São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2007

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Consignado e queda da Selic reduzem taxa média de juros

Bancos cobraram em média 39,7% ao ano de clientes em fevereiro, menor índice da série histórica iniciada em 2000

BC diz que taxa era "alta demais" e agora é só "alta'; empréstimo pessoal médio atinge 73,8%, enquanto consignado fica em 32,5%


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros cobrados nos empréstimos bancários atingiram o nível mais baixo em quase sete anos, segundo levantamento feito pelo Banco Central. Entre janeiro e fevereiro, a taxa média praticada pelos bancos passou de 39,9% ao ano para 39,7%, a menor desde julho de 2000, quando teve início a série estatística do BC. Apesar disso, a taxa ainda é alta comparada a de outros países emergentes.
Esse movimento foi influenciado por dois fatores principais: a recente queda da taxa Selic e a maior procura por empréstimos com desconto em folha de pagamento.
No primeiro caso, os cortes na Selic reduzem o custo de captação dos bancos no mercado -a taxa básica é o principal parâmetro. Se esse custo é menor, a taxa cobrada dos devedores também pode ser menor.
Já o chamado crédito consignado ajuda a puxar para baixo a taxa média no mercado. Enquanto os bancos cobram juros médios de 73,8% ao ano em um empréstimo pessoal comum, a taxa com desconto em folha é de 32,5% ao ano.
No mês passado, segundo dados do BC, os financiamentos com desconto em folha disponíveis no país somavam R$ 50,5 bilhões, ou 25% dos empréstimos oferecidos pelos bancos -descontados os créditos cujos juros são controlados pelo governo, como o financiamento habitacional.
Graças a essa expansão, os juros cobrados de pessoas físicas têm caído mais rapidamente. Entre janeiro e fevereiro, a taxa média dessas modalidades de crédito caiu de 52,3% ao ano para 51,7%. Nos empréstimos a empresas, os juros recuaram de 26,2% ao ano para 26,0%.
Mesmo com essas quedas, não se pode dizer que o custo de um empréstimo no Brasil é baixo. "Antes [a taxa] era alta demais, hoje ela é só alta", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Para a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), os números indicam que as perspectivas para o crédito são positivas. "O cenário de redução da taxa básica de juros e a estabilidade do cenário macroeconômico contribuem para a expansão do volume de crédito, acompanhado por menores taxas de juros dos empréstimos e alongamento dos prazos", diz a entidade, por meio de nota.
De fato, o volume de crédito disponível no país continua a crescer. Em fevereiro, o saldo total chegou a R$ 747,4 bilhões, alta de 1,1% sobre janeiro.
Mais crédito na economia é um grande estímulo ao consumo e à atividade econômica.
Por outro lado, os novos números do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados na semana passada mostram que o peso do crédito na economia brasileira é menor do que se imaginava, o que distancia ainda mais o país da média internacional.
Pela nova metodologia do IBGE, o valor do PIB brasileiro cresceu, o que significa que a relação entre crédito e PIB medida até agora estava supervalorizada. Segundo os dados antigos, essa proporção estava em 34,6% em fevereiro, nível mais alto em 11 anos, embora distante dos 70% observados em outras economias emergentes.
Com a revisão do PIB, a sua relação com o crédito também deve ser alterada. O nível atual dessa proporção, segundo os novos números do PIB, ainda não foi divulgado pelo BC.


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