São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

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Queda do dólar não chega ao bolso do consumidor

Preço de itens como máquinas fotográficas, TVs e azeite cai menos que a moeda

Analistas apontam que redes podem estar aumentando a margem de lucro; para a Abras, isso não seria possível com a competição acirrada

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

As constantes quedas do dólar, que ontem terminou o dia cotado a R$ 1,68, podem não se refletir diretamente no bolso do consumidor. Levantamento da FGV (Fundação Getulio Vargas) mostrou que o preço de alguns produtos influenciados pelo câmbio caiu menos do que a moeda norte-americana no ano passado.
As televisões em cores, por exemplo, tiveram redução de 10,12% no preço em 2007, e as máquinas fotográficas, 9,46%, contra queda de 16,85% do dólar, em relação ao real. No mesmo período, houve uma variação de 4,64% no Índice de Preços ao Consumidor, um dos componentes do IGP-M, calculado pela FGV.
Para Herson Manfrinato, presidente da Abimfi (Associação Brasileira da Indústria de Material Fotográfico e de Imagem), o que pode ter segurado a queda dos preços foi a chegada de produtos mais sofisticados. "Há dois ou três ciclos de lançamentos por ano", ressalta.
Para o coordenador de análises econômicas da FGV, Salomão Quadros, o efeito do câmbio não é direto mesmo nos produtos importados por causa de outros custos, como o de transporte e armazenagem, mas ele pondera que a demanda aquecida pode diminuir o repasse das reduções para o consumidor. "O varejista pode aumentar a margem de lucro."
Claudio Felisoni, coordenador do Provar (Programa de Administração do Varejo) da USP, concorda e argumenta que, "quanto maior a fidelidade do consumidor à marca, menor será o repasse". Essa teoria ajudaria a explicar o aumento de 4,27% nos preços das bebidas alcoólicas importadas.
Já o presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda, afirma que as redes são obrigadas a repassar as reduções -e não embolsar parte dela- porque a concorrência é acirrada. "O varejo é muito competitivo. O mesmo produto é vendido nos mais diversos canais."
Segundo a FGV, o preço do azeite de oliva caiu 8,10% em 2007, menos da metade da moeda norte-americana. Honda ressalta que a maior parte do produto é importada da Europa, logo a negociação é feita com o preço em euro, mesmo que seja pago em dólar.
No caso do óleo de soja, o aumento de 21,42% para o consumidor foi influenciado pelo mercado internacional. "A commodity subiu 37,4% no mercado paulista, contra 45% na Bolsa de Chicago", contabiliza Anderson Galvão, diretor da consultoria Céleres.
O item importado mais procurado nesta época do ano, o bacalhau, chegou a ter um aumento de 1,03% em 2007. Para essa Páscoa, a expectativa é a de queda. Uma das grandes redes varejistas, o Grupo Pão de Açúcar, anuncia redução de 20% com relação ao ano passado.


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