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Abaixo de 900 pontos,
risco atrairia captação
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A equipe econômica deve esperar o risco-país ficar abaixo de 900
pontos básicos (o equivalente a
nove pontos percentuais de juros
acima da taxa dos papéis do Tesouro americano) para voltar a
tomar empréstimos no exterior
por meio da emissão de títulos da
República.
O governo ainda não definiu a
data nem o nível de risco-país
ideal para retomar as captações
no mercado internacional, mas
avalia que 900 pontos básicos ainda seria caro, dadas as atuais perspectivas para a economia brasileira, consideradas positivas.
Analistas de mercado sugeriram nesta semana que o governo
deveria avaliar a possibilidade de
lançar títulos no exterior se o risco
país caísse para 900 pontos. Ressaltaram que seria uma taxa mais
alta do que a média paga historicamente pelo Brasil, mas que,
diante das incertezas do cenário
externo, seria saudável garantir
mais recursos para as reservas internacionais agora.
A equipe econômica crê que o
risco-país pode cair para 600 pontos, o que não significaria ter de
esperar a taxa alcançar esse nível
para emitir os papéis, ou seja, a
captação poderia ser feita antes.
A avaliação dos técnicos do governo é que as boas notícias do cenário interno (como os crescentes
saldos comerciais e o compromisso de maior aperto fiscal nas contas públicas) vêm se sobrepondo
ao ambiente externo desfavorável
e que esse quadro deve permanecer pelos próximos meses. Por isso, ressaltam, o risco-país tende a
continuar em queda (ontem fechou em 1.025 pontos, com baixa
de 1,63%) e o real a se valorizar em
relação ao dólar.
No entanto a equipe econômica
entende também que, se o ambiente externo se deteriorar ainda
mais e as perspectivas para os
mercados emergentes piorarem
muito, uma taxa de 900 pontos
pode não ser tão cara assim.
Um aspecto que chamou a atenção dos técnicos ontem, obviamente pelo lado negativo, foi o
anúncio do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de que é preciso
reestruturar a dívida externa do
país. A primeira avaliação do governo brasileiro é que a notícia
deva afetar pouco a taxa de risco
do país, mas os técnicos sabem
que o fato é ruim de todo modo
para os mercados emergentes.
O ex-ministro e deputado Delfim Netto (PPB-SP) também entende que 900 pontos é uma taxa
alta para o Brasil emitir títulos. "É
caríssimo. Ele [o governo" nunca
emitiu a essa taxa. Acredito que
não haja nenhum papel brasileiro
que tenha sido emitido a essa taxa", disse à Folha.
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