|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Superávit comercial atua como "fiel da balança"
Déficit externo chega a seu menor nível em oito anos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O déficit em transações correntes, um dos principais indicadores da vulnerabilidade externa de
um país, atingiu em fevereiro o nível mais baixo em oito anos, segundo o Banco Central. Nos últimos 12 meses, o déficit acumulado ficou em US$ 5,55 bilhões, o
equivalente a 1,22% do PIB (Produto Interno Bruto). É o menor
resultado desde fevereiro de 1995.
A queda no déficit externo é
consequência dos resultados positivos alcançados recentemente
pela balança comercial. Nos primeiros dois meses deste ano, as
exportações superaram as importações em US$ 1,123 bilhão.
No mesmo período de 2002, o
saldo foi de US$ 434 milhões. "A
balança comercial vem dando um
grande suporte para a conta de
transações correntes", diz o chefe
do Departamento Econômico do
BC, Altamir Lopes.
No mês passado, o déficit ficou
em US$ 197 milhões. Neste mês,
Lopes afirma que se deve registrar
um pequeno superávit.
A conta de transações correntes
é formada pela balança comercial
(exportações menos importações), pela balança de serviços
(viagens internacionais, gastos
com juros e remessas de lucros,
entre outros) e pelas transferências unilaterais (dinheiro enviado
para o país por residentes no exterior, e vice-versa).
No Brasil, essa conta é tradicionalmente deficitária, devido ao
grande volume de juros da dívida
externa que o país paga. Assim,
para compensar esse déficit, o
país precisa atrair dólares, por
meio de empréstimos ou de investimentos estrangeiros.
É por isso que o déficit em transações correntes é considerado
um dos principais indicadores da
vulnerabilidade externa: quanto
maior for o déficit, de mais dólares o país vai precisar para fechar
suas contas.
Portanto, na ocorrência de uma
crise que afete o fluxo internacional de capitais, os países com déficit mais elevado são os que mais
sofrem.
O BC projeta que, neste ano, o
déficit em transações correntes vá
ficar em US$ 4,2 bilhões, o que seria equivalente a 0,95% do PIB do
período. Para que esse resultado
seja alcançado, o BC espera que o
superávit comercial chegue a US$
16 bilhões.
A queda no déficit é reflexo da
disparada do dólar ocorrida no
ano passado. Graças à taxa de
câmbio, as empresas brasileiras
puderam exportar mais, pois seus
produtos ficaram mais competitivos no exterior. Além disso, houve queda nas importações devido
à alta do dólar e do crescimento
econômico pequeno. Com isso, o
saldo comercial se eleva, o que colabora para o equilíbrio das contas externas.
Texto Anterior: Economia bombardeada: Guerra pára investimentos estrangeiros Próximo Texto: Abaixo de 900 pontos, risco atrairia captação Índice
|