UOL


São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Superávit comercial atua como "fiel da balança"

Déficit externo chega a seu menor nível em oito anos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O déficit em transações correntes, um dos principais indicadores da vulnerabilidade externa de um país, atingiu em fevereiro o nível mais baixo em oito anos, segundo o Banco Central. Nos últimos 12 meses, o déficit acumulado ficou em US$ 5,55 bilhões, o equivalente a 1,22% do PIB (Produto Interno Bruto). É o menor resultado desde fevereiro de 1995.
A queda no déficit externo é consequência dos resultados positivos alcançados recentemente pela balança comercial. Nos primeiros dois meses deste ano, as exportações superaram as importações em US$ 1,123 bilhão.
No mesmo período de 2002, o saldo foi de US$ 434 milhões. "A balança comercial vem dando um grande suporte para a conta de transações correntes", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
No mês passado, o déficit ficou em US$ 197 milhões. Neste mês, Lopes afirma que se deve registrar um pequeno superávit.
A conta de transações correntes é formada pela balança comercial (exportações menos importações), pela balança de serviços (viagens internacionais, gastos com juros e remessas de lucros, entre outros) e pelas transferências unilaterais (dinheiro enviado para o país por residentes no exterior, e vice-versa).
No Brasil, essa conta é tradicionalmente deficitária, devido ao grande volume de juros da dívida externa que o país paga. Assim, para compensar esse déficit, o país precisa atrair dólares, por meio de empréstimos ou de investimentos estrangeiros.
É por isso que o déficit em transações correntes é considerado um dos principais indicadores da vulnerabilidade externa: quanto maior for o déficit, de mais dólares o país vai precisar para fechar suas contas.
Portanto, na ocorrência de uma crise que afete o fluxo internacional de capitais, os países com déficit mais elevado são os que mais sofrem.
O BC projeta que, neste ano, o déficit em transações correntes vá ficar em US$ 4,2 bilhões, o que seria equivalente a 0,95% do PIB do período. Para que esse resultado seja alcançado, o BC espera que o superávit comercial chegue a US$ 16 bilhões.
A queda no déficit é reflexo da disparada do dólar ocorrida no ano passado. Graças à taxa de câmbio, as empresas brasileiras puderam exportar mais, pois seus produtos ficaram mais competitivos no exterior. Além disso, houve queda nas importações devido à alta do dólar e do crescimento econômico pequeno. Com isso, o saldo comercial se eleva, o que colabora para o equilíbrio das contas externas.


Texto Anterior: Economia bombardeada: Guerra pára investimentos estrangeiros
Próximo Texto: Abaixo de 900 pontos, risco atrairia captação
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.