São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 2006

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INTEGRAÇÃO

Venezuelano pede pressa aos negociadores e diz que Alca foi derrotada; Meirelles fala em integração financeira

Chávez quer acelerar entrada no Mercosul

CÍNTIA CARDOSO
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, declarou que o processo de entrada do país no Mercosul já está avançando bem e que solicitou pessoalmente que os negociadores venezuelanos concluam o mais rápido possível os trâmites técnicos para a admissão da economia venezuelana ao bloco sul-americano.
De acordo com Chávez, o Mercosul (formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e que completou 15 anos anteontem) é uma ferramenta fundamental para a integração das economias desses países e para a formação de um bloco "forte" com uma estratégia política adequada e coordenada para enfrentar as pressões de forças hegemônicas (leia-se os Estados Unidos).
No discurso de encerramento do "Seminário Internacional de Integração Regional" realizado na sexta-feira em Caracas, Chávez afirmou que a idéia de criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) foi completamente "derrotada". Isso, avaliou, será benéfico para a América Latina, já que a Alca tragaria todos os países americanos que ainda estão em fase de desenvolvimento.
O presidente venezuelano afirmou, entretanto, que os países da região devem ficar alertas, pois a estratégia do "império" (os EUA) está em "mutação". Ou seja, diante do impasse para a constituição da Alca, os EUA estão se lançando na formação de acordos bilaterais com os países americanos. "Esses tratados são punhaladas no comércio [da região]", afirmou.
O presidente da Venezuela disse também que caso o Uruguai, que tem sido cortejado para fazer um acordo comercial com os EUA, leve adiante esse projeto, isso significaria uma "punhalada no coração do Mercosul".
Sobre a integração regional via "Banco do Sul", Chávez argumentou que "os benefícios da concretização dessa idéia se perdem de vista".
O banco exerceria um papel misto de ser o Banco Central dos bancos centrais da América Latina e também um órgão de fomento com a função de ser uma fonte independente de capitais, sobretudo em momentos em que a região passasse por crises externas.
Ainda a respeito do tema, o venezuelano disse que em conversas recentes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o brasileiro se mostrou animado com o projeto de formação desse banco.

Meirelles
O presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, presente ao seminário em Caracas, disse na sexta-feira, em discurso, que, graças à estabilidade econômica, o Brasil está pronto para o "avanço da integração [financeira] regional".
Quanto ao ritmo de integração, Meirelles afirmou que "inexiste uma velocidade ótima ou hierarquização de ações de desenvolvimento de sistemas financeiros locais e sua conseqüente integração com o mercado internacional".
Já os representantes dos BCs da Venezuela e da Argentina enfatizaram que a criação do "Banco do Sul" deveria ser uma das prioridades da agenda de integração da região. O banco exerceria um papel misto de ser o BC dos BCs da América Latina e também um órgão de fomento com a função de ser uma fonte independente de capitais, sobretudo em momentos de crises externas.
Na avaliação de Luis Consiglia, diretor do Banco Central da Argentina, o banco é "um projeto para desenvolver a infra-estrutura da América Latina". Segundo ele, "o Banco do Sul é uma necessidade clara. Falta apenas que os presidentes tomem essa decisão".
A idéia já havia sido lançada há cerca de um ano numa declaração conjunta dos presidentes da Argentina, do Brasil e da Venezuela.
Diferentemente de seus colegas que fizeram declarações à imprensa, Meirelles não concedeu entrevista para os jornalistas presentes ao evento em Caracas. De acordo com a assessoria do BC, Meirelles tinha espaço na agenda para falar com a imprensa.


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