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INTEGRAÇÃO
Venezuelano pede pressa aos negociadores e diz que Alca foi derrotada; Meirelles fala em integração financeira
Chávez quer acelerar entrada no Mercosul
CÍNTIA CARDOSO
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, declarou que o processo de entrada do país no Mercosul
já está avançando bem e que solicitou pessoalmente que os negociadores venezuelanos concluam
o mais rápido possível os trâmites
técnicos para a admissão da economia venezuelana ao bloco sul-americano.
De acordo com Chávez, o Mercosul (formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e que
completou 15 anos anteontem) é
uma ferramenta fundamental para a integração das economias
desses países e para a formação de
um bloco "forte" com uma estratégia política adequada e coordenada para enfrentar as pressões
de forças hegemônicas (leia-se os
Estados Unidos).
No discurso de encerramento
do "Seminário Internacional de
Integração Regional" realizado na
sexta-feira em Caracas, Chávez
afirmou que a idéia de criação da
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas) foi completamente
"derrotada". Isso, avaliou, será
benéfico para a América Latina, já
que a Alca tragaria todos os países
americanos que ainda estão em
fase de desenvolvimento.
O presidente venezuelano afirmou, entretanto, que os países da
região devem ficar alertas, pois a
estratégia do "império" (os EUA)
está em "mutação". Ou seja, diante do impasse para a constituição
da Alca, os EUA estão se lançando
na formação de acordos bilaterais
com os países americanos. "Esses
tratados são punhaladas no comércio [da região]", afirmou.
O presidente da Venezuela disse
também que caso o Uruguai, que
tem sido cortejado para fazer um
acordo comercial com os EUA, leve adiante esse projeto, isso significaria uma "punhalada no coração do Mercosul".
Sobre a integração regional via
"Banco do Sul", Chávez argumentou que "os benefícios da
concretização dessa idéia se perdem de vista".
O banco exerceria um papel
misto de ser o Banco Central dos
bancos centrais da América Latina e também um órgão de fomento com a função de ser uma fonte
independente de capitais, sobretudo em momentos em que a região passasse por crises externas.
Ainda a respeito do tema, o venezuelano disse que em conversas
recentes com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o brasileiro se
mostrou animado com o projeto
de formação desse banco.
Meirelles
O presidente do Banco Central
brasileiro, Henrique Meirelles,
presente ao seminário em Caracas, disse na sexta-feira, em discurso, que, graças à estabilidade
econômica, o Brasil está pronto
para o "avanço da integração [financeira] regional".
Quanto ao ritmo de integração,
Meirelles afirmou que "inexiste
uma velocidade ótima ou hierarquização de ações de desenvolvimento de sistemas financeiros locais e sua conseqüente integração
com o mercado internacional".
Já os representantes dos BCs da
Venezuela e da Argentina enfatizaram que a criação do "Banco do
Sul" deveria ser uma das prioridades da agenda de integração da região. O banco exerceria um papel
misto de ser o BC dos BCs da
América Latina e também um órgão de fomento com a função de
ser uma fonte independente de
capitais, sobretudo em momentos de crises externas.
Na avaliação de Luis Consiglia,
diretor do Banco Central da Argentina, o banco é "um projeto
para desenvolver a infra-estrutura da América Latina". Segundo
ele, "o Banco do Sul é uma necessidade clara. Falta apenas que os
presidentes tomem essa decisão".
A idéia já havia sido lançada há
cerca de um ano numa declaração
conjunta dos presidentes da Argentina, do Brasil e da Venezuela.
Diferentemente de seus colegas
que fizeram declarações à imprensa, Meirelles não concedeu
entrevista para os jornalistas presentes ao evento em Caracas. De
acordo com a assessoria do BC,
Meirelles tinha espaço na agenda
para falar com a imprensa.
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