São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

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Dólar rompe R$ 1,70 pela 1ª vez desde 99

Queda de 1,29% fez com que moeda americana encerrasse dia vendida a R$ 1,684; no ano, divisa já se depreciou em 5,23%

Após cair 1,57% durante o pregão, Bovespa segue o mercado dos EUA e sobe 0,28%; no acumulado do mês, valorização é de 9,57%

Mauricio Lima/France Presse
Operadores negociam contratos futuros na BM&F, em SP

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez desde 1999 o dólar rompeu o piso de R$ 1,70. Com depreciação de 5,23% acumulada neste ano, o dólar encerrou as operações de ontem a R$ 1,684. A queda de 1,29% registrada ontem -a sétima seguida- levou a moeda a seu menor valor desde 19 de maio de 1999.
A crise internacional, que afetou consideravelmente os mercados acionários, especialmente nas primeiras semanas do ano, não representou uma mudança de rota para o dólar: a máxima cotação que alcançou em 2008 foi o R$ 1,83 de 21 de janeiro.
Segundo operadores de corretoras de câmbio, ontem houve uma entrada pesada de dólares no mercado, que teriam sido trazidos por uma mineradora. Com isso, o BC teria feito uma intervenção mais pesada, retirando aproximadamente US$ 400 milhões do mercado. Mesmo que o BC tenha atuado de forma mais intensa -normalmente tem comprado algo em torno de US$ 100 milhões por dia-, a moeda americana não alterou sua rota.
"A ação do BC tem conseguido no máximo suavizar a tendência do câmbio, mas sem conseguir alterá-la. Os fundamentos externos e internos sugerem uma continuidade da apreciação do real. Não vejo piso para o dólar", avalia Roberto Padovani, estrategista de investimentos sênior para a América Latina do WestLB.
Esse movimento não tem se restringido ao real. A divisa americana tem perdido valor para várias outras moedas pelo mundo. Ontem, por exemplo, o dólar desceu a sua mais baixa cotação da história diante do euro -chegou a superar pela primeira vez US$ 1,50.
Um dos atrativos de capital externo para o país, e que pode se intensificar, é a diferença dos juros praticados lá fora e aqui. Enquanto a taxa básica brasileira está em 11,25%, a americana é de 3% ao ano. Dessa forma, os investidores ficam tentados a trazer mais capital especulativo para o Brasil, o que eleva a oferta de dólares em um mercado no qual a procura pela moeda tem sido baixa.
Nos pregões da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os investidores estrangeiros têm realizado operações nas quais demonstram estar cada vez mais confiantes na continuidade da depreciação do dólar.
Isso pode ser verificado nas chamadas "posições vendidas em dólar", que resultam de operações cambiais feitas na BM&F. Ao aumentarem suas "posições vendidas", os investidores sinalizam que estão mais confiantes na continuidade da queda da moeda americana.
No pregão do dia 21 de janeiro, as posições vendidas dos estrangeiros na BM&F estavam em US$ 220,2 milhões. Em 18 deste mês, haviam saltado para US$ 4,51 bilhões. No último dia 25, alcançaram US$ 5,24 bilhões.
Em mais um pregão de muita oscilação, a Bolsa de Valores de São Paulo conquistou sua quinta alta seguida ontem. A Bovespa encerrou a 65.182 pontos (+0,28%). Agora, apesar da crise externa, necessita de valorização de 0,94% para superar seu recorde de pontuação, que foram os 65.790 de 6 de dezembro de 2007.
No ano, a Bovespa, que assustou investidores em janeiro, está com ganhos de 2,03%. Neste mês, a valorização alcança os 9,57%.
O pregão de ontem começou fraco, com dados econômicos americanos -como a alta da inflação ao produtor e a queda na confiança do consumidor do país- desagradando aos investidores. O índice Ibovespa, o principal do mercado acionário doméstico, chegou a registrar perdas de 1,57% ontem. Mas se recuperou com a melhora das Bolsas nos Estados Unidos, que foram influenciadas por notícias corporativas, como a de que a IBM fará uma recompra bilionária de ações.
Em Wall Street, o índice Dow Jones subiu 0,91%. A Nasdaq teve alta de 0,75%.
A Bolsa de Londres registrou elevação de 1,47%.


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