a crise pré-eleitoral que durou praticamente todo o segundo semestre de 2002. Ontem, o C-Bond fechou sendo transacionado a US$ 0,7356, o maior valor desde o dia 3 de junho. O risco-país, medido pelo JP Morgan, fechou a 1.220 pontos, o nível mais baixo desde 11 de junho.
A valorização dos títulos da dívida brasileira tem sido gradual desde o início de dezembro, quando houve uma recuperação geral da confiança no país, principalmente com relação à capacidade de honrar suas dívidas.
"A recuperação, que se acentuou agora, provém do entendimento das políticas econômicas do país. A melhora começou desde que ficou claro que a política macroeconômica não mudaria", disse Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Unibanco.
Schwartsman ressalta que o aumento da percepção externa quanto à vontade política de implantar as reformas, especialmente a previdenciária, colabora para essa redução do risco.
"Apesar do cenário externo, o C-Bond está se mantendo valorizado e não está obedecendo os mesmos fundamentos que têm feito o dólar e a bolsa oscilarem", disse Christiani Reinaldim, analista-chefe da GlobalInvest.
Para ela, com o agravamento da crise do Iraque, houve uma diminuição da procura por investimentos de alto risco -como ações de empresas- e uma consequente realocação para investimentos considerados mais seguros, como os títulos do governo.
Christiani relembra que a crise da Argentina e a campanha eleitoral fizeram o risco subir a um ritmo muito acelerado. "Agora ele está voltando a um patamar mais real". Mas ela relembra que o atual valor está ainda muito abaixo dos 300 pontos mencionados por Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, como uma das metas da sua gestão.
"A taxa está em queda porque o país tem bons fundamentos. Mas para o risco cair abaixo dos mil pontos é preciso que o cenário externo melhore e que as taxas de juros e a inflação se estabilizem", diz Christiani.
Um estudo da GlobalInvest demonstra que a crise dos últimos meses teve impacto maior no preço dos títulos do Brasil do que nos da Rússia e do México, que permaneceram praticamente inalterados. Segundo ele, taxas de juros e de desemprego menores e crescimento maior do PIB fazem com que os investidores fiquem com os títulos desses países em carteira, mesmo em momentos de maior tensão no mercado.


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