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Outro lado
Elevação de taxas não deve se reverter logo, diz Febraban
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A alta dos juros ocorrida em
janeiro não deve ser vista como
um fato isolado e não deve se
reverter tão cedo. Para a Febraban (Federação Brasileira de
Bancos), as taxas mais elevadas
refletem, principalmente, o
reajuste no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), e
devem se manter perto dos níveis atuais enquanto a cobrança existir.
"O custo para o tomador efetivamente subiu e vai ficar neste patamar [de janeiro]", diz Nicola Tingas, economista-chefe
da Febraban. Tingas ressalta
que o IOF é um imposto pago
pelos clientes, e não pelos bancos, que têm apenas a obrigação
de recolher o tributo e repassá-lo para o governo.
Por isso, afirma o economista, não havia como evitar o encarecimento do crédito. No início do mês passado, o governo
elevou de 1,5% para 3% a alíquota de IOF que incide sobre
os empréstimos a pessoas físicas. Também instituiu a cobrança de 0,38% nas operações
de crédito fechadas tanto por
empresas quanto por pessoas
físicas. Ambas as iniciativas tinham por objetivo compensar
a perda de arrecadação causada
pela não-prorrogação da
CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Tingas cita dois outros fatores que, embora em menor escala, contribuíram para a alta
dos juros bancários.
Desconto em folha
Um deles se refere aos empréstimos com desconto em folha de pagamento, cujas regras
foram alteradas pelo governo
no mês passado.
Em janeiro, foram modificados a taxa de juros e o prazo
máximos para essa modalidade
de crédito, e, enquanto as novas
regras não eram esclarecidas, a
concessão de novos empréstimos foi suspensa. Com isso, diz
o economista, muitas pessoas
que precisavam de crédito buscaram outras formas de financiamento, que cobram juros
maiores. No cheque especial,
por exemplo, a taxa praticada
em janeiro foi de 145% ao ano.
Pela metodologia adotada
pelo Banco Central, os juros
médios dos empréstimos bancários são calculados proporcionalmente ao seu volume de
concessões.
Por isso, quando cresce a liberação de empréstimos cuja
taxa é mais alta, os juros médios acabam se elevando -e isso, segundo o economista, também ajuda a explicar o movimento observado em janeiro.
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