São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

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Outro lado

Elevação de taxas não deve se reverter logo, diz Febraban

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A alta dos juros ocorrida em janeiro não deve ser vista como um fato isolado e não deve se reverter tão cedo. Para a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), as taxas mais elevadas refletem, principalmente, o reajuste no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), e devem se manter perto dos níveis atuais enquanto a cobrança existir.
"O custo para o tomador efetivamente subiu e vai ficar neste patamar [de janeiro]", diz Nicola Tingas, economista-chefe da Febraban. Tingas ressalta que o IOF é um imposto pago pelos clientes, e não pelos bancos, que têm apenas a obrigação de recolher o tributo e repassá-lo para o governo.
Por isso, afirma o economista, não havia como evitar o encarecimento do crédito. No início do mês passado, o governo elevou de 1,5% para 3% a alíquota de IOF que incide sobre os empréstimos a pessoas físicas. Também instituiu a cobrança de 0,38% nas operações de crédito fechadas tanto por empresas quanto por pessoas físicas. Ambas as iniciativas tinham por objetivo compensar a perda de arrecadação causada pela não-prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Tingas cita dois outros fatores que, embora em menor escala, contribuíram para a alta dos juros bancários.

Desconto em folha
Um deles se refere aos empréstimos com desconto em folha de pagamento, cujas regras foram alteradas pelo governo no mês passado.
Em janeiro, foram modificados a taxa de juros e o prazo máximos para essa modalidade de crédito, e, enquanto as novas regras não eram esclarecidas, a concessão de novos empréstimos foi suspensa. Com isso, diz o economista, muitas pessoas que precisavam de crédito buscaram outras formas de financiamento, que cobram juros maiores. No cheque especial, por exemplo, a taxa praticada em janeiro foi de 145% ao ano.
Pela metodologia adotada pelo Banco Central, os juros médios dos empréstimos bancários são calculados proporcionalmente ao seu volume de concessões.
Por isso, quando cresce a liberação de empréstimos cuja taxa é mais alta, os juros médios acabam se elevando -e isso, segundo o economista, também ajuda a explicar o movimento observado em janeiro.


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