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RECALL DA PRIVATIZAÇÃO
Teles se irritam com proposta, que prevê troca de telefônica sem mudança do número do telefone
Anatel quer novos serviços de operadoras
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os usuários de telefonia fixa podem ganhar benefícios das operadoras a partir de 2006, se depender dos planos da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações)
para permitir a renovação dos
contratos de concessão daquelas
empresas com o governo.
A Anatel quer permitir, por
exemplo, que o consumidor possa trocar de operadora e ainda assim manter o número de telefone
(o que eliminaria a dor de cabeça
de avisar os amigos da mudança).
Pretende também garantir a cobrança de ligações por minuto (e
não mais por pulso, que equivale
a quatro minutos e é usado hoje
pela maioria das empresas).
A Anatel quer também que as
pessoas da zona rural sejam obrigatoriamente atendidas pelas
operadoras, exigência que não
existe hoje.
Os planos da agência foram colocados em discussão ontem em
audiência em São Paulo, como
parte da consulta pública que está
em andamento. O objetivo foi recolher sugestões do público e de
empresários, a fim de apresentar a
proposta definitiva em junho deste ano.
Discordâncias
Se as propostas da agência parecem beneficiar o consumidor,
operadoras não se mostraram
nem um pouco satisfeitas com o
projeto. "O que está previsto na
legislação é que em 2006 haverá
uma prorrogação dos contratos
atuais. E não a criação de novas
metas e obrigações", afirmou
Cláudia Santos, gerente jurídica
da Brasil Telecom (que tem entre
seus sócios o banco Opportunity).
Algumas operadoras estão irritadas com a meta da Anatel de
obrigá-las a se dividirem em duas
empresas: uma que realiza ligações locais e outra que efetua ligações de longa distância.
A agência quer obrigar com isso
que a empresa local de uma operadora cobre o mesmo preço para
concluir uma ligação de longa distância de sua coligada e outra de
uma concorrente. Assim, colocaria fim a disputas como as travadas entre Embratel e Telefônica
nesse mercado.
Para Marcos Bafutto, superintendente de serviços públicos da
Anatel, é falho o argumento de
advogados de operadoras de que
a renovação dos contratos só pode ter como objetivo a prorrogação de regras já existentes. "Podemos criar novas exigências. É assim que estamos trabalhando."
Outro ponto de discordância é a
exigência de que as operadoras
deverão fornecer obrigatoriamente telefones para as pessoas
das zonas rurais. O plano da agência é exigir que 30% dos pedidos
de telefones nessas regiões (com
menos de 300 habitantes) feitos
em 2006 sejam atendidos em até
180 dias. O percentual subiria para 60% em 2007, e em 2008 chegaria a 100%.
A Brasil Telecom afirmou que
há problemas em zonas distantes
e que somente em 2002 lhe roubaram 1,2 mil parabólicas para telecomunicações na sua área (Centro-Oeste, Sul e Norte do país).
A Telefônica (controlada pelo
grupo espanhol Telefónica) também não se mostrou muito satisfeita com o projeto da Anatel.
"Quaisquer novas inovações que
sejam criadas para que haja as renovações dos contratos de concessões devem levar em conta o
equilíbrio econômico e financeiro
das operadoras", afirmou Jonas
de Oliveira Júnior, diretor de regulamentação da Telefônica.
Segundo o executivo, as receitas
das operadoras até agora não
conseguiram dar o retorno do capital investido nas empresas. Novas exigências da Anatel pesariam
mais nos custos.
O que algumas operadoras esperam é que o governo lhes ofereça novas fontes de recursos para
implementar os serviços que serão criados. Elas estão de olho,
por exemplo, no Fust (Fundo de
Universalização dos Serviços de
Telecomunicações), cujo saldo
atual é de cerca de R$ 2 bilhões.
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