UOL


São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Abaixo de 900 pontos, risco atrairia captação

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A equipe econômica deve esperar o risco-país ficar abaixo de 900 pontos básicos (o equivalente a nove pontos percentuais de juros acima da taxa dos papéis do Tesouro americano) para voltar a tomar empréstimos no exterior por meio da emissão de títulos da República.
O governo ainda não definiu a data nem o nível de risco-país ideal para retomar as captações no mercado internacional, mas avalia que 900 pontos básicos ainda seria caro, dadas as atuais perspectivas para a economia brasileira, consideradas positivas.
Analistas de mercado sugeriram nesta semana que o governo deveria avaliar a possibilidade de lançar títulos no exterior se o risco país caísse para 900 pontos. Ressaltaram que seria uma taxa mais alta do que a média paga historicamente pelo Brasil, mas que, diante das incertezas do cenário externo, seria saudável garantir mais recursos para as reservas internacionais agora.
A equipe econômica crê que o risco-país pode cair para 600 pontos, o que não significaria ter de esperar a taxa alcançar esse nível para emitir os papéis, ou seja, a captação poderia ser feita antes.
A avaliação dos técnicos do governo é que as boas notícias do cenário interno (como os crescentes saldos comerciais e o compromisso de maior aperto fiscal nas contas públicas) vêm se sobrepondo ao ambiente externo desfavorável e que esse quadro deve permanecer pelos próximos meses. Por isso, ressaltam, o risco-país tende a continuar em queda (ontem fechou em 1.025 pontos, com baixa de 1,63%) e o real a se valorizar em relação ao dólar.
No entanto a equipe econômica entende também que, se o ambiente externo se deteriorar ainda mais e as perspectivas para os mercados emergentes piorarem muito, uma taxa de 900 pontos pode não ser tão cara assim.
Um aspecto que chamou a atenção dos técnicos ontem, obviamente pelo lado negativo, foi o anúncio do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de que é preciso reestruturar a dívida externa do país. A primeira avaliação do governo brasileiro é que a notícia deva afetar pouco a taxa de risco do país, mas os técnicos sabem que o fato é ruim de todo modo para os mercados emergentes.
O ex-ministro e deputado Delfim Netto (PPB-SP) também entende que 900 pontos é uma taxa alta para o Brasil emitir títulos. "É caríssimo. Ele [o governo" nunca emitiu a essa taxa. Acredito que não haja nenhum papel brasileiro que tenha sido emitido a essa taxa", disse à Folha.


Texto Anterior: Déficit externo chega a seu menor nível em oito anos
Próximo Texto: Investidor continua na Bolsa e nos títulos
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.