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Aumento reflete demanda por crédito e pouca concorrência, afirma especialista
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os bancos têm uma série de
argumentos para justificar o
aumento em janeiro das taxas
de juros ao consumidor -a crise nos mercados, o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a CSLL (Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido)
maiores, a taxa Selic congelada
e o controle das tarifas bancárias a partir de abril-, mas o repasse desses custos só acontece
se o tomador final aceita absorvê-los.
E o consumidor aceita porque não tem outra opção, segundo especialistas.
Ou seja: as taxas ao consumidor subiram em janeiro por
conta de uma equação econômica simples: há muita demanda por crédito e são poucas as
instituições que podem atendê-la. E nenhuma por taxas
consideravelmente menores.
"O aumento dos juros reflete
o aquecimento da demanda por
crédito e uma estrutura de baixa concorrência no setor bancário. Há muita gente querendo
um produto que poucos oferecem. O aumento dos juros
acontece em modalidades como o financiamento de automóveis, que é o mais aquecido.
A população não sabe fazer
conta. Vê apenas se cabe no
bolso a prestação", diz Jairo
Saddi, professor do Ibmec-SP.
Para Saddi, há um entusiasmo generalizado pelo crédito
ao consumo no país. Ele afirma
que o consumidor utilizou o
crédito no final do ano passado
para fazer as compras de Natal
e já emendou em janeiro com
as liquidações.
Saddi avalia que os juros só
vão diminuir se cair a demanda
pelo financiamento ou aumentar a concorrência dos bancos
pelo mesmo cliente.
Para Erivelto Rodrigues, sócio da consultoria Austin Ratings, os juros e o chamado
"spread" [diferença entre taxas
captadas e repassadas] devem
seguir altos nos próximos meses, mesmo se os fatores que
justificaram o repasse de custos não confirmarem o potencial de estrago calculado inicialmente pelos bancos.
Impacto
"Banco é um setor que repassa seus custos. Os juros e o
"spread" devem aumentar ainda
mais. A concorrência não vai
nem reduzir as taxas [atuais]
nem conter novos aumentos."
Na avaliação do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o aumento dos juros e do "spread" mostra que a crise internacional teve impacto sobre o mercado de
crédito doméstico. "A elevação
foi a primeira reação dos bancos ao contexto de maior incerteza no cenário exterior."
Saddi reconhece o papel do
mau humor nos mercados na
formação de expectativas, mas
afirma que a crise não elevou os
custos do crédito doméstico. "A
crise é mais pretexto. Os banqueiros sabem que está ligada
ao crédito nos EUA e não aqui."
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