São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

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Riscos de estagflação e queda na confiança dos consumidores preocupam nos EUA

DA REDAÇÃO

Os novos dados sobre a economia dos EUA, especialmente o de inflação, aumentaram mais uma vez as preocupações com o país, que pode estar rumando para um período de recessão. Os indicadores divulgados ontem devem ter grande importância na reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) em março.
O índice de preço ao atacado (PPI, na sigla em inglês) teve alta de 1% em janeiro, puxado especialmente pelos aumentos dos alimentos (que tiveram o maior avanço em três anos) e da energia. No acumulado de 12 meses, a inflação ao atacadista chegou a 7,4%, a maior alta desde 1981, quando o país enfrentava um período de recessão. Mesmo excluindo os preços de alimentos e energia (considerados mais voláteis), o avanço no mês passado foi de 0,4%.
O dado de inflação elevou os temores de estagflação (inflação alta e baixo crescimento). Na semana passada, foi divulgado o CPI (inflação ao consumidor), que apontou alta de 0,4% no mês passado. Nos 12 meses encerrados em janeiro, o índice subiu 4,3% -muito acima da meta do Fed, que é de inflação de até 2%.
O BC dos EUA, também na última semana, reduziu em 0,50 ponto percentual a sua estimativa de crescimento do PIB neste ano, para até 2%. Mas o presidente George W. Bush voltou a dizer que o país não entrará em recessão. "Nós não estamos em recessão, e eu não acredito que entraremos em recessão. Estamos em uma desaceleração, o que é diferente."
Apesar dos indicadores negativos, permanece a expectativa de que o Fed cortará a taxa básica de juros na reunião de 18 de março. Caso a baixa ocorra, a dúvida é quão agressiva será a redução. Um corte muito agressivo em uma tentativa de estimular a economia pode elevar as pressões inflacionárias e tirar o poder de compra dos consumidores. Porém, uma redução mais cautelosa pode ser insuficiente para impedir que o país entre em recessão.
Donald Kohn, o vice-presidente do BC americano, disse ontem que não espera que as altas na inflação continuem e que a desaceleração da economia é a principal preocupação do Fed. Segundo ele, a instituição está preparada para fazer o que for preciso "nesses tempos difíceis". O presidente do Fed, Ben Bernanke, fala hoje ao Congresso dos EUA e pode sinalizar que medidas serão tomadas.
E não foi só o índice de inflação que trouxe preocupações. A confiança do consumidor caiu neste mês para o seu menor nível desde março de 2003, no início da Guerra do Iraque. Ele caiu de 87,3 pontos, em janeiro, para 75 pontos, segundo o instituto privado Conference Board. E as expectativas para os próximos seis meses tiveram o seu pior resultado desde janeiro de 1991, quando o país também estava envolvido em conflito com o Iraque.
O dia também foi ruim para o mercado imobiliário, epicentro da crise americana. Os preços das casas caíram 8,9% no quarto trimestre do ano passado em relação ao mesmo período de 2006, segundo o indicador S&P/Case-Shilller. Essa foi a maior queda na história do indicador, criado há 20 anos. E os pedidos de execuções hipotecárias aumentaram 57% em janeiro ante igual período de 2007, segundo o RealtyTrac.
"Os preços das casas por todo o país e na maior parte das áreas metropolitanas estão significativamente mais baixos do que estavam um ano atrás", disse Robert Shiller, economista da Universidade Yale e um dos criadores do índice. "Onde quer que você olhe, as coisas parecem desanimadoras."


Com agências internacionais

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