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Consignado e queda da Selic reduzem taxa média de juros
Bancos cobraram em média 39,7% ao ano de clientes em fevereiro, menor índice da série histórica iniciada em 2000
BC diz que taxa era "alta demais" e agora é só "alta'; empréstimo pessoal médio atinge 73,8%, enquanto consignado fica em 32,5%
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados nos empréstimos bancários atingiram
o nível mais baixo em quase sete anos, segundo levantamento
feito pelo Banco Central. Entre
janeiro e fevereiro, a taxa média praticada pelos bancos passou de 39,9% ao ano para
39,7%, a menor desde julho de
2000, quando teve início a série
estatística do BC. Apesar disso,
a taxa ainda é alta comparada a
de outros países emergentes.
Esse movimento foi influenciado por dois fatores principais: a recente queda da taxa
Selic e a maior procura por empréstimos com desconto em folha de pagamento.
No primeiro caso, os cortes
na Selic reduzem o custo de
captação dos bancos no mercado -a taxa básica é o principal
parâmetro. Se esse custo é menor, a taxa cobrada dos devedores também pode ser menor.
Já o chamado crédito consignado ajuda a puxar para baixo a
taxa média no mercado. Enquanto os bancos cobram juros
médios de 73,8% ao ano em um
empréstimo pessoal comum, a
taxa com desconto em folha é
de 32,5% ao ano.
No mês passado, segundo dados do BC, os financiamentos
com desconto em folha disponíveis no país somavam R$ 50,5
bilhões, ou 25% dos empréstimos oferecidos pelos bancos
-descontados os créditos cujos
juros são controlados pelo governo, como o financiamento
habitacional.
Graças a essa expansão, os juros cobrados de pessoas físicas
têm caído mais rapidamente.
Entre janeiro e fevereiro, a taxa
média dessas modalidades de
crédito caiu de 52,3% ao ano
para 51,7%. Nos empréstimos a
empresas, os juros recuaram de
26,2% ao ano para 26,0%.
Mesmo com essas quedas,
não se pode dizer que o custo de
um empréstimo no Brasil é baixo. "Antes [a taxa] era alta demais, hoje ela é só alta", diz o
chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Para a Febraban (Federação
Brasileira dos Bancos), os números indicam que as perspectivas para o crédito são positivas. "O cenário de redução da
taxa básica de juros e a estabilidade do cenário macroeconômico contribuem para a expansão do volume de crédito,
acompanhado por menores taxas de juros dos empréstimos e
alongamento dos prazos", diz a
entidade, por meio de nota.
De fato, o volume de crédito
disponível no país continua a
crescer. Em fevereiro, o saldo
total chegou a R$ 747,4 bilhões,
alta de 1,1% sobre janeiro.
Mais crédito na economia é
um grande estímulo ao consumo e à atividade econômica.
Por outro lado, os novos números do PIB (Produto Interno
Bruto) divulgados na semana
passada mostram que o peso do
crédito na economia brasileira
é menor do que se imaginava, o
que distancia ainda mais o país
da média internacional.
Pela nova metodologia do IBGE, o valor do PIB brasileiro
cresceu, o que significa que a
relação entre crédito e PIB medida até agora estava supervalorizada. Segundo os dados antigos, essa proporção estava em
34,6% em fevereiro, nível mais
alto em 11 anos, embora distante dos 70% observados em outras economias emergentes.
Com a revisão do PIB, a sua
relação com o crédito também
deve ser alterada. O nível atual
dessa proporção, segundo os
novos números do PIB, ainda
não foi divulgado pelo BC.
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