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Juro cai menos que custo de captação dos bancos
Já o "spread" subiu de 27,4 pontos percentuais para 27,6 de janeiro a fevereiro
Aumento da inadimplência é citado como motivo que impede queda maior nos juros dos empréstimos
da rede bancária
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A queda dos juros bancários
nos últimos meses teria sido
maior se os bancos tivessem repassado totalmente aos devedores o alívio proporcionado
pela redução da taxa Selic. Mas,
em fevereiro, pelo segundo mês
seguido, isso não ocorreu.
Segundo pesquisa do Banco
Central, o custo de captação
dos bancos caiu de 12,5% ao
ano para 12,1% entre janeiro e
fevereiro. Ou seja, o custo para
captar recursos no mercado
caiu 0,4 ponto percentual, e, se
não fosse a influência de nenhum outro fator, seria de esperar que os juros cobrados nos
empréstimos caíssem na mesma magnitude.
Mas, no mês passado, os juros bancários caíram somente
0,2 ponto percentual. Isso porque parte dos ganhos com o
menor custo de captação não
foi repassada aos clientes, e sim
apropriada pelos bancos, por
meio do chamado "spread".
O "spread" serve para reforçar o lucro dos bancos e cobrir
despesas como administrar
suas carteiras de crédito -pagamento de funcionários, manutenção de agências e gastos
com impostos, por exemplo.
Entre janeiro e fevereiro, o
"spread" médio praticado no
mercado subiu de 27,4 pontos
percentuais para 27,6 pontos.
Isso significa que, mesmo que
os bancos tivessem um custo de
captação igual a zero, ainda assim seriam cobrados juros de
27,6% ao ano daqueles que quisessem contrair uma dívida.
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir
Lopes, não se deve esperar que
a redução da taxa Selic favoreça
uma queda mais acelerada do
"spread" bancário. "Com tudo
mais constante, o "spread" nem
deveria cair", diz Lopes.
Segundo o funcionário do
BC, não existe relação entre o
nível da taxa Selic e o "spread",
pois o "spread" é influenciado
somente pelos custos arcados
pelos bancos. Entre setembro
de 2005 e o mês passado, a Selic
caiu de 19,75% ao ano para 13%.
No mesmo período, o "spread"
bancário passou de 29,4 pontos
para 27,6 pontos.
Lei de Falências
Nesse período, o governo tomou várias iniciativas para tentar reduzir o "spread", como a
nova Lei de Falências, de 2005.
Na época, argumentava-se que
ela facilitaria a cobrança de dívidas por parte dos bancos e poderia ajudar a baratear o crédito. Entre setembro de 2005 e
fevereiro deste ano, o "spread"
caiu de 29,4 para 27,6 pontos.
Para Lopes, o efeito de medidas como essa ainda devem ser
sentidas com o tempo. Ele reconhece que "o "spread" não
caiu com a intensidade que se
imaginava", mas credita o fenômeno às características da recente de expansão do crédito.
Segundo esse raciocínio, a
maior procura por empréstimos tem ocorrido, de forma
mais forte, entre micro e pequenas empresas e consumidores que não tinham o hábito de
contrair dívidas. E, para emprestar a quem não tem cadastro que possa atestar sua capacidade de pagar suas contas em
dia, os bancos estariam cobrando "spreads" mais elevados, para compensar o risco.
Uma maneira de medir esse
maior risco seria o nível de inadimplência. Em setembro de
2005, segundo o BC, 4,1% dos
financiamentos liberados pelos
bancos estavam com parcelas
atrasadas por ao menos 90 dias.
No mês passado, eram 4,9%.
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