|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Queda do dólar não chega ao bolso do consumidor
Preço de itens como máquinas fotográficas, TVs e azeite cai menos que a moeda
Analistas apontam que redes podem estar aumentando a margem de lucro; para a
Abras, isso não seria possível com a competição acirrada
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
As constantes quedas do dólar, que ontem terminou o dia
cotado a R$ 1,68, podem não se
refletir diretamente no bolso
do consumidor. Levantamento
da FGV (Fundação Getulio
Vargas) mostrou que o preço de
alguns produtos influenciados
pelo câmbio caiu menos do que
a moeda norte-americana no
ano passado.
As televisões em cores, por
exemplo, tiveram redução de
10,12% no preço em 2007, e as
máquinas fotográficas, 9,46%,
contra queda de 16,85% do dólar, em relação ao real. No mesmo período, houve uma variação de 4,64% no Índice de Preços ao Consumidor, um dos
componentes do IGP-M, calculado pela FGV.
Para Herson Manfrinato,
presidente da Abimfi (Associação Brasileira da Indústria de
Material Fotográfico e de Imagem), o que pode ter segurado a
queda dos preços foi a chegada
de produtos mais sofisticados.
"Há dois ou três ciclos de lançamentos por ano", ressalta.
Para o coordenador de análises econômicas da FGV, Salomão Quadros, o efeito do câmbio não é direto mesmo nos
produtos importados por causa
de outros custos, como o de
transporte e armazenagem,
mas ele pondera que a demanda aquecida pode diminuir o
repasse das reduções para o
consumidor. "O varejista pode
aumentar a margem de lucro."
Claudio Felisoni, coordenador do Provar (Programa de
Administração do Varejo) da
USP, concorda e argumenta
que, "quanto maior a fidelidade
do consumidor à marca, menor
será o repasse". Essa teoria ajudaria a explicar o aumento de
4,27% nos preços das bebidas
alcoólicas importadas.
Já o presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda,
afirma que as redes são obrigadas a repassar as reduções -e
não embolsar parte dela- porque a concorrência é acirrada.
"O varejo é muito competitivo.
O mesmo produto é vendido
nos mais diversos canais."
Segundo a FGV, o preço do
azeite de oliva caiu 8,10% em
2007, menos da metade da
moeda norte-americana. Honda ressalta que a maior parte do
produto é importada da Europa, logo a negociação é feita
com o preço em euro, mesmo
que seja pago em dólar.
No caso do óleo de soja, o aumento de 21,42% para o consumidor foi influenciado pelo
mercado internacional. "A
commodity subiu 37,4% no
mercado paulista, contra 45%
na Bolsa de Chicago", contabiliza Anderson Galvão, diretor da
consultoria Céleres.
O item importado mais procurado nesta época do ano, o
bacalhau, chegou a ter um aumento de 1,03% em 2007. Para
essa Páscoa, a expectativa é a de
queda. Uma das grandes redes
varejistas, o Grupo Pão de Açúcar, anuncia redução de 20%
com relação ao ano passado.
Texto Anterior: Setor financeiro: Brasil tem cinco das 500 maiores marcas do segmento Próximo Texto: Inflação cai em fevereiro, dizem IBGE e Fipe Índice
|